domingo, 29 de janeiro de 2012

Pequim deve punir Filipinas por acordo com Washington para maior cooperação militar



DM – JCS - Lusa

Pequim, 29 jan (Lusa) -- A China devia impor "sanções" contra as Filipinas, depois de Manila ter permitido que mais tropas norte-americanas se estabeleçam em território filipino, escreve hoje a imprensa oficial chinesa.

As Filipinas anunciaram na sexta-feira que pretendem realizar mais exercícios militares conjuntos e deixar que mais soldados americanos sejam destacados para o país do sudeste asiático -- depois de uma "oferta" por parte de Washington, que procura expandir o seu poderio militar na Ásia, que foi bem recebida por Manila.

A China ainda não respondeu oficialmente ao anúncio de uma maior cooperação militar entre as Filipinas e os Estados Unidos -- efetuado durante os feriados do Ano Novo Chinês --, mas uma reação é agora esperada a qualquer momento a avaliar pelo editorial publicado na edição de hoje do jornal "Global Times".

No editorial é defendido que Pequim "tem de responder" ao gesto, "alavancando cortes nas atividades económicas" entre as Filipinas e outros países do sudeste asiático.

A China deve ainda considerar a hipótese de "arrefecer" os negócios com Manila, lê-se no editorial publicado nas versões chinesa e inglesa do jornal, citado pela agência AP.

"Sanções bem calculadas contra as Filipinas vão fazer com que pondere a escolha de perder um amigo como a China e de ser um parceiro vão dos Estados Unidos".

A China e as Filipinas mantêm disputas territoriais sobre a soberania de ilhas localizadas no Mar do Sul da China.

O Mar do Sul da China, uma zona marítima de grande intensidade de navegação ligando o Pacífico ao Índico, tem uma área de 3,3 milhões de quilómetros quadrados, e as suas ilhas são reclamadas totalmente pela China, Taiwan e Vietname e parcialmente pelas Filipinas, Malásia e Brunei.

As disputas territoriais pelas ilhas explicam-se pelo facto de haver garantias de que têm importantes reservas de petróleo e de gás natural, bem como recursos energéticos necessários não só para o desenvolvimento dos países regionais como também importantes para potenciar o desenvolvimento das economias.

Em outubro, Pequim e Hanoi assinaram um acordo para resolver as disputas que fizeram com que as relações entre os dois países conhecessem um dos piores períodos de sempre nos últimos anos.

Os Estados Unidos têm procurado aumentar a sua presença militar na região da Ásia Pacífico, numa mudança estratégica da sua política de Defesa que "enfureceu" a China.

Em novembro, o Presidente norte-americano, Barack Obama, fez saber que os Estados Unidos pretendem destacar até 2.500 tropas para o norte da Austrália.

Disponíveis para uma maior cooperação, as autoridades norte-americanas garantem, no entanto, não querem voltar a deter as bases que possuíam nas Filipinas e que por oposição de Manila acabaram encerradas.

Além das Filipinas, Singapura e Austrália, com quem pretendem reforçar a cooperação militar, os Estados Unidos possuem 70.000 efetivos estacionados em bases no Japão e na Coreia do Sul, sendo esta última a mais importante base de operações na região onde realizam regularmente exercícios isolados ou em conjunto com outros países.

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