quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

UM PARA MIM, OUTRO PARA TI. TACHOS, É CLARO!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Razão tinha, tem e continuará a ter o líder do PSD/Porto, Virgílio Macedo, quando acusou o executivo de Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas de ter "tiques de centralização de competências", usando o "argumento da racionalização".

Traduzindo a justa preocupação do PSD/Porto, dir-se-á que é vital saber onde estão os tachos para a malta do PSD. Aos poucos eles vão aparecendo, a bem da nação dos poucos que têm milhões e que, legitimamente, se estão nas tintas para os milhões que gostariam de ter pouco mas que, nesta altura, nada têm.

Segundo a terminologia do PS…D, é chato – eu diria muito chato – o governo não ter feito "praticamente nenhuma" nomeação para a administração central, mantendo "toda a máquina socialista que foi vergonhosamente colocada nesses cargos".

Apesar de já vertiginosa inversão de marcha, Virgílio Macedo continua a ter toda a razão. Se fosse para não haver novos tachos, porque carga de chuva o pessoal iria votar no PSD?

Embora o líder do PSD/Porto soubesse que era tudo uma questão de tempo, começou a desesperar porque a clientela do partido começa a cobrar as promessas.

"Embora possam existir argumentos que levem a que este não seja o tempo certo para se iniciar um processo de regionalização, certamente também não é este o tempo de com o argumento da racionalização de custos se iniciar um processo de centralização", afirmou o social-democrata durante a Assembleia Distrital do PSD/Porto que decorreu em 26 de Setembro do ano passado.

Virgílio Macedo lembrou mesmo que "nas últimas semanas foram anunciadas algumas medidas de reorganização administrativa em estruturas centralizadas que podem ser um sinal da existência de tiques governativos de centralização de competências, os quais terão a minha maior oposição".

Referia-se à "extinção da Direcção Regional da Economia, ou da Direcção Regional da Educação do Norte, ou ainda da Administração da Região Hidrográfica (ARH) e a sua incorporação numa agência do ambiente e da água a criar com sede em Lisboa e não na CCDR-N como seria normal".

Estes, considera Virgílio Macedo, "poderão ser sinais de centralização que deverão ter a mais firme oposição por parte do PSD do distrito do Porto".

E logo numa altura em que a rapaziada do partido já se via, devidamente acompanhada por assessores e similares, e sem grandes mudanças geográficas, à frente de uma série de organismo, apareceu o governo a simular que iria acabar com essas mordomias.

Tecendo críticas a alguns aspectos da governação do executivo PSD/CDS, o líder social-democrata do Porto referiu-se também ao facto de, na altura, ainda não ter sido feita "praticamente nenhuma" nomeação para cargos da administração central. "Toda a máquina socialista que foi vergonhosamente colocada nesses cargos, mantém-se na administração central", lamentou.

Recordando ter sido compromisso do PSD "despartidarizar a administração pública" e reconhecendo que "nem todos os militantes socialistas nomeados para funções são incompetentes", salientou porém que "o governo de Portugal não pode recear substituir os incompetentes que estão em funções de direcção na administração pública central e em estruturas centralizadas".

É que, vamos lá ver se a gente se entende, se nem todos os socialistas nomeados são incompetentes, todos os sociais democratas que fazem fila à espera do tacho são competentes.

"Esse é um acto a que deve estar obrigado, a bem do país, substituindo-os não por militantes do PSD mas por homens e mulheres com provas dadas e que permitam outro rigor na gestão dos organismos públicos", frisou Virgílio Macedo, defendendo uma "verdadeira meritocracia" por parte do executivo.

É claro que a questão do mérito é facilmente mensurável. Basta ter cartão de militante do PSD e do CDS. É claro que não ter coluna vertebral nem tomates é um factor de desempate. Não será decisivo porque, afinal, quase todos estão nessa situação.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: ESTARÁ O FOLHA 8 A DESESTABILIZAR A SÍRIA?

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