quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A DÚVIDA DA SAÍDA DE PORTUGAL DO EURO



Carlos Fonseca - Aventar

Determinados comentadores, em especial blasfemos, são permanentes e fiéis seguidores das tradições da doutrina maniqueísta. Usando argumentos simplistas, tudo o que vem das suas hostes políticas é Bom; o proveniente do lado contrário é Mau. Não se libertam deste subjectivismo.

Com o título “A culpa é do euro!…”, este texto mistura a eito, e sem nexo, uma série de conceitos que vão do ‘upgrade’ da cadeia de valor industrial – de um tecido industrial depauperado e limitado à Autoeuropa e pouco mais – até aos ‘empresários de vão de escada’. O arsenal utilizado, sem consistência, vale para visar criticamente o Prof. João Ferreira do Amaral, académico que, faça-se justiça, desde sempre reprovou a adesão de Portugal ao euro.

A certa altura, LR alega:

O que mais impressiona nestas reiteradas declarações de Ferreira do Amaral, é constatar que persistem economistas do 1º Mundo a defender para os seus países o modelo das desvalorizações competitivas.

Ah persistem, persistem! E ainda hoje persistiu mais um, Michael Spence, Nobel de 2011, a juntar-se a outros dois companheiros também laureados, Stiglitz e Krugman, ambos admitindo há muito a possibilidade da saída do ‘euro’ de países como Portugal e Grécia; ou até mesmo a extinção da moeda europeia.

E as razões invocadas, nada têm a ver com cadeias de valor nacionais ou coisas do género, porque não se trata de pequeno e local problema de ordem económica. É o resultado da política de criação de uma unidade monetária, sem a componente complementar da unidade fiscal e objectivos de coesão económica. Sem se ter posto a hipótese do fenómeno – o Tratado de Maastricht demonstra a falha – de, num ápice, a globalização impulsionar os BRIC para o domínio da economia mundial – o Brasil, por exemplo, já deixou para trás o Reino Unido que, todavia, usa como moeda a libra esterlina e não o euro. A Europa, velha e em decadência, dificilmente recuperará o estatuto anterior.

*Vídeo em Aventar


Sem comentários:

Mais lidas da semana