…RELATIVAMENTE À
NOVA REALIDADE ANGOLANA
EL – GC - Lusa
Luanda, 18 nov
(Lusa) - O Jornal de Angola (JA) volta hoje a escrever sobre as relações
luso-angolanas, considerando que as elites portuguesas estão desatualizadas em
relação à nova realidade angolana.
Sob o título
"Imprensa e liberdades em Portugal", no espaço "Palavra do
Diretor", José Ribeiro conclui que as reações desencontradas"
suscitadas em Portugal ao que classifica como "um simples editorial"
do JA, prova a "hipersensibilidade que atravessa hoje as elites
portuguesas e mostram que há muita gente desatualizada em relação à nova
realidade angolana".
No "simples
editorial" a que se refere José Ribeiro, publicado na edição do passado
dia 12, defende-se que a abertura pelo Ministério Público português de um
inquérito-crime sobre o envolvimento de altos dirigentes angolanos em crimes de
branqueamento de capitais "prejudica as relações entre Portugal e Angola".
Em causa está a
abertura de uma investigação do Ministério Público português a três altos
dirigentes do regime angolano - Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola e
ex-administrador da petrolífera Sonangol; o general Hélder Vieira Dias, mais
conhecido como "Kopelipa", ministro de Estado e chefe da Casa Militar
do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos; e Leopoldino Nascimento,
consultor do general "Kopelipa" - por suspeitas de crimes económicos,
mais concretamente indícios de fraude e branqueamento de capitais.
A notícia da
abertura do inquérito-crime foi avançada pelo semanário 'Expresso' na sua
edição de 17 deste mês.
Para o 'Jornal de
Angola' "as elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em
figura de gente" e o editorial considera que as referidas elites
"vivem rodeadas de matilhas que atacam cegamente os políticos angolanos
democraticamente eleitos, com maiorias qualificadas".
No texto de hoje, o
diretor do JA, que desempenhou anteriormente o cargo de adido de imprensa da
embaixada de Angola em Lisboa, responsabiliza a imprensa portuguesa, que acusa
de ser "refratária ao contraditório e à igualdade de tratamento em tudo o
que diz respeito a Angola e aos outros países africanos de língua
portuguesa", pela alegada "falta de atualização" das elites
portuguesas.
José Ribeiro
atribui, aliás, a "alguns jornalistas portugueses" a responsabilidade
pelo prolongamento da guerra em Angola e são atualmente ainda responsáveis pela
"profunda crise" em Portugal.
"Em Portugal a
liberdade de imprensa é ditada por uma intrincada teia de grupos de poder
ligados a grandes meios financeiros ilegítimos. E essa é a razão por que a
guerra pelo assalto aos únicos órgãos públicos de imprensa que ainda resistem,
a Lusa e a RTP, é tão acirrada", escreve José Ribeiro.
Na explicação que
avança para o que designa como "dificuldade da imprensa portuguesa em
informar com verdade a situação em Angola", José Ribeiro tem uma tese:
"Todos os jornalistas que garantiam uma igualdade de tratamento foram, na
última década, afastados das redações, no quadro de uma brilhante operação
silenciosa".
"E assim se
explica por que razão a imprensa portuguesa em bloco alinhou com o boicote à
cobertura das eleições gerais em
Angola. A imprensa portuguesa simplesmente não enviou jornalistas.
Pura coincidência? Não, houve uma ação coordenada e instruções superiores -
aqui sim - para travar o envio de jornalistas, porque o objetivo era omitir que
em Angola se caminha para uma das mais sólidas democracias do mundo",
destaca.
Segundo José Ribeiro,
o jornalismo português está condenado a ser "arma de arremesso contra a
democracia" enquanto não se libertar dos "poderosos grupos ilegítimos
que o querem sufocar".
"Os PALOP
também estão na mira das máfias políticas e económicas que dominam os grandes
grupos de comunicação social portugueses. As elites portuguesas chegam ao
ridículo de acusar políticos angolanos de estarem há muitos anos no poder. Mas
esquecem-se que em Portugal, nos últimos 38 anos, têm sido sempre as mesmas
caras a agarrarem-se ao osso do poder, alguns até vindos do tempo do
fascismo", acentua.
A terminar o seu
texto, e na sequência das críticas que lhe formas dirigidas pelo líder
parlamentar do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, e pelo antigo deputado
social-democrata José Pacheco Pereira, o diretor do JA desafia-os a
deslocarem-se a Luanda para, diz, verem "como se faz cada edição do Jornal
de Angola".
"Até lhes dou
o privilégio de elaborarem o plano de edição. Vão perceber que este é um espaço
de liberdade como já poucos existem no mundo", conclui.
Texto integral do
original, em PG
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