quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MINISTRA HUMILHOU INSPEÇÃO DE FINANÇAS DE CABO VERDE EM REUNIÃO INTERNACIONAL


Por onde passa, Cristina Duarte cria mal-estar...

LIBERAL

Ministra arma “bronca” em conferência da CPLP

O despautério da ministra provocou grande constrangimento entre os participantes, originando mesmo protestos e relatórios transmitidos aos governos dos respectivos países, pondo em causa, inclusive, a cooperação da IGF portuguesa com a congénere cabo-verdiana

Praia, 23 de Novembro 2011 – Os rumores circulavam por aí, no próprio Ministério das Finanças e do Plano o tema anda de boca em boca… Tudo a propósito da intervenção de Cristina Duarte na abertura da IV Conferência Anual dos Organismos Estratégicos de Controlo Interno da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realizou na cidade da Praia, de 14 a 16 de Novembro.

Com a participação de todas as inspecções de finanças dos países lusófonos, a conferência reúne anualmente desde há quatro anos, numa lógica de organização alfabética. Este ano foi a vez de Cabo Verde, no próximo é a Guiné-Bissau que acolhe o evento.

A conferência da Praia, para além, naturalmente, do país organizador, contou com a presença de representantes de Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste que, surpresos e indignados, ouviram a intervenção de abertura da ministra das Finanças e do Plano de Cabo Verde.

Cristina Duarte, segundo a opinião de vários participantes contactados por Liberal, “apresentou-se com uma pose arrogante e antipática, pouco consentânea com alguém que era suposto dar as boas vindas aos delegados” e, desde logo, esclareceu a audiência que “não ia faz discurso de abertura e nem de encerramento, mas sim ter conversas”, refere ainda a nossa fonte.

De seguida, naquilo que foi considerado “uma deselegância e um lavar de roupa suja”, a ministra tratou de qualificar o controlo interno da Inspecção Geral de Finanças (IGF) de Cabo Verde de “insatisfatório, insuficiente e ineficaz”, acusando ainda este organismo público – por ela tutelado – de “não ter liderado nenhum processo de reforma” e que precisa de “um plano de reestruturação”, ou mesmo de um “plano de resgate”, perante a incredulidade de todos os presentes, que nunca haviam visto uma ministra zurzir numa conferência internacional uma instituição do seu próprio país e, ainda para mais, sob a sua tutela.

Ainda segundo uma das nossas fontes, Cristina Duarte “pôs a IGF numa situação melindrosa perante a família do controlo da CPLP, numa altura em que a instituição precisava de uma injecção de motivação”, expondo-a à humilhação de ser “desfeiteada num fórum internacional, dando de Cabo Verde e de si própria uma péssima imagem”.

Mas Cristina Duarte, segundo uma outra fonte, foi ainda mais longe, porquanto a ministra das Finanças de Cabo verde pôs em causa a diplomacia da CPLP, ao fazer um ataque indirecto à inspecção portuguesa que, nos últimos 22 anos, tem colaborado com a IGF cabo-verdiana na formação de técnicos ‘on job’, na elaboração de guiões e manuais, tendo deitado toda a cooperação e colaboração água abaixo”, apesar de ela própria ter assinado há quatro anos, enfatizando na altura o acontecimento, o acordo de cooperação técnica como o Ministério das Finanças de Portugal. Aliás, Liberal soube que o inspector-geral, logo que regressou ao seu país, teve ocasião de reportar o ocorrido à sua tutela, o que alimentou ainda mais o clima de constrangimento que se tem vindo a avolumar em Portugal em relação à ministra cabo-verdiana, porque, segundo fonte do ministério português, “Cristina Fontes tem o nariz muito empinado, deveria ter mais humildade, ainda para mais quando se sabe que Cabo Verde depende da ajuda internacional para poder sobreviver”…

PARTICIPANTES REPROVAM ATITUDE DE CRISTINA

Raul Viana, o inspector-geral de Finanças de São Tomé e Príncipe, ainda segundo as nossas fontes, “considerou inadmissível a postura da ministra, tendo afirmado que ela sacudiu a água do capote e, perguntou o que Cristina Duarte fez durante esse período, se a instituição está fragilizada, qual a quota-parte da ministra”. Mais, o inspector-geral angolano, Artur Neínda, “considera a intervenção da ministra como uma afronta à família do controlo da CPLP, afirmando que, caso fosse em Angola, faria uma participação ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro”, adiantando mesmo que, apesar de no quadro da cooperação não haver mecanismos que levem a esse desiderato, “em todo o caso faria chegar a preocupação às autoridades angolanas, que deverão contactar as autoridades cabo-verdianas sobre o incidente diplomático criado”. Já para Leite Martins, o inspector português – e ainda segundo uma fonte – “a titular da pasta das finanças foi infelicíssima na sua intervenção” e “completamente desprovida de bom senso”

PRESIDENTE DO TC “PUXA ORELHAS” À MINISTRA

Aliás, o ambiente de animosidade em relação a Cristina Duarte ficou bem patente na intervenção final, proferida pelo presidente do Tribunal de Contas (TC). É que José Carlos Delgado, contrariando a opinião da ministra sobre os serviços que ela própria tutela, considerou a cooperação e complementaridade nas acções entre a IGF e TC como ponto forte, criticando ainda os políticos que exigem mas não dão as necessárias condições financeiras, humanas e materiais e, para concluir, disse que a IGF tem um papel de coordenador do sistema nacional do controlo interno conferido por lei, e que tal não pode ser retirado por birra ou má vontade de políticos que não têm sensibilidade – o que foi considerado uma “indirecta” à ministra.

Cristina Duarte, para além dos constrangimentos criados dentro do seu próprio ministério, por razão da sua” arrogância, irascibilidade e repentina mudança de humores”, segundo nos referiu um funcionário das Finanças, tem uma péssima relação com o governador do Banco de Cabo Verde (BCV), por razões pessoais e decorrente do quadro de avaliação das finanças públicas do BCV, instigando esse estado de espírito para a sua equipa, o que levou Carlos Burgo a, recentemente, convidar os representantes do Ministério das Finanças, encabeçados por Esana Carvalho, a abandonar a sala de reuniões do BCV.

Curiosamente - e apesar do desconforto que as declarações da ministra provocaram na conferência, acrescido de vários inspectores terem sido entrevistados por jornalistas -, nada, até hoje, havia transpirado na imprensa. Há muros de silêncios, aparentemente, incompreensíveis…

1 comentário:

Anónimo disse...

A mulher sempre teve mau feitio mesmo

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