quinta-feira, 1 de março de 2012

Ramos-Horta recandidata-se e dá prioridade a segurança marítima e políticas sociais



Sapo TL

A revisão da política de defesa e segurança marítima, a educação e a saúde vão ser prioridades para o atual chefe de Estado de Timor-Leste, José Ramos-Horta, caso vença as eleições presidenciais de 17 de março.

Em entrevista à agência Lusa, o Presidente timorense faz um balanço "francamente positivo" do seu mandato, mas considera que alguns indicadores sociais continuam muito preocupantes.

"Sob qualquer processo de avaliação, sob qualquer ângulo de medida deste cincos anos, qualquer pessoa chega à conclusão que hoje o país está em paz, a nossa sociedade, as nossas crianças, as mães e avós estão felizes, vê-se nos rostos, nos sorrisos, no dia-a-dia, vemos que a economia tem estado em franco crescimento", afirmou José Ramos-Horta.

Para o Presidente timorense, o "setor da saúde também conheceu grandes melhorias", mas alguns indicadores continuam preocupantes.

"Continuamos a registar um índice muito elevado de doenças pulmonares, aliás, a primeira grande enfermidade em Timor-Leste, é a tuberculose, e ainda temos um índice muito elevado, inaceitável, de subnutrição infantil e de mortalidade entre as mães no parto", sublinhou.

O Presidente disse que para enfrentar estes desafios, a que soma a educação, precisa do envolvimento da comunidade internacional.

"O acesso à escola aumentou dramaticamente para cima dos 90 por cento, mas sem que isso corresponda à qualidade no ensino, à qualidade nas escolas”, afirmou. “Em termos de infraestruturas, água potável, saneamento, ainda há muito a desejar”, lembrou também o Presidente timorense.

Para José Ramos-Horta, nos próximos cinco anos, o país tem de investir muito na área da educação pré-escolar e primária, onde estão incluídas as questões da má nutrição e saúde pública.

Em relação ao setor da defesa e segurança, o chefe de Estado timorense reconhece também a existência de avanços, mas "com muitas discrepâncias", como por exemplo, disse, a aquisição (através de donativo ou compra) de barcos patrulha que não têm capacidade para navegar nas águas da costa sul do país e sem infraestruturas locais para a sua manutenção.

Timor-Leste adquiriu dois barcos patrulha à China, recebeu três da Coreia do Sul e dois de Portugal.

"Nenhum desses barcos pode navegar na costa sul de Timor-Leste na época mais tempestuosa do ano. Portanto, porquê termos sete embarcações costeiras caríssimas e de grande manutenção e que só podem circular na costa norte, onde não há muita pesca ilegal?", questionou o chefe de Estado.

Por causa deste tipo de discrepâncias é que José Ramos-Horta afirmou que, se voltar a ser eleito, vai "pedir uma revisão do estudo 20-20 das forças armadas, encorajar o debate e rever toda a doutrina de defesa e segurança marítima”.

"Quero ver se consigo aligeirar um pouco a nossa polícia", disse também, defendendo a sua divisão em polícia comunitária e uma outra de intervenção rápida.

Em matéria de política externa, José Ramos-Horta disse que a meta principal para consolidar as relações regionais é a adesão à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

"Não tem sido fácil ou linear, porque há certos critérios de adesão ASEAN, problemas regionais que a própria ASEAN enfrenta", afirmou.

Para José Ramos-Horta, a "entrada de Timor-Leste tem de ser precedida de paz, estabilidade, crescimento económico para que não seja um fardo não muito bem-vindo na ASEAN".

"Não foi fácil convencer, mas hoje podemos dizer que há unanimidade na ASEAN para a adesão de Timor-Leste e ela pode vir a acontecer na cimeira de novembro de 2013", afirmou.

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