JSD - Lusa
Cidade da Praia, 26 jun (Lusa) - O presidente do PAICV afirmou que o objetivo do partido no poder em Cabo Verde é obter nas autárquicas de 01 de julho a maioria dos 22 municípios, para o que precisa "roubar" pelo menos duas câmaras à oposição.
Numa entrevista à agência Lusa, José Maria Neves, igualmente primeiro-ministro cabo-verdiano desde 2001, lembrando que o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) detém 10 das 22 câmaras, assegurou que não se demitirá do Governo se perder a votação, que se segue à vitória nas legislativas (fevereiro de 2011) e à derrota nas presidenciais (agosto do mesmo ano).
"Um bom resultado será o PAICV ganhar a maioria das câmaras municipais. Estamos a trabalhar para ganhar pelo menos 12 câmaras. Seria o melhor resultado que nós poderíamos fazer nestas eleições. Manter as 10 câmaras em nosso poder e ganhar pelo menos duas ao MpD (Movimento ara a Democracia, que tem as restantes 12)", sublinhou.
"Se não cumprirmos os objetivos para as eleições autárquicas, se não conseguirmos a maioria das câmaras, é um mau resultado", acrescentou, garantindo que quer as presidenciais quer as autárquicas nada têm a ver com a avaliação do desempenho do Governo, razão pela qual não apresentará a demissão do executivo.
"Rigorosamente não. Foi nas legislativas que se fez a avaliação do desempenho do Governo. Nem as presidenciais nem as autárquicas são eleições destinadas a avaliar o desempenho do Governo e a analisar propostas alternativas de governação a nível nacional. Por isso, não há que tirar consequências destas eleições para a governação do país", justificou.
Indicando que o PAICV é o único partido que se apresenta nos 22 círculos eleitorais - o MpD apresenta-se em 21 e apoia a recandidatura independente de Jorge Figueiredo na ilha do Sal -, José Maria Neves refutou as críticas de que não há espaço para candidaturas independentes com sucesso, dando como exemplo quatro casos.
Em São Vicente venceu Onésimo Silveira (1991, 1996 e 2000), na Ribeira Grande de Santo Antão foi Jorge Santos (atual vice-presidente do MpD - em 1996 e 2000), no Maio coube a Manuel Ribeiro (1996) e em São Nicolau a Benvindo Oliveira (2000).
"Há muitas candidaturas independentes que têm vingado em vários momentos. Há movimentos sociais, mas dependem muito das dinâmicas políticas em cada município e em cada ilha", admitiu José Maria Neves, reconhecendo também que "nada se pode fazer" em relação à bipolarização política em Cabo Verde.
"Há basicamente dois partidos fortes (PAICV e MpD) e um terceiro, pequeno, a UCID (União Cabo-Verdiana Independente e Democrática). Tem a ver com as circunstâncias do desenvolvimento do campo político em Cabo Verde e contra isto não temos nada a fazer. À medida que a sociedade vai amadurecendo, a democracia vai-se consolidando e haverá com certeza espaços para ação de outras forças políticas", sustentou.
José Maria Neves reconheceu, também, que a quase ausência de independentes deve-se aos custos "proibitivos" que as campanhas eleitorais estão a atingir no país, defendendo a necessidade de os partidos políticos assinarem um pacto para reduzirem os custos.
"As campanhas eleitorais em Cabo Verde estão a tornar-se proibitivas e não há espaço para os pequenos partidos. Após estas eleições teremos quatro anos para refletir e para racionalizar as despesas eleitorais", defendeu, lembrando que o custo da tripla votação custou cerca de 1,5 milhões de contos (13,6 milhões de euros), "o que é muito para o país".
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