sábado, 9 de junho de 2012

"QUERO, POSSO E MANDO" - ministra da Juventude Cabo Verde




Luís Carlos Santos Silva – Liberal (cv), opinião

Esta postura da Ministra de “não quero e não faço”, trouxe ao de cima um sentimento ainda mais pernicioso, pois peca por ausência de enquadramento, Cabo Verde tem, hoje, a plena noção dos contornos do regime Democrático

Ontem, depois da reacção da Ministra da Juventude, Janira Almada, ficou claro e cristalino que não existe outra solução que não seja a Demissão. Ao invés de remar rumo a correcção do problema ela afundou-se ainda mais com uma postura autoritária que espantou tudo e todos.

O serviço público tem de ser nobre, sobretudo pela sua dimensão de engajamento com a causa de promoção do Bem Comum e é expectável que os servidores públicos estejam à altura destes desígnios pelo que as abordagens utilitaristas do poder público devem merecer o mais firme combate. A lisura e a transparência no exercício de qualquer cargo público devem ser elevadas a desígnios nacionais e merecerem a nossa máxima atenção e protecção. Em contra mão devem estar práticas como o nepotismo, o clientelismo, a partidarização da administração que devem ser definhados em nome de uma sociedade que se quer prospera.

Ao longo destes anos, a Ministra da Juventude criou um capital político que podiam faze-la ultrapassar este momento, sobretudo depois da correcção cirúrgica proposta pelo Paicv, demissão do marido como se ele tivesse alguma relevância no processo de decisão. A sociedade Cabo-verdiana tinha muita expectativa em perceber qual a motivação que levou a Ministra a cometer tamanho erro, mas existia efectivamente alguma receptividade: a juventude e consequente falta de experiência política; houve muita condescendência com a falta de experiência profissional da advogada que, como era sua obrigação, não conseguiu vislumbrar a limitação legal a que estava limitada. Independentemente das expectativas, acredito que a sociedade acabava por entender que a natural admiração que ela nutre pelo marido podiam ter deturpado a capacidade de análise e de decisão.

Esta postura da Ministra de “não quero e não faço”, trouxe ao de cima um sentimento ainda mais pernicioso, pois peca por ausência de enquadramento, Cabo Verde tem, hoje, a plena noção dos contornos do regime Democrático. Esta postura só pode até ser compreensível no quadro de um Estado Autoritário onde o poder político é exercido sobre o regimento de “posso e mando”.

Cabo Verde tem trilhado, com muita firmeza, o caminho rumo ao desenvolvimento social, económico mas sobretudo na consolidação do Estado de Direito Democrático onde o Povo é quem mais ordena. Senhora Ministra da Juventude, esta postura de "não quero e não faço" só é possível lá em casa ou na Empresa dos Pais. No quadro do serviço público, em regimes democráticos, a senhora tem a obrigação de esclarecer, e voltar a esclarecer, se o povo assim o exigir. A sociedade quer saber a sua opinião pelo que faça lá o favor de esclarecer.

Como dizia o Primeiro-ministro, "em Cabo Verde não há espaço" para estas manifestações, e neste enquadramento efectivamente não pode haver espaço.

Sem comentários:

Mais lidas da semana