ACL – PGF – Lusa,
com foto Manuel de Almeida
O coordenador do BE
João Semedo disse hoje ter "fortes razões" para "admitir"
que "muitos milhões que circularam entre o BPN e a sua clientela
favorita" serviram para financiamento partidário e de campanhas
eleitorais, concretamente do PSD.
"Tenho fortes
razões para admitir que alguns daqueles muitos e muitos milhões que circularam
entre o BPN e a sua clientela favorita, alguns desses milhões alimentaram
candidatos e alimentaram partidos", afirmou João Semedo numa conferência
no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa.
À saída, o
coordenador bloquista esclareceu os jornalistas de que estava a referir-se
concretamente ao PSD.
"O partido que
estava mais próximo dessa realidade, por via dos seus antigos ministro, era o
PSD, era a isso que eu me estava a referir", afirmou.
Na sua intervenção
numa ´mesa redonda' sobre regulação e supervisão do financiamento dos partidos
e campanhas eleitorais, João Semedo considerou "extraordinário que duas
comissões de inquérito, particularmente a primeira, nunca tenham levantado por
esse fio do novelo", o financiamento partidário.
O deputado, que
integrou ambas as comissões de inquérito e disse estar igualmente a fazer uma
autocrítica, afirmou aos jornalistas que "ao longo de muitas audições e
muitos documentos, havia fortes indícios que uma parte pequena, muito pequena,
de todo aquele dinheiro que por ali circulou, foi para financiamento
partidário".
"A comissão
tinha outro mandato, que estava aprovado na Assembleia da República, e portanto
não se preocupou com o financiamento ilícito de partidos e quando falo estou a
pensar claramente no PSD, não estou a pensar em mais nenhum partido, como é
óbvio", declarou.
Da sua experiência
nas comissões parlamentares de inquérito sobre o BPN, João Semedo reteve também
que "é que é muito difícil investigar, averiguar, conhecer, os circuitos
do dinheiro".
"Isto levanta
a questão de se nós dispomos ou não dos meios de investigação suficientes para
poder ir atrás daquilo que se pode chamar a circulação ilícita do dinheiro e do
financiamento partidário. Acho que isso não tem nada a ver com a legislação nem
nada a ver com o modelo, é evidente em Portugal", afirmou.
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