terça-feira, 15 de maio de 2012

AUMENTAM DESIGUALDADES SOCIAIS EM MOÇAMBIQUE



MMT -Lusa

Maputo, 15 mai (Lusa) - Um relatório da ONU sobre crescimento em África aponta para um aumento das desigualdades sociais em Moçambique, onde 10 por cento da população mais rica tem uma renda 19 vezes superior à dos 10 por cento mais pobres.

O documento produzido pelo Painel de Progresso de África, presidido pelo ex-secretário geral das Nações Unidas, Koffi Annan, que inclui a moçambicana Graça Machel, refere que, apesar da elevada taxa de crescimento, Moçambique não está a conseguir converter este feito para reduzir a pobreza.

A pesquisa, recentemente divulgada, assinala que em toda a África Austral "as disparidades de riqueza são cada vez mais visíveis", resultante, em parte, do modelo de desenvolvimento que "está a deixar muitas pessoas em situação de pobreza, incluindo crianças com fome".

O estudo observa que na China os "líderes políticos identificaram a crescente desigualdade como uma ameaça à estabilidade social e crescimento futuro" e acrescenta que Moçambique é mais desigual do que a China.

O Painel de Progresso de África da ONU considera Moçambique como o quinto país que mais cresceu em África entre 2001 e 2009, com uma taxa anual de 7,9 por cento, e, entre 2011 e 2015, prevê que será o segundo Estado mais rápido em crescimento no continente africano com uma taxa de 7,7 por cento.

No entanto, acrescenta, "dados do inquérito domiciliar mostraram não haver nenhuma diminuição na pobreza nacional entre 2002-2008 e nas regiões centrais de Moçambique houve um aumento acentuado na pobreza".

Aliás, Moçambique é, atualmente, um importador líquido de alimentos básicos e "mais de 70 por cento de jovens trabalhadores vivem com menos de 1,25 dólares por dia", refere o documento.

"Nós, no Painel de Progresso da África, estamos convencidos de que é chegado o tempo para repensar a trajetória de desenvolvimento de África", disse Kofi Annan, na introdução do relatório.

Segundo o presidente do Painel de Progresso de África da ONU, que integra ainda a governadora do Banco de Botsuana, Linah Mohohlo, a ex-chefe do Fundo Monetário Internacional Michel Camdessu, o ex-secretário do Tesouro norte-americano Robert Rubin e o ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, "aumentar a produtividade dos pequenos agricultores é fundamental".

"Isso vai exigir mais ação do Governo", conclui o relatório, sugerindo que a "agricultura familiar deve ser colocada no centro de uma revolução verde em África".

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