terça-feira, 16 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: JUSTIÇA RASCA, CASAR CEDO, PANE NO PARLAMENTO, FANTOCHE NHAMADJO

 


Procurador-geral da Guiné-Bissau reclama melhorias na legislação da justiça militar
 
16 de Outubro de 2012, 12:41
 
Bissau, 16 out (Lusa) - O procurador-geral da República da Guiné-Bissau, Abdu Mané, defendeu hoje uma "melhoria substantiva" na legislação penal da justiça militar do país, que diz estar "inadequada e ultrapassada".
 
A posição de Abdu Mané foi defendida num simpósio subordinado ao tema "Justiça Criminal na Guiné-Bissau", patrocinado pela UNIOGBIS (gabinete integrado das Nações Unidas para a consolidação da paz na Guiné-Bissau) que decorre hoje e na quarta-feira em Bissau.
 
No seu discurso de abertura do simpósio, o procurador-geral guineense disse que a legislação penal militar, cujo quadro normativo data de 1993, precisa de ser adaptada à nova realidade.
 
Abdu Mané exemplificou com uma lei de 1978 que reformula algumas disposições da justiça militar, e que, "além de se apresentar ultrapassada, contém critérios duvidosos na determinação dos chamados crimes de natureza militar, o que não permite destrinçar a jurisdição penal comum e a jurisdição militar".
 
"Estas situações dificultam um coerente e eficaz combate ao crime", observou ainda o procurador-geral guineense.
 
O presidente do Tribunal Superior Militar, Eduardo Sanhá, não discordou da opinião do procurador-geral, mas lembrou que a justiça militar "é uma estrutura importante" no Estado de direito democrático.
 
"Eu, como conhecedor da justiça militar e da realidade da justiça militar penso que é um pilar da Justiça num estado democrático", sublinhou Eduardo Sanhá, que confirmou também que o primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de abril passado, Carlos Gomes Júnior apresentou uma queixa-crime contra o chefe das Forças Armadas, António Indjai.
 
"Na promotoria militar deu entrada uma queixa-crime contra o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Eu, enquanto presidente não conheço os pormenores da queixa-crime. A promotoria, como entidade independente, vai apreciar o caso e depois decidir o que fazer", disse Eduardo Sanhá.
 
Sobre o simpósio, o responsável militar afirmou que é uma oportunidade para a troca de pontos de vista entre os civis e os militares sobre a legislação penal do país.
 
Para Abdu Mané, o simpósio servirá como rampa de lançamento para uma reforma da legislação penal no país.
 
MB // VM.
 
29 por cento das mulheres na Guiné-Bissau casa antes dos 18 anos
 
16 de Outubro de 2012, 14:02
 
Bissau, 16 out (Lusa) - Na Guiné-Bissau 29 por cento das mulheres casa-se antes dos 18 anos, de acordo com um estudo da organização Plan Internacional, que hoje apresentou em Bissau o relatório "Por ser Menina", sobre a situação das jovens no mundo.
 
"Fizemos recentemente um estudo que abrangeu vários países e que demonstrou claramente que de facto há níveis de abandono escolar, sobretudo das raparigas, muito elevados", muitas vezes atribuídos a casamentos precoces, disse Aruna Mané, diretor de programas da Plan Guiné-Bissau, uma organização internacional de defesa dos direitos das crianças.
 
Especificamente na Guiné-Bissau, o facto de quase um terço das mulheres se casar antes dos 18 anos, com casos de casamentos e filhos aos 12 ou 13 anos, é "preocupante, e é preciso fazer um trabalho de fundo para reverter essa tendência", o que pode ser feito através da educação, disse Aruna Mané.
 
A organização tem na Guiné-Bissau uma campanha de promoção da equidade e igualdade do género, já que "as estatísticas demonstram que à medida que se vai avançando a nível de escolaridade as raparigas perdem espaço em detrimento dos rapazes".
 
O relatório foi apresentado no âmbito do Dia Mundial da Rapariga, assinalado em 11 de outubro, com Lasalete Gama, do Ministério da Saúde, a salientar que se a nível primário os níveis de educação são idênticos entre os dois sexos, "a nível do secundário há menos meninas".
 
Pina Mango, primeira vice-presidente do Parlamento Infantil da Guiné-Bissau lembrou que "na Guiné-Bissau mais de 40 por cento das meninas interrogadas declararam que fazem mais de cinco horas por dia de trabalho doméstico, o que faz com que tenham insucesso escolar, faltem às aulas ou cheguem atrasadas, ou não consigam fazer os trabalhos de casa".
 
Também ela uma menina, deixou outros números para uma sala cheia no Centro Cultural Franco-Guineense: "Hoje, 38 por cento das meninas guineenses estão sexualmente ativas porque recebem algo em troca. E há pais que incentivam as filhas a cometer esse erro, que pode levá-las à gravidez precoce e consequentemente ao abandono escolar".
 
