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Quando o Sudão do Sul se tornou independente, a 9 de julho de 2011, o sonho tornou-se realidade para os sudaneses do sul. No processo de construção do Estado, as autoridades apostam na formação dos funcionários públicos.
Durante quase 50 anos, a região foi assolada por uma das mais sangrentas guerras civis em África. Não é surpreendente que, há um ano, nas ruas de Juba, se tenha dançado e festejado durante dias a independência do Sudão do Sul. Mas, decorrido um ano, o clima de festa esmoreceu.
O Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo. Mesmo que, desde o acordo de paz, em janeiro de 2005, se tenham feito enormes progressos, o jovem país ainda carece de estradas, escolas ou hospitais. E a maioria dos cidadãos considera que os seus funcionários públicos pouco fazem. Muitos deles nunca aprenderam a construir um Estado, pois devido à guerra não houve, durante décadas, administração.
Para tornar o Sudão do Sul num Estado funcional, o governo está a apostar na formação dos seus funcionários. Por exemplo, na capital do país, Juba, funcionários públicos de administrações locais têm participado em cursos, de quatro meses, sobre administração pública.
Coleta Akusatro, uma das formandas, explicou à DW África que, nas formações, “já falámos sobre o financiamento, a estrutura do governo local e planeamento. Agora é a vez de Direito Administrativo”.
A área de especialização de Coleta Akusatro no governo local é a dos direitos das mulheres, que necessita urgentemente de uma gestão eficaz. Isto porque “quase três quartos das mulheres são analfabetas na minha região. Temos de introduzir um programa de educação de adultos para que se tornem independentes”, detalhou Coleta Akusatro.
O Sudão do Sul não tem apenas falta de programas de educação de adultos. Depois de 50 anos de guerra civil faltam também escolas, hospitais e estradas de asfalto entre as principais cidades. Para construir todas essas infra-estruturas é preciso uma administração eficaz.
Funcionários públicos têm baixas qualificações
O mais recente Estado do mundo tem, neste campo, sérias dificuldades, pois já a colonização britânica deixou grande parte do território entregue a chefes tribais do país. Durante a guerra civil, a administração pública existia apenas nas grandes cidades. Em 2005, com a chegada da paz, o país viu-se confrontado, do dia para a noite, com a necessidade de ter milhares de funcionários públicos.
Segundo a formadora Marion Hormann, da Agência Alemã de Cooperação Internacional, GIZ, em Juba, “há pessoas em posições para as quais não estão qualificadas. Detêm esses cargos porque são familiares ou amigos de alguém ou simplesmente lá estavam quando os funcionários eram necessários com urgência”.
A GIZ apoia o governo do Sudão do Sul na reforma da sua administração pública. De acordo com uma reportagem de um jornal local, metade dos funcionários públicos não concluíram sequer a escola primária. E, além disso, falta dinheiro para esta reforma. Por causa de um conflito fronteiriço, o vizinho Sudão fechou o oleoduto através do qual o Sudão Sul exportava petróleo. O orçamento do Estado é financiado até 98% pelo petróleo.
Coleta Akusatro ainda está optimista quanto ao fato de poder aplicar os conhecimentos do curso o mais rapidamente possível: “esperamos melhorar, de ano para ano, a experiência dos funcionários. Esperamos poder oferecer um serviço melhor aos nossos cidadãos, para que as pessoas tenham acesso mais fácil à educação, água, entre outras coisas”.
Muito trabalho será necessário para cumprir tal desejo.
Autores: Jareed Ferrie / Daniel Pelz / Helena Ferro de Gouveia - Edição: Glória Sousa / António Rocha
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