quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cabo Verde: AFINAL QUEM SÃO OS MARGINAIS?




Péricles Barros – Liberal, opinião

Ouvi e vi na RTC, recentemente, um advogado que está sob julgamento, referir-se ao Procurador Geral da República como “um tal de Júlio que nem sei o apelido”, a mesma coisa que dizer, “Fulaninho qualquer”! Até hoje, apesar das críticas que são ocasionalmente dirigidas ao PGR, nunca tinha ouvido um profissional da Justiça referir-se a um alto representante de um órgão de soberania neste caso os tribunais, de forma tão desprezível e visceral.

De quem menos se espera, do respeito pelos Órgãos de Soberania… afinal quem são os marginais ?

Um caso, possivelmente, inédito em Cabo Verde. Convenhamos…, há um momento para tudo. Durante toda a minha existência, que eu me recorde, nunca vi nem ouvi tantas acusações desferidas ao PGR, guardião do interesse público, da legalidade e da integridade do nosso sistema judiciário, por parte de um profissional da Justiça em Cabo Verde.

Ouvi e vi na RTC, recentemente, um advogado que está sob julgamento, referir-se ao Procurador Geral da República como “um tal de Júlio que nem sei o apelido”, a mesma coisa que dizer, “Fulaninho qualquer”! Até hoje, apesar das críticas que são ocasionalmente dirigidas ao PGR, nunca tinha ouvido um profissional da Justiça referir-se a um alto representante de um órgão de soberania, neste caso os tribunais, de forma tão desprezível e visceral. Não foi necessário que aquele debitasse muito verbo para que eu me apercebesse da dimensão do desprezo que lhe merece o PGR. Note-se, neste caso, que se trata de um advogado/arguido.

Fiquei preocupado, muito mesmo. Como é que se pode exigir do cidadão comum ou de um pobre coitado desempregado, desencantado com a vida, o respeito devido às autoridades e aos órgãos de soberania? De modo algum quero inferir que lei esteja nem do lado, nem ao lado do actor principal desta triste e inusitada manifestação pública de desagrado relativamente a um caso de justiça.

A presunção da inocência aplica-se indiscriminadamente ao comum dos pecadores não é verdade? O advogado/arguido beneficia, como não podia deixar de ser, desta prerrogativa. Então onde está o perigo? Para quê todo este escândalo? Basofaria? Poder? Serão os juristas, filhos de um Deus maior?

O velho cliché aplica-se como uma luva: faça o que eu digo e não o que eu pratico. Chamaria a isso, má educação, completa deformação profissional, mau gosto, falta de chá e, sobretudo, um péssimo sinal para a sociedade! Todos os dias há cidadãos comuns julgados e ou condenados justa ou injustamente, com processos que duram nos tribunais toda a vida e mais dois dias úteis. Pergunto qual foi o último cidadão que publicamente tratou um magistrado, como … “aquelezinho cujo apelido desconheço” ? Alguém se recorda? Ora pergunto eu, qual destes casos é o mais pernicioso para a sociedade: um jurista, advogado (que se calhar já foi magistrado) ou outro profissional da justiça, (do qual é exigido o mínimo decoro, elevação, respeito pela lei e pelos órgãos de soberania,) que destrate de forma rasteira, reiterada e pública o Procurador Geral da República, ou um assim chamado THUG, que com pouca conversa, aponta-te uma pistola na cabeça, subtrai-te o relógio, telemóvel e carteira e desaparece…?

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