Rosa Ramos – Jornal i, com foto António Pedro Santos
A crise está a
juntar as famílias à volta da mesa para pouparem dinheiro, revela estudo sobre
o consumo
A crise está a
obrigar as famílias a regressarem aos velhos hábitos. De maneira a poupar dinheiro,
muitos portugueses estão a optar por voltar a sentar-se à mesa em conjunto à
hora das principais refeições. A conclusão é do estudo “A família moderna
portuguesa: a refeição em família como um dos pilares da instituição familiar”,
segundo o qual a conjuntura económica está a alterar “fortemente” os hábitos de
consumo dos agregados familiares.
Um dos principais
efeitos da crise tem a ver, desde logo, com a redução do consumo. Segundo o
inquérito, 81% dos portugueses admitem ter reduzido, por necessidade, as
despesas com alimentação e bebidas, e quem está a cortar mais neste campo são
as famílias com crianças (48%). O preço tornou-se, por outro lado, um factor
determinante na escolha dos produtos alimentares, afirmando mesmo 86% das
famílias com rendimentos inferiores a 1500 euros ser esse o factor mais
preponderante. Um quarto da população admite, aliás, ter passado a comprar
produtos mais baratos para substituir os tradicionais e 7% deixaram de comprar
“produtos supérfluos”. Só 4% das famílias confessam ter sentido necessidade de
deixar de comprar os alimentos mais básicos e essenciais. As bebidas são o
produto em que mais famílias estão a cortar: 95% admitem tê-lo feito. Além
disso, a água tornou-se a bebida mais popular à mesa. Vinte e um por cento dos
que a consomem às refeições justificam a escolha com o facto de ser “mais
barata”.
O Sul do país é a
região onde a crise, segundo o estudo, parece ter tido maior impacto na
selecção das compras. Mesmo assim, e apesar dos cortes, 94% das mais de 500 famílias
inquiridas afirmam que continuam a considerar o sabor dos alimentos um factor
“importante” na escolha dos produtos alimentares.
A conjuntura
económica está também a juntar as famílias à volta da mesa: 14% dos agregados
familiares estudados dizem ter aumentado as refeições em família e mais de
metade justificam a opção com a “necessidade de poupar”, revela o estudo
realizado pela empresa Compal em parceria com a Associação Portuguesa de
Famílias Numerosas e a Associação Portuguesa de Nutricionistas. As refeições
estão, por outro lado, mais demoradas: 41 minutos é a duração média dos almoços
e dos jantares. A Região Centro é aquela em que as refeições demoram mais. Para
95% dos portugueses, o jantar é a principal refeição familiar e as refeições em
família acontecem sobretudo ao almoço durante o fim-de-semana e ao jantar
durante a semana. A Região Norte é onde se fazem, segundo o estudo, mais
almoços em família durante a semana.
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