sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Guiné-Bissau: PROFESSORES EM GREVE POR 2 MESES, ONG COM PROJETO ESCOLAR

 


Sindicatos dos professores marcam greve de dois meses
 
13 de Setembro de 2012, 14:06
 
Lusa
 
Bissau, 13 set (Lusa) - Os sindicatos do setor da educação da Guiné-Bissau entregaram ao Governo de transição um pré-aviso de greve de 60 dias, a começar na próxima segunda-feira e a terminar a 07 de dezembro, segundo fonte sindical.
 
Luís Nancassa, presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), disse hoje à Agência Lusa que o pré-aviso de greve foi entregue quarta-feira ao Governo e vem na sequência de um caderno reivindicativo depositado no dia 06 no Ministério da Educação e que não teve resposta.
 
O Governo de transição marcou o início das aulas para o próximo dia 17, altura em que se iniciam também as aulas no ensino privado, mas caso se mantenha a greve a abertura das escolas públicas do ensino básico e secundário só deverá ocorrer em dezembro, perto das férias de Natal.
 
ONG portuguesa FEC lança projeto escolar que inclui saúde, agricultura e cidadania
 
13 de Setembro de 2012, 16:07
 
Bissau, 13 set (Lusa) - A Fundação Fé e Cooperação (FEC), uma organização não-governamental portuguesa para o desenvolvimento, vai começar na Guiné-Bissau um projeto na área da educação que inclui também aulas de cidadania mas até de saúde ou agricultura.
 
A FEC está na Guiné-Bissau desde 2001, onde tem como principal missão promover ensino básico de qualidade, e colabora com escolas comunitárias, privadas e de autogestão. Desenvolveu até 2009 o projeto "Mais Escola" e depois o "Djunta Mon", que terminou no final de agosto.
 
A partir de agora, explicou hoje à Agência Lusa a coordenadora do programa na Guiné-Bissau, Sofia Alves, vai iniciar-se o projeto "Skola i di nô" (A escola é nossa), tendo chegado esta semana a Bissau um grupo de 10 técnicos portugueses que vão fazer parte da iniciativa.
 
Até agora, a FEC, explicou a responsável, tem estado centrada na formação de professores (pedagogia e didática da matemática, do português e das ciências integradas) e tem no país um grupo de técnicos na área da administração escolar e educação.
 
Mas agora com o fim do programa "Djunta Mon" a FEC quer ir mais longe. "Estamos a pensar num programa integrado" que contemple áreas como a água e saneamento, a saúde, a alimentação e a cidadania, explicou.
 
"Quando tenho uma escola tenho um ponto de água, tenho latrinas, tenho de saber gerir a água, tenho de ter saúde, saneamento, tenho de saber onde coloco as latrinas. E se quero a sustentabilidade da escola, e tendo em atenção que as pessoas vivem essencialmente do setor primário, a agricultura, essa escola tem de desenvolver competências nessa área. Então faz sentido desenvolver hortas escolares", exemplificou Sofia Alves.
 
As hortas, continuou, podem servir para reforçar as cantinas escolares e até para vender produtos. "E ao mesmo tempo dar formação dentro da escola, para a comunidade, sobre cultivo, produção e nutrição. Assim também estou a chamar a comunidade para a escola e a reforçar a importância da escola na comunidade. Levará a que haja maior envolvimento dessa comunidade, maior inscrição de crianças e menor probabilidade de insucesso e de abandono escolar".
 
Mas a escola tem de ser mais ainda. Disse Sofia Alves que o novo projeto da FEC contempla a formação de professores na área da educação para a cidadania, porque "a escola tem de ser um lugar de reflexão e é necessário que as novas gerações sejam pacificadas e protegidas e que encontrem a sua identidade e história".
 
O "Skola i di nô", advertiu, não será aplicado a todas as escolas do programa, pelo que a FEC terá dois níveis de intervenção, um primeiro para as que "ainda estão a crescer" e o novo projeto para "as que já estão internamente fortificadas".
 
Para o novo projeto, a FEC vai procurar parcerias com entidades locais e regionais. A organização tem escritórios em Canchungo e Bafatá mas abrange todo o país, com exceção de Gabu (leste do país), através da rede de escolas de Igreja Católica.
 
A FEC foi criada em 1994 pela Conferência Episcopal Portuguesa para dar apoio às igrejas dos países lusófonos e está fisicamente em Moçambique e Angola, além da Guiné-Bissau, tendo também apoio da cooperação portuguesa.
 
Na Guiné-Bissau tem atualmente 24 pessoas (nove dos quais guineenses) e manteve-se no país depois do golpe de Estado de abril passado. Sofia Alves lembrou que as escolas públicas fecharam na sequência do golpe, mas que as da rede privada e de autogestão praticamente estiveram sempre a funcionar.
 
Portugal tinha na Guiné-Bissau, até ao golpe, outra cooperação na área do ensino, o PASEG (Programa de Apoio ao Sistema Educativo da Guiné-Bissau), que foi interrompido na altura e que não voltou a funcionar.
 
No ensino privado, o ano letivo 2012-2013 começa na próxima segunda-feira. No setor público deveria começar no mesmo dia mas os sindicatos dos professores já entregaram um pré-aviso de greve, para começar no primeiro dia de aulas e terminar em dezembro.
 
FP.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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