Embaixador chinês
único diplomata a falar no congresso do partido de Kumba Ialá
11 de Dezembro de
2012, 19:07
Bissau, 11 dez
(Lusa) - O embaixador da China em Bissau, Li Baojun, foi o único representante
de um país estrangeiro a usar da palavra na abertura do 4.º congresso do
Partido da Renovação Social (PRS), do ex-presidente guineense Kumba Ialá.
Num discurso lido
em português, Li Baojun, aplaudido de pé pelos congressistas quando subiu ao
palanque, afirmou que a China, através do Partido Comunista Chinês (PCC),
"mantém boas relações e de longa data com o PRS".
"Estamos
empenhados cada vez mais em reforçar essa cooperação, mas dentro do respeito
recíproco e sem ingerência nos assuntos internos dos nossos dois partidos e
países", disse o diplomata chinês.
Depois de
discursar, Li Baojun cumprimentou efusivamente Kumba Ialá, que se encontrava na
mesa de honra do congresso, a decorrer em Bissau e no qual participam 801
delegados daquela que é a segunda força política da Guiné-Bissau.
O embaixador de
Cuba também assistiu à abertura do congresso dos renovadores guineenses, mas
não usou da palavra.
Sem o tradicional
barrete vermelho, Kumba Ialá foi o principal orador na abertura do congresso e
num discurso de 39 minutos falou dos motivos que o levaram a fundar o PRS,
"das matanças que ocorreram no país" desde 1974, da
"desgovernação" do PAIGC e da sua eleição ao cargo de chefe de Estado
em 2000.
"Quando
tentavam endireitar o país deram o golpe de Estado. Resignei ao meu mandato em
nome da paz e da estabilidade", disse, explicando mais uma vez a sua
versão sobre os motivos que levaram ao último golpe de Estado no país (em abril
passado), que destituiu o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o Presidente
interino, Raimundo Pereira.
Para Kumba Ialá, os
dois foram derrubados pelos militares "porque governavam o país mal e sem
o respeito pelos direitos humanos".
Convidados de honra,
vários dirigentes de partidos guineenses usaram da palavra, com destaque para
António Óscar Barbosa, membro do 'bureau' político do PAIGC (Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde, maior partido) que desejou "um bom
congresso ao PRS".
"Nós do PAIGC
queremos a unidade nos partidos, naturalmente queremos e desejamos que o PRS
saia deste seu congresso mais unido e coeso, que é o que também estamos a fazer
no nosso partido", afirmou Óscar Barbosa.
Antigo ministro dos
Negócios Estrangeiros e atual presidente do PND (Partido da Nova Democracia),
Mamadu Iaia Djaló, ex-dirigente do PRS, disse esperar que do congresso hoje
iniciado não haja rutura do partido de Kumba Ialá.
"Desejo que
não haja turbulências como no passado ao ponto de o partido acabar no tribunal
devido às disputas pela liderança", sublinhou Djaló, atual diretor geral
do Instituto da Previdência Social.
Quem também usou da
palavra e para ser bastante aplaudido pelos congressistas foi Fernando Delfim
da Silva, antigo ministro e atual analista político, que afirmou que "a
democracia guineense sai a ganhar com um PRS forte", estando este partido
no poder ou na oposição.
Os trabalhos do
congresso arrancaram na tarde de hoje com a eleição da mesa do conclave. Para
quinta-feira, está prevista a eleição do novo presidente e novo
secretário-geral do PRS.
MB // PNG
Parlamento da
Guiné-Bissau vai de férias em clima de elogios e concórdia
12 de Dezembro de
2012, 16:58
Bissau, 12 dez
(Lusa) - A última sessão legislativa deste ano da Assembleia Nacional Popular
(ANP) da Guiné-Bissau terminou hoje com rasgados elogios de todas as bancadas
ao trabalho dos deputados e em clima de grande concórdia.
A próxima sessão
ficou marcada para fevereiro de 2013, tendo na sessão que hoje terminou sido
prorrogada a legislatura (até novas eleições) e sido preenchidos os lugares
vagos na mesa da ANP.
Durante o último
mês os deputados também elegeram um presidente para a Comissão Nacional de
Eleições (CNE), reviram a lei de recenseamento eleitoral e aprovaram (em votação
final global) um projeto de lei sobre a carreira docente universitária e o
estatuto da carreira do pessoal efetivo da ANP.
São
"resultados tão palpáveis, tão evidentes, que dispensam qualquer
comentário", disse Rui Diã de Sousa, líder da bancada parlamentar do
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o maior
partido da Guiné-Bissau.
O responsável
lembrou que a ANP esteve muito tempo parada, na sequência do golpe de Estado de
12 de abril passado que afastou os dirigentes eleitos, e disse que os deputados
saem "com o sentimento do dever cumprido".
"Este é o
caminho certo para levar o período de transição até às eleições. Todos os
deputados estão de parabéns", disse Rui Diã de Sousa, no que foi secundado
pelo líder do Partido da Renovação Social (PRS, segundo maior partido), Serifo
Djaló.
No último mês os
deputados mostraram "que o país é superior a qualquer interesse
partidário", disse Serifo Djaló, acrescentando que demonstraram também
"ao povo guineense e à comunidade internacional que os guineenses, podem
reconciliar-se".
Alberto Silva,
falando em nome do Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento
(PRID), aproveitou para dizer que a eleição do presidente da CNE seguiu todas
as leis e que se alguém não o entendeu que procure informar-se, em resposta aos
pequenos partidos, que hoje mesmo entregaram no Supremo Tribunal de Justiça um
pedido de impugnação da eleição do juiz Rui Nené como presidente da CNE.
Recados deixou
também o presidente da ANP, Ibraima Sory Djaló, que na hora de desejar bom
Natal e bom 2013, e de felicitar a união de todos os deputados, disse não estar
preocupado com críticas, porque a ANP está a trabalhar, que foi o que povo lhe
pediu para fazer.
"Estamos
unidos