Deutsche Welle
A crise em Portugal
está a levar muitos estudantes africanos dos países lusófonos a prestar serviço
nas universidades para suportar as despesas. Quando não beneficiam de bolsa ou
quando a perdem, o problema agrava-se.
A gravidade da
situação económica de alguns estudantes africanos é tal que alguns não
conseguem pagar as propinas. Os serviços de apoio social das instituições
universitárias prestam algum auxílio possível, mas por restrições orçamentais
também não conseguem atender todos os casos de estudantes com dificuldades.
Alexandre Silva, 22
anos de idade, frequenta o curso de Ciências Políticas e Relações
Internacionais na Universidade Lusófona, uma instituição privada onde cerca de
40 por cento da comunidade estudantil é constituída africanos. Ele está no
último ano e logo que terminar faz as malas e regressa a Cabo Verde. Um
objetivo que não altera até atravessar o Atlântico para esquecer a crise que
afeta igualmente a vida dos estudantes em Portugal. " Quando eu cheguei já
estava ciente da crise", diz, " mas antes encontrava trabalho, agora
entreguei diversos currículos mas ninguém chama".
Alexandre Silva faz
parte dos que estudam sem bolsa." A minha avó é que me paga as propinas
pois a minha mãe não tem muitas condições, o meu pai também não trabalha, por
isso é que eu estou à procura de um trabalho para ajudar a minha avó
também".
Bolsa de estudo
chega a poucos
Apenas uma minoria
beneficia de bolsa de estudo concedida pelo Estado. Por isso, sublinha, há que
poupar. Alexandre integra o número de estudantes, sobretudo entre guineenses,
são-tomenses e moçambicanos que enfrentam dificuldades financeiras em várias
universidades portuguesas. Nalguns casos, por vergonha, tais dificuldades não
chegam ao conhecimento das instituições. "Este ano já meti os papeis para
tentar uma ajuda e agora estou à espera da resposta" .
Já os colegas
portugueses tiveram que sair à rua para protestar face à degradação das
condições para estudar, a começar pela subida das propinas. Os professores
também contestam. Palavras de António Matos, da Universidade da Beira Interior,
"por exemplo a própria ação social escolar tem neste cerca de 8 mil alunos
que pediram bolsa, mas não têm bolsa porque a verba para a ação escolar
diminui. Há lunos que estão a deixar Universidade ou a pedir para pagar as
propinas em duodécimo, o que dá uma ideia do um mau momento que o ensino
superior vive".
O que terá impacto
na qualidade do ensino a médio e longo prazo. Para os estudantes africanos
oriundos das ex-colónias, é preciso resistir. Contam para isso "com algum
apoio dos serviços sociais das universidades", diz Josemar Afonso, membro
da direção da Associação dos Estudantes Africanos da Universidade Lusófona, mas
é "impossível ajudar toda a gente, mas universidade tem-se sido bastante
compreensiva".
Josemar fez
referência a episódios de desespero ocorridos na instituição e assegurou-nos
que tem sido preocupação da associação estar atenta a cada estudante. Com a
crise em Portugal, sobretudo as universidades públicas temem que 2013 seja pior
e que as restrições orçamentais possam afetar também os acordos com os países
de língua portuguesa.
Autor: João Carlos
( Lisboa) - Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha
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