José Inácio
Werneck, Bristol – Direto da Redação, em 29.11.12
Bristol (EUA) -
Colho nos jornais duas notícias aparentemente desvinculadas mas na verdade
muito ligadas. A primeira é que o novo presidente da CBF, José Maria Marin,
afastou a possibilidade de um técnico estrangeiro assumir o comando de nossa
seleção de futebol para a Copa de 2014.
A segunda, colhi no
New York Times, numa reportagem que fala da grave situação econômica de
Portugal. Lá, com foto e tudo, vem a notícia de uma jovem portuguesa, Mônica
Alexandra, que está emigrando para o Brasil.
Como neto de
imigrantes espanhóis e portugueses, desejo sucesso à Mônica. Mas, olhem nova
coincidência: falei em imigrantes espanhóis e a atitude anti-imigratória da CBF
atinge exatamente um espanhol, Pep Guardiola, antigo treinador do Barcelona,
hoje passando um ano em
Nova York.
A resistência à
contratação de Guardiola ou qualquer técnico estrangeiro de futebol decorre do
corporativismo dos treinadores brasileiros. Eles formam um fortíssimo lobby,
argumentando que, como detentor de cinco títulos mundiais, o Brasil não precisa
aprender nada com técnicos estrangeiros.
O curioso é que
nossos técnicos são os primeiros a achar que países estrangeiros devem
contratar brasileiros para dirigir suas seleções. Há muitos anos eles vivem
treinando clubes e países pelo mundo afora, mas a verdade é que ultimamente sua
sapiência não vem sendo muito apreciada no exterior. Há toda uma nova geração
de técnicos europeus, como José Mourinho, André Villas-Boas, Joachim Low, Carlo
Ancelotti e Pep Guardiola, para citar apenas alguns, que vem trazendo novas
fórmulas táticas para o futebol, enquanto nossos treinadores continuam no
ramerrão costumeiro.
Mas falemos da
imigração em geral. Já
escrevi aqui sobre a dívida que o Brasil tem com os imigrantes que escolheram
nosso país e está na hora do governo brasileiro estabelecer regras menos
burocráticas para atrair estrangeiros.
Isto é importante
por dois motivos. O primeiro é que o índice de fertilidade da mulher brasileira
caiu assustadoramente nas últimas décadas. A continuar a situação como está, em
20 ou 30 anos nossa população vai encolher.
A segunda é que há
uma imensa necessidade de imigrantes qualificados em áreas de ciência, física,
educação, química, mão de obra especializada, matemática, tecnologia. É uma
necessidade ditada não apenas pelo crescimento de nossa economia (ao contrário
do que ocorre na Europa) como pela precariedade de nosso ensino. O Brasil
infelizmente não está produzindo quadros de trabalhadores qualificados para
chegar a alcançar o nível de país do Primeiro Mundo.
Precisamos de
imigrantes com alto nível de qualificação. Eles estão disponíveis na Europa. É
de nosso interesse atrai-los.
* É jornalista e
escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados
Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos
Estados Unidos", estudo sociológico, e "Sabor de Mar", novela. É
intérprete judicial do Estado de Connecticut. Trabalha na ESPN e na Gazeta
Esportiva.
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