domingo, 2 de dezembro de 2012

Economista prevê que Macau entre em recessão técnica dentro de dois ou três anos

 

PNE – HB - Lusa
 
Macau, China, 30 nov (Lusa) - O economista Albano Martins prevê que a economia de Macau vai entrar em recessão técnica dentro de dois ou três anos, uma situação difícil de contrariar dada a dependência da região face ao jogo.
 
"Teremos muito provavelmente dentro de dois ou três anos uma recessão técnica da economia de Macau e, a partir daí, se não houver grandes mudanças na China, provavelmente teremos crescimentos de jogo apenas a um dígito, o que fará contrair a economia", disse o economista português, ligado às empresas do magnata do jogo Stanley Ho, em declarações à agência Lusa.
 
O Produto Interno Bruto (PIB) de Macau registou um crescimento de 10 por cento em termos reais entre janeiro e setembro face a igual período de 2011 para 219,7 mil milhões de patacas (21 mil milhões de euros) e de 5,1 por cento no terceiro trimestre para 74,9 mil milhões de patacas (7,2 mil milhões de euros), revelam dados oficiais hoje divulgados.
 
Segundo as contas de Albano Martins, no quarto trimestre "poderemos ter um crescimento do PIB real de pouco mais de dois por cento, o que significa que, no final do ano, teremos um crescimento entre 7,8 e nove por cento".
 
Esta situação, apontou, deve-se ao facto de o "crescimento do jogo - o motor da economia local -, em termos reais, que já foi negativo no terceiro trimestre, de menos 0,1 por cento, tirando a componente monetária, dever ser ainda mais negativo no quarto trimestre".
 
O economista indicou como fatores de pressão o momento atual de indefinição sobre mudanças políticas na China, a tentativa de controlo da corrupção e os níveis elevados de receitas do jogo, que "fazem com que seja extraordinariamente difícil ultrapassar-se estes valores".
 
"Até aparecerem novos complexos de jogo, e mesmo assim não é garantido que o jogo cresça a dois dígitos, o jogo irá crescer provavelmente a um dígito, ou seja, em termos reais, provavelmente não crescerá ou irá diminuir", disse.
 
E se este cenário se mantiver e não houver substituição por formação bruta de capital fixo - o que vai acontecer por mais alguns anos porque há grandes complexos de jogo a serem construídos -, alertou, "teremos de facto uma recessão técnica".
 
Na opinião do economista, esta situação dificilmente poderá ser evitada "porque não há alternativas ao jogo".
 
"Neste momento, a formação bruta de capital fixo tem vindo a crescer relativamente bem, este ano já deve ter crescido à volta de 13 por cento, e provavelmente vai continuar a crescer, o que tenta atenuar o efeito do crescimento a um dígito nominal do jogo, mas quando essa formação deixar de aparecer, vai ser complicado", prevê.
 
Albano Martins apontou que o "consumo privado está a crescer bem, mas que as exportações de mercadorias praticamente não crescem e as importações são fortíssimas, o que puxa o PIB para baixo".
 
"Há fatores que estão a puxar para cima o crescimento, mas é difícil crescer a dois dígitos, sem termos o jogo a crescer a dois dígitos, muito difícil, senão tecnicamente impossível, portanto, dificilmente haverá mecanismos para contrariar" uma recessão, concluiu.
 

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