Emprego para os jovens, protesto contra uma decisão do Tribunal Constitucional e apuramento das responsabilidades pelo massacre de 27 de maio de 1977, são algumas das reivindicações dos manifestantes.
O próximo sábado (05.11) será palco de duas manifestações em Luanda. A primeira delas, é organizada por jovens do partido FNLA, Frente Nacional de Libertação de Angola.
A marcha inicia-se no cemitério de Santa Ana, seguindo até o Largo de Maianga, local onde será elaborado um abaixo assinado a ser enviado ao presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
Entre as reivindicações está a decisão do Tribunal Constitucional que retirou Ngola Kabangu da presidência da FNLA. Os "militantes não aceitam esta decisão", afirma Pedro Gongoto, dirigente do partido.
"Em 2008 a FNLA partiu para as eleições, o tribunal reconheceu e credenciou o Congresso que elegeu Ngola Kabangu como presidente. Depois das eleições o mesmo tribunal vem e manda dizer que não seria Ngola Kabangu, que agora é Lucas Ngonda. Não, o tribunal não tem que decidir quem será o presidente do partido, são os militantes que tem o dever de eleger seus próprios presidentes".
Os jovens também vão reivindicar mais empregos, mais democracia e pedir que os ex-militantes da ELNA, braço armado da FNLA, recebam pensão de reforma.
Família das vítimas do 27 de maio pedem justiça
No Largo da Independência, a partir das 13 horas, sobreviventes e parentes de vítimas do 27 de maio 1977, vão exigir a abertura de inquérito para que se investiguem as milhares de mortes decorrentes de manifestações contra o governo daquela época. As manifestações foram consideradas uma tentativa de golpe militar pelas autoridades angolanas.
O presidente da "Fundação 27 de Maio", Silva Mateus, que sobreviveu ao massacre, gostaria de ver solucionada também " a entrega das ossadas das pessoas que foram consideradas responsáveis pelas manifestações. Paradoxalmente essas pessoas, hoje, foram elevadas à categoria de generais de quatro estrelas. Nós ficamos surpresos. Como é que indivíduos que foram fuzilados por traição, por desvio da linha política, passados 20 anos são elevados a generais e seus restos mortais não aparecem?”
Silva Mateus salienta que a "Fundação 27 de Maio" luta para que os militares de diversos movimentos pela independência de Angola sejam integrados nas Forças Armadas para receber a pensão de reforma.
“Não tem essa pensão de reforma, independente ter feito todo um trabalho. Nós estamos à espera, há sete anos que não há a pensão de reforma do governo. Estamos agora a lutar por todos os elementos que foram militares, sejam eles do MPLA, da UNITA, da FNLA, e de todos os outros movimentos que tenham lutado para esta independência, porque o MPLA, que nos governa, conseguiu dividir-nos, beneficiou meia dúzia de indivíduos e o grosso está aqui à deriva."
A manifestação deste sábado, será a primeira de muitas. "Todos os sábados vamos fazer manifestações até que o governo dialogue e resolva connosco estas questões, nem que demore um ou dois anos".
Autor: Sansara Buriti - Edição: Helena de Gouveia/António Rocha
Sem comentários:
Enviar um comentário