domingo, 18 de novembro de 2012

JORNAL DE ANGOLA DIZ QUE ELITES PORTUGUESAS ESTÃO DESATUALIZADAS…

 


…RELATIVAMENTE À NOVA REALIDADE ANGOLANA
 
EL – GC - Lusa
 
Luanda, 18 nov (Lusa) - O Jornal de Angola (JA) volta hoje a escrever sobre as relações luso-angolanas, considerando que as elites portuguesas estão desatualizadas em relação à nova realidade angolana.
 
Sob o título "Imprensa e liberdades em Portugal", no espaço "Palavra do Diretor", José Ribeiro conclui que as reações desencontradas" suscitadas em Portugal ao que classifica como "um simples editorial" do JA, prova a "hipersensibilidade que atravessa hoje as elites portuguesas e mostram que há muita gente desatualizada em relação à nova realidade angolana".
 
No "simples editorial" a que se refere José Ribeiro, publicado na edição do passado dia 12, defende-se que a abertura pelo Ministério Público português de um inquérito-crime sobre o envolvimento de altos dirigentes angolanos em crimes de branqueamento de capitais "prejudica as relações entre Portugal e Angola".
 
Em causa está a abertura de uma investigação do Ministério Público português a três altos dirigentes do regime angolano - Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola e ex-administrador da petrolífera Sonangol; o general Hélder Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos; e Leopoldino Nascimento, consultor do general "Kopelipa" - por suspeitas de crimes económicos, mais concretamente indícios de fraude e branqueamento de capitais.
 
A notícia da abertura do inquérito-crime foi avançada pelo semanário 'Expresso' na sua edição de 17 deste mês.
 
Para o 'Jornal de Angola' "as elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em figura de gente" e o editorial considera que as referidas elites "vivem rodeadas de matilhas que atacam cegamente os políticos angolanos democraticamente eleitos, com maiorias qualificadas".
 
No texto de hoje, o diretor do JA, que desempenhou anteriormente o cargo de adido de imprensa da embaixada de Angola em Lisboa, responsabiliza a imprensa portuguesa, que acusa de ser "refratária ao contraditório e à igualdade de tratamento em tudo o que diz respeito a Angola e aos outros países africanos de língua portuguesa", pela alegada "falta de atualização" das elites portuguesas.
 
José Ribeiro atribui, aliás, a "alguns jornalistas portugueses" a responsabilidade pelo prolongamento da guerra em Angola e são atualmente ainda responsáveis pela "profunda crise" em Portugal.
 
"Em Portugal a liberdade de imprensa é ditada por uma intrincada teia de grupos de poder ligados a grandes meios financeiros ilegítimos. E essa é a razão por que a guerra pelo assalto aos únicos órgãos públicos de imprensa que ainda resistem, a Lusa e a RTP, é tão acirrada", escreve José Ribeiro.
 
Na explicação que avança para o que designa como "dificuldade da imprensa portuguesa em informar com verdade a situação em Angola", José Ribeiro tem uma tese: "Todos os jornalistas que garantiam uma igualdade de tratamento foram, na última década, afastados das redações, no quadro de uma brilhante operação silenciosa".
 
"E assim se explica por que razão a imprensa portuguesa em bloco alinhou com o boicote à cobertura das eleições gerais em Angola. A imprensa portuguesa simplesmente não enviou jornalistas. Pura coincidência? Não, houve uma ação coordenada e instruções superiores - aqui sim - para travar o envio de jornalistas, porque o objetivo era omitir que em Angola se caminha para uma das mais sólidas democracias do mundo", destaca.
 
Segundo José Ribeiro, o jornalismo português está condenado a ser "arma de arremesso contra a democracia" enquanto não se libertar dos "poderosos grupos ilegítimos que o querem sufocar".
 
"Os PALOP também estão na mira das máfias políticas e económicas que dominam os grandes grupos de comunicação social portugueses. As elites portuguesas chegam ao ridículo de acusar políticos angolanos de estarem há muitos anos no poder. Mas esquecem-se que em Portugal, nos últimos 38 anos, têm sido sempre as mesmas caras a agarrarem-se ao osso do poder, alguns até vindos do tempo do fascismo", acentua.
 
A terminar o seu texto, e na sequência das críticas que lhe formas dirigidas pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, e pelo antigo deputado social-democrata José Pacheco Pereira, o diretor do JA desafia-os a deslocarem-se a Luanda para, diz, verem "como se faz cada edição do Jornal de Angola".
 
"Até lhes dou o privilégio de elaborarem o plano de edição. Vão perceber que este é um espaço de liberdade como já poucos existem no mundo", conclui.
 
Texto integral do original, em PG
 

1 comentário:

Anónimo disse...

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