domingo, 29 de janeiro de 2012

Brasil: Fórum Social termina com a convocação de protesto mundial



Angola Press

Porto Alegre - O fórum social terminou neste domingo no Brasil com a convocação de um grande protesto mundial em Junho deste ano, que terá por objectivo pressionar por medidas contundentes contra a crise e por resultados na cúpula Rio mais 20 da ONU.

Os movimentos sociais convocaram na cidade de Porto Alegre os cidadãos a "tomarem as ruas no dia 5 de Junho", num protesto global contra o capitalismo e uma defesa da justiça social e ambiental.

Também lançaram a "Cúpula dos Povos", que reunirá as organizações sociais paralelamente à reunião da ONU no Rio de Janeiro, e pediram uma verdadeira pressão dos cidadãos para que o evento mundial não termine com uma mera "ecologização do capitalismo".

A Rio mais 20, a quarta grande cúpula do desenvolvimento sustentável da história desde 1972, deve reunir em Junho presidentes de todo o mundo, convocados a se comprometer com uma "economia verde" e social. Mas os movimentos sociais consideram que a proposta é "insuficiente" e criticam duramente o conceito de "economia verde".

"O que precisamos é de uma verdadeira mudança no sistema, não de uma solução que chamam de economia verde, que é levar os mercados financeiros à natureza", disse à imprensa local, Nicola Bullard, da organização Focus on the Global South, na Ásia.

"Se não levantarmos o tema da desigualdade, não resolveremos os problemas", expressou o sociólogo venezuelano Edgardo Lander.

Num discurso diante de quatro mil activistas no Fórum Social na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff convocou a Rio mais 20, que será presidida por ela em Junho, a lançar "um modelo de desenvolvimento que articule crescimento e geração de emprego, combate à pobreza e redução das desigualdades, uso sustentável e preservação dos recursos naturais".

Esta edição do Fórum Social, menor que as bianuais mundiais, mas que reuniu 40 mil participantes em Porto Alegre, encerrou com uma força renovada pelo recente movimento de protesto cidadão, o Ocupe Wall Street, os Indignados na Espanha, a Primavera Árabe, a greve dos estudantes chilenos, que no último ano tomaram as praças públicas para dizer basta ao sistema e aos seus governos diante da crise que deixa milhões sem perspectiva.

A urgência da crise e a indignação cidadã em todo o mundo "nos deram mais unidade na diversidade", disse à imprensa local Candido Grzywoski, um dos fundadores e coordenadores do fórum social, que neste ano convidou representantes de todos estes movimentos.

O Fórum surgiu há 12 anos com o mesmo empenho de enfrentar as elites de governos e do capital, que anualmente reúnem-se nas mesmas datas no Fórum Económico Mundial de Davos (Suíça).

"Se o sistema não for capaz de redistribuir e enfrentar a desigualdade, nós mesmos teremos que fazer", disse em Porto Alegre Sam Halvorsen, que participou do Ocupe Londres na Praça St. Paul.

O problema é a acção após o protesto. "As elites políticas e económicas são o um por cento dominando o mundo e nós somos o um por cento querendo mudá-lo. Onde estão os 98 por cento. Há muitos que estão felizes porque oferecem a eles cada vez mais produtos de consumo, mas há muitos preocupados e insatisfeitos. O desafio do Fórum Social Mundial é falar com eles", explicou Chico Whitaker, um dos fundadores do Fórum.

Esta edição do Fórum Social foi convocada para debater a cúpula Rio mais 20 e a crise. O próximo Fórum Social Mundial será realizado em 2013 no Cairo.

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