quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Portugal: Devolução de subsídios na origem de tumultos na Loja do Cidadão do Porto




Dinheiro Vivo, com foto José Carmo

Os cidadãos notificados pela Segurança Social começam a deslocar-se ao organismo mas saem sem o problema resolvido e ainda mais indignados

Na semana passada o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social anunciou que o Estado tem acumulados mais de 570 milhões de euros de prestações sociais pagas indevidamente e que por esse motivo, 117 mil pessoas estavam a ser notificações para obrigar à devolução do dinheiro.

Os cidadãos notificados começam a deslocar-se à Segurança Social para perceber o erro em que estão envolvidos e como podem resolver a questão, mas as respostas são poucas para tantas questões.

Hoje na loja do Cidadão do Porto houve mesmo uma série de tumultos onde resultou um vidro partido. Os cidadãos sentem-se enganados.

Em declarações à Agência Lusa, a dirigente do STFPSN, Maria do Céu Monteiro, disse que o sindicato foi hoje contactado "porque na Loja do Cidadão do Porto, no balcão da Segurança Social, teria havido confusão entre os utentes e os funcionários que estão no atendimento".

"Dirigimo-nos à Loja do Cidadão e o que nos foi descrito foi que os ânimos estão demasiado exaltados com as notificações que os utentes estão a receber para repor valores que, alegadamente, receberem indevidamente, e atrasos nos pagamentos e nos subsídios. Hoje chegaram a extremos, ao ponto de, ao pontapé, terem partido as divisórias de vidro que separam, mal, a parte do público da dos funcionários", relatou.

Segundo a dirigente sindical "os funcionários da Loja do Cidadão do Porto estão muito mal protegidos" uma vez que esta estrutura não tem policiamento e apenas "um segurança na entrada", para além de não haver uma separação física entre utentes e funcionários do atendimento.

"Têm sido ameaçadas constantemente. Isto já tem vindo a acontecer e os trabalhadores já alertaram os serviços, até o Conselho Diretivo da Segurança Social. Não têm feito rigorosamente nada", condenou, acrescentando que "os funcionários estão nervosos e assustados, num constante clima de medo e de insegurança".

Maria do Céu Monteiro garantiu à Agência Lusa que o sindicato vai "alertar o Conselho Diretivo da Segurança Social, uma vez mais, para esta situação".

"Preocupa-nos porque acho que só vão tomar medidas quando um dia, em vez de partirem um vidro, alguém seja, como já aconteceu noutros serviços, esfaqueado ou outra coisa bem pior", lamentou.

Segundo a sindicalista, desde que as pessoas começaram a receber as notificações da Segurança Social para devolverem os pagamentos recebidos indevidamente, "estão muito mais agressivas".

"O termo que eles utilizavam mesmo, hoje, era a agressividade dos utentes para com os funcionários da Segurança Social, quando eles não têm culpa nenhuma. Eles não são os culpados destas políticas que estão a ser seguidas", disse.

A Agência Lusa tentou contactar o Instituto da Segurança Social para obter esclarecimentos mas até agora não foi possível.

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