quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Recifes artificiais na Ilha do Sal estuda benefícios dessas estruturas para o meio ambiente




CSR - LUSA

Lisboa, 10 nov (Lusa) -- A criação de dois recifes artificiais na Baía de Santa Maria, em Cabo Verde, projeto levado a cabo por um grupo de portugueses, mostrou que esta ação é benéfica para o meio ambiente, disse hoje um responsável do projeto.

"O resultado, ao fim desses anos, é que, de facto, a comunidade animal e bentónica (organismos que vivem no substrato de fundo de ecossistemas aquático) é muito semelhante aos dos recifes naturais mais próximos", disse a Agência Lusa Miguel Tiago Oliveira, biólogo que também trabalha no Oceanário de Lisboa.

Dois navios foram afundados na Baía de Santa Maria, na Ilha do Sal, com o objetivo de se criarem recifes artificiais, no âmbito do projeto intitulado "Rebuilding Nature: Recifes Artificiais em Cabo Verde", numa iniciativa que teve seu começo entre 2006 e 2007.

"O objetivo do projeto era provar, ou dar algumas pistas, se o afundamento destes tipos de estruturas (navios) em determinada zona é benéfica ou não para o ambiente. É aqui que entra a ciência", referiu o biólogo.

"O que nós fizemos foi acompanhar um recife que tinha dois anos (em 2006) e um (navio) que tinha acabado de ser colocado na água (em 2008), fazendo a monitorização do que lá ia aparecendo", sublinhando que a fauna e a flora foram evoluindo e exemplares foram recolhidos para pesquisa.

Esses recifes artificiais, segundo o biólogo, aumentam a proteção dos recifes naturais, pois dividem a pressão dos turistas e mergulhadores entre essas estruturas.

Oliveira declarou também que "os operadores de mergulho que se instalam (na região) geram receita para a comunidade", desenvolvendo ainda mais a vertente turística da ilha.

"Se tiveram o cuidado de manter essa riqueza, de forma sustentável, a comunidade ganha e ganham todos", argumentou.

Miguel Tiago Oliveira disse ainda que dois artigos científicos sobre a monitorização desses recifes já foram publicados e outros três ainda estão por sair.

"Com esse estudo, a Direção-Geral do Ambiente de Cabo Verde poderá ou não, no seu entender, promover a criação de novos recifes em outros locais, de forma coordenada", disse, insistindo que é necessário controle e ordenamento.

O projeto desse grupo de portugueses terá continuidade se o governo cabo-verdiano decidir ampliar o projeto para outras zonas.

O "Rebuilding Nature: Recifes Artificiais em Cabo Verde", que foi orçado em 400 mil euros, tem ainda a participação do maior especialista em recifes artificiais da Europa, o português Miguel Neves dos Santos.

Várias empresas têm contribuído para o desenvolvimento deste projeto, como a Soltrópico e a Manta Diving Center.

*Foto em Lusa

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