RTP - Lusa
A população do
setor de Boé, local da proclamação da independência da Guiné-Bissau, está a ser
ameaçada pela fome e o administrador local, Augusto Banjai, apela à intervenção
urgente do Governo central.
Entrevistado pela
Rádio Sol Mansi (da Igreja Católica), Augusto Banjai informou que a fome
"ameaça as populações" de Boé e se nada for feito pelo Governo
"a situação pode piorar e ser catastrófica".
O administrador
(máxima autoridade política local) adiantou que Boé, localidade situada no
extremo leste da Guiné-Bissau, já isolada devido à ma condição das estradas,
ficou ainda mais pior pela ação das chuvas que caíram naquela região.
Os transportes
públicos deixaram de ir para Boé, contou o administrador, acrescentando que a
jangada que fazia a ligação fluvial entre Boé e a zona de Gabu está estragada.
"A situação é
muito difícil. Nos últimos dias o setor está completamente isolado do resto do
país. Nenhuma viatura vai para lá ou sai de Boé para Gabu. A jangada ou o
pequeno bote que havia na travessia do rio estão com problemas", disse
Augusto Banjai.
"A população
passa fome, o que é muito lamentável. Mesmo tendo dinheiro não há uma única
loja no setor para comprar o arroz", afirmou o administrador de Boé. O
arroz é a base da dieta alimentar dos guineenses.
"Mesmo tendo
dinheiro é preciso ir de bicicleta até Beli ou Lugadjol, ou então ir à cidade
de Gabu, que dista a 90 quilómetros, para comprar arroz", observou Augusto
Banjai, lançando apelos às autoridades.
"Apelo às
autoridades para prestarem mais atenção à população de Boé que passa fome. Para
complicar ainda mais a vida daquela gente há a questão da inundação às suas
`bolanhas` (campos de cultivo do arroz) ao ponto de não conseguirem produzir
nada", disse o administrador.
"É uma
situação lamentável. Convido ao governo regional e nacional para que visitem o
setor de Boé para que possam constatar as dificuldades", acrescentou
Banjai.
A 24 de setembro de
1973, ainda decorria a luta armada, o PAIGC (Partido Africano da Independência
da Guiné e Cabo Verde) proclamou, de forma unilateral, a independência da
Guiné-Bissau justamente em Boé.
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