sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

SACERDOTE DE MASSAMÁ QUER SER PAPA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O PSD (para quem não sabe é aquele partido esclavagista que governa Portugal sob a superior liderança de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho) considerou hoje "preocupantes" os 14% de desempregados.

Para além disso, sendo sabido que a culpa é dos outros (sejam os do passado ou os do futuro), admitiu que terão ainda "tendência para agravamento", embora o Governo esteja a "fazer todos os possíveis" para combater esta situação.

"Os números são obviamente preocupantes e prefiguram uma situação social delicada. É uma situação social que não nasceu hoje, que vem da situação da crise que se arrasta nos últimos anos, é uma situação que está a agravar-se, manifestamente, e que vai ter ainda ter alguma tendência para agravamento", afirmou o deputado Adão Silva.

"O Governo está a fazer todos os possíveis (traduzindo: nada) para obstar a esta situação, e quero referir que uma das acções mais importantes e mais decisivas foi a assinatura de um acordo tripartido que lança bases para uma nova legislação laboral e para um conjunto de relançamentos ao nível da economia e do emprego que são da maior relevância", afirmou.

Esta acção, dita decisiva, é simples de definir: os portugueses têm de viver sem comer (por falta de dinheiro) e para trabalhar têm de pagar. Simples.

Confrontado com a reunião de emergência em que o Secretariado do PS vai analisar o assunto, o deputado respondeu que "o PS faz bem para reunir de emergência, sobretudo para reflectir" e "ver a enorme quota de responsabilidade que tem nesta situação".

Tem razão. E se a culpa é dos outros, certamente que o PS vai chutar as responsabilidades para Salazar. Quanto ao PSD, esse é o santo da paróquia se Massamá e está incólume a toda esta crise.

Aliás, para provar que o PSD é um manancial de virtudes, relembro algumas das teses do seu sumo pontífice, na altura em campanha para exercer o pontificado papal:

“Estas medidas (do PS) põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução. Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa”;

“Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias. Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou. Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas”;

“O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa. Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos. Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos”;

“Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado. Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal”;

“O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando. Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”.

“Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português. A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento”;

“A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos. Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota”;

“O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento. Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate”.

E por último: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: CRITÉRIOS EDITORIAIS SÃO FORMAS DE CENSURA

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