PNE – HB - Lusa
Macau, China, 30
nov (Lusa) - O economista Albano Martins prevê que a economia de Macau vai
entrar em recessão técnica dentro de dois ou três anos, uma situação difícil de
contrariar dada a dependência da região face ao jogo.
"Teremos muito
provavelmente dentro de dois ou três anos uma recessão técnica da economia de
Macau e, a partir daí, se não houver grandes mudanças na China, provavelmente teremos
crescimentos de jogo apenas a um dígito, o que fará contrair a economia",
disse o economista português, ligado às empresas do magnata do jogo Stanley Ho,
em declarações à agência Lusa.
O Produto Interno
Bruto (PIB) de Macau registou um crescimento de 10 por cento em termos reais
entre janeiro e setembro face a igual período de 2011 para 219,7 mil milhões de
patacas (21 mil milhões de euros) e de 5,1 por cento no terceiro trimestre para
74,9 mil milhões de patacas (7,2 mil milhões de euros), revelam dados oficiais
hoje divulgados.
Segundo as contas
de Albano Martins, no quarto trimestre "poderemos ter um crescimento do
PIB real de pouco mais de dois por cento, o que significa que, no final do ano,
teremos um crescimento entre 7,8 e nove por cento".
Esta situação,
apontou, deve-se ao facto de o "crescimento do jogo - o motor da economia
local -, em termos reais, que já foi negativo no terceiro trimestre, de menos
0,1 por cento, tirando a componente monetária, dever ser ainda mais negativo no
quarto trimestre".
O economista
indicou como fatores de pressão o momento atual de indefinição sobre mudanças
políticas na China, a tentativa de controlo da corrupção e os níveis elevados
de receitas do jogo, que "fazem com que seja extraordinariamente difícil
ultrapassar-se estes valores".
"Até
aparecerem novos complexos de jogo, e mesmo assim não é garantido que o jogo
cresça a dois dígitos, o jogo irá crescer provavelmente a um dígito, ou seja,
em termos reais, provavelmente não crescerá ou irá diminuir", disse.
E se este cenário
se mantiver e não houver substituição por formação bruta de capital fixo - o
que vai acontecer por mais alguns anos porque há grandes complexos de jogo a
serem construídos -, alertou, "teremos de facto uma recessão
técnica".
Na opinião do economista,
esta situação dificilmente poderá ser evitada "porque não há alternativas
ao jogo".
"Neste
momento, a formação bruta de capital fixo tem vindo a crescer relativamente
bem, este ano já deve ter crescido à volta de 13 por cento, e provavelmente vai
continuar a crescer, o que tenta atenuar o efeito do crescimento a um dígito
nominal do jogo, mas quando essa formação deixar de aparecer, vai ser
complicado", prevê.
Albano Martins
apontou que o "consumo privado está a crescer bem, mas que as exportações
de mercadorias praticamente não crescem e as importações são fortíssimas, o que
puxa o PIB para baixo".
"Há fatores
que estão a puxar para cima o crescimento, mas é difícil crescer a dois
dígitos, sem termos o jogo a crescer a dois dígitos, muito difícil, senão
tecnicamente impossível, portanto, dificilmente haverá mecanismos para
contrariar" uma recessão, concluiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário