Antonio Tozzi, Miami
– Direto da Redação
São Paulo (SP) - Se
há alguém com cacife para desafiar Dilma Rousseff numa possível reeleição, este
homem atende pelo nome de Joaquim Barbosa. O relator do caso Mensalão
conquistou a simpatia do povo brasileiro porque, pela primeira vez, o
Judiciário está condenando “gente graúda”, como se refere o povão.
Agora que todos
sabemos que José Dirceu é dez (dez anos e dez meses de prisão, dos quais só
deverá cumprir 1/6 da pena em regime fechado), que José Genoíno vai poder
cumprir a pena em regime semiaberto e Delúbio Soares, o tesoureiro do PT, de
triste memória, também vai cumprir oito anos e 11 meses, parte dele em regime
fechado, algumas vozes se levantam para condenar aquilo que todos sempre
defenderam: a condenação de corruptos.
Os inconformados,
como o presidente do PT, Ruy Falcão, e outros que estão acostumados a se lixar
para a opinião do povo classificam de infâmia e injustiça a condenação do
chamado núcleo politico do PT. O mesmo argumento foi usado por Dirceu que, em
vez de pedir desculpas à Nação por seu esquema de distribuição de dinheiro
público para compra de parlamentares, quer posar de vestal.
Os que não aceitam
a condenação dos petistas dizem que não há provas concretas para se condenar os
dirigentes do partido. Chega até a ser ingênuo. Desde quando corruptos e
corruptores emitem nota fiscal por serviços prestados. Evidentemente, os juízes
do Supremo Tribunal de Justiça tiveram de se valer de provas circunstanciais
para punir aqueles que foram responsáveis pela malversação do dinheiro público.
Com exceção do nefando
Ricardo Lewandowsky e do pau mandado Dias Toffoli, notoriamente ligado ao
Partido dos Trabalhadores (sic), os demais juízes se valeram das declarações de
Roberto Jefferson, de Marcos Valério e de outros envolvidos no escândalo, como
as secretárias de Valério para punir os culpados. É mesmo muita cara de pau
afirmar que tudo não passa de uma “orquestração da mídia burguesa inconformada
com as derrotas nas urnas de seus candidatos”. Isto é querer jogar terra nos
olhos dos outros.
Lamento muito que o
PT, que fez sua fama graças ao discurso da integridade e da clareza dos
objetivos, se tenha tornado um partido do mesmo naipe – ou até pior, porque
enganou os incautos – daqueles a quem criticava. O mais novo exemplo trata-se
de Gilberto Kassab. Pintado como o pior prefeito de São Paulo, está começando a
ser visto com simpatia, após ter manifestado que apoiará a reeleição de Dilma
Rousseff e açodadamente já empurrou seu partido (?) para a base aliada do
governo.
Mas, voltando ao
Mensalão, não entendo porque algumas vozes teimam em não aceitar a realidade. O
que causa estranheza é maneira amorfa como a outrora combativa UNE (União
Nacional dos Estudantes) vem comportando-se neste episódio. Por causa do
recebimento de alguns caraminguás do governo para organizar congressos
estudantis (leia-se festinhas de embalo, regadas a bebidas), torna-se cúmplice
ao se calar uma hora em que as forças vivas da Nação deveriam solidarizar-se
com o STJ. Sindicatos, Movimentos dos Sem Terra (MST), igrejas, todos calam-se,
talvez sedados pela dose de realidade que os fez despertar do sonho
irrealizável.
O estranho é ouvir
os argumentos. “Eles lutaram pela democracia”, “eles enfrentaram a ditadura” e
outras pérolas do gênero. Ora, mais um motivo para zelar pelo bem público e
mostrar que, de fato, tínhamos um partido diferente. Mas, não. Eles preferiram
o caminho da prevaricação, da vitória a qualquer custo, do esmagamento da
oposição. Parece que conseguiram, no entanto, como vemos, foi uma vitória de
Pirro.
Sobre aqueles que
cobram as punições ao Mensalão do PSDB mineiro, uma boa notícia: o caso se
desdobrará e certamente os envolvidos naquele escândalo deverão pagar pelo que
fizeram. Afinal, a moralidade não escolhe partidos e/ou pessoas. Deve atingir a
todos igualmente.
Agora, querer dourar
a pílula é dizer que o núcleo petista é inocente é o mesmo que acreditar em Papai Noel. E o
Mensalão foi tão contundente que ganhou até mesmo um caderno especial nos dois
principais jornais de São Paulo: Estadão e Folha. A Folha de S. Paulo ainda fez
questão de publicar seu editorial, saudando a moralização, na capa do jornal.
Para finalizar,
vale lembrar que, ao contrário das chamadas entidades de direitos civis que
calhordamente se omitiram neste momento, é fervilhante a indignação nas redes
sociais, onde o povo exulta por ter sido feita a justiça. E que isto não seja
uma exceção, mas, pelo contrário, transforme-se em parâmetro, a fim de diminuir
o elevado índice de corrupção que domina o Brasil.
* Foi repórter do
Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996,
onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da
revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
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