É por isso, disse, que o Parlamento Nacional Infantil quer fazer uma campanha de sensibilização sobre as consequências da atividade sexual prematura, a que vai chamar "o verdadeiro amor espera".
 
A Plan Internacional é uma organização criada há 75 anos que trabalha em 50 países de África, Ásia e América na promoção dos direitos das crianças. No seu relatório "Por ser Menina" 2012 apela para nove anos de educação de qualidade como forma de promover e proteger os direitos à educação das meninas.
 
Os custos com a educação, o abuso e exploração sexual de alunas por professores, a gravidez precoce e o grande número de horas de trabalho em casa são apontados pela Plan como obstáculos à educação das meninas.
 
No Gana, 75 por cento das crianças entrevistadas pela Plan apontou os professores como os principais autores da violência na escola, número que no Senegal sobe para 80 por cento.
 
FP //JMR.
 
Principais partidos da Guiné-Bissau analisam formas de terminar impasse no Parlamento
 
16 de Outubro de 2012, 14:43
 
Bissau, 16 out (Lusa) - As duas principais forças políticas da Guiné-Bissau reuniram-se hoje sob a mediação do Presidente de transição do país para analisar formas de acabar com o impasse que se regista no parlamento guineense.
 
Desde o golpe de Estado de 12 de abril, o Parlamento guineense, que não foi dissolvido, não consegue funcionar normalmente por falta de quórum já que os dois principais partidos, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e Partido da Renovação Social (PRS) não se entendem sobre os temas a serem agendados para os debates.
 
O PAIGC, que esteve no poder até ao golpe de Estado, defende que só aceita participar normalmente nos trabalhos parlamentares se forem eleitos, novamente, o primeiro e o segundo vice-presidente do órgão legislativo.
 
Até aqui o PRS, líder da oposição parlamentar, tem recusado a ideia.
 
Na reunião, convocada e mediada pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, as duas partes concordaram sobre o processo de eleição dos novos responsáveis no Parlamento.
 
"A reunião foi muito positiva trata-se do relançamento das atividades da Assembleia Nacional Popular, portanto ficamos muito satisfeitos e a reunião deve continuar nos próximos dias", disse Luís Oliveira Sanca, da direção do PAIGC.
 
"É nossa ambição (acabar com o impasse no parlamento) mas é prematuro adiantar mais dados neste momento", acrescentou Luís Oliveira Sanca, antigo ministro da Administração Territorial.
 
Questionado sobre se com a reunião de hoje o PAIGC iria integrar o governo de transição, Oliveira Sanca foi lacónico. "Veremos isso a frente, mas é prematuro dizer muito mais", afirmou.
 
O secretário-geral do PRS, Augusto Poquena, desmentiu que a reunião tenha servido também para abordar a situação do governo.
 
"Não falamos sobre a inclusão do PAIGC no governo. Só falamos da situação do Parlamento", afirmou Poquena.
 
MB //JMR.
 
Representante da ONU reuniu-se com Presidente de transição
 
16 de Outubro de 2012, 19:54
 
Bissau, 16 out (Lusa) - O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Bissau, Joseph Mutaboba, reuniu-se hoje durante quase duas horas com o Presidente de transição do país, Serifo Nhamadjo, num encontro que classificou "de rotina".
 
Em declarações aos jornalistas após a audiência, Mutaboba disse que falou com Serifo Nhamadjo sobre a sua recente visita a vários países da região e a Portugal e dos encontros que manteve, nos quais esteve sempre acompanhado pelo representante da União Africana em Bissau.
 
A reunião de hoje serviu também para reiterar "a disposição das Nações Unidas para continuar a ajudar a Guiné-Bissau a reconstruir-se numa base sólida, fundada no diálogo interno".
 
"Ninguém vos pode impor uma solução do exterior se não o quiserem", disse, frisando que é preciso que haja diálogo interno e que os guineenses se entendam.
 
Questionado sobre está em causa a sua permanência em Bissau e se esse assunto foi falado com o Presidente, Joseph Mutaboba disse que essa questão [de continuar como representante da ONU] não se põe e que a sua disposição para continuar "é sempre a mesma".
 
O chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, já disse que se pudesse consideraria Joseph Mutaboba "persona non grata", considerando-o um fator de desestabilização para o país.
 
Joseph Mutaboba também já foi criticado por elementos do Governo de transição da Guiné-Bissau.
 
Serifo Nhamadjo convocou para quinta-feira os partidos que apoiam a transição para um encontro destinado a debater o andamento do processo.
 
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição e por um Presidente de transição, na sequência do golpe de Estado ocorrido a 12 de abril passado.
 
FP // ARA.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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