Aniceto Guterres |
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Díli, 11 nov (Lusa) - O líder da bancada parlamentar da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (FRETILIN, oposição), Aniceto Guterres, disse hoje que o seu partido não apoia o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2012 apresentado na quarta-feira pelo Governo no parlamento.
"Este OGE 2012, além de irrealista, e à imagem dos anteriores orçamentos, não tem credibilidade e é um orçamento para fazer festas e para saldar dívidas. A bancada da FRETILIN não dará o seu apoio a este tipo de orçamentos", afirmou Aniceto Guterres, sem, no entanto, especificar se o partido vai votar contra o Orçamento ou abster-se.
Segundo o deputado, o orçamento para 2012 apresenta um aumento de 35 por cento em relação ao de 2011, mas é feito "numa situação de incerteza e onde não há um bom sistema de controlo e gestão das finanças públicas".
"Há um aumento considerável do orçamento, mas dada a mínima capacidade de absorção, todo o dinheiro voa, 70 por cento, para fora do país, ficando dentro do país apenas 30 por cento", disse.
Para Aniceto Guterres, de "ano para ano o dinheiro vem aumentando somente para engordar os corruptores".
Na sua alocução no parlamento, o líder da bancada da FRETILIN deixou também críticas ao trabalho do Governo timorense, sublinhando que o dinheiro gasto não "trouxe qualquer impacto à vida quotidiana do povo".
Segundo o deputado, o número de jovens desempregados continua a aumentar, o setor agrícola não tem produtividade, as estradas continuam em más condições, a população continua sem acesso a água potável e luz elétrica permanente e o investimento na saúde e educação é ínfimo.
"As desigualdades no seio da sociedade estão a aumentar cada vez mais porque a maioria do povo está a empobrecer cada vez mais. Enquanto um grupo minúsculo com acesso facilitado e sabendo aproveitar-se, ou sabendo roubar, está a enriquecer ilicitamente e a ficar cada vez mais gordo", acusou.
A FRETILIN disse também estar preocupada com a execução orçamental, sublinhando que o Governo não o vai conseguir executar devido ao calendário eleitoral, que prevê a realização de eleições legislativas em junho.
"Isto só pode significar que o governo não fez um orçamento realista, e pode comprometer o novo governo que a curto prazo aparecerá como resultado das próximas eleições. Talvez o orçamento para a campanha eleitoral tenha em vista favorecer a vitória de algum partido?", questionou Aniceto Guterres.
A votação final do Orçamento do Estado está marcada para 25 de novembro.
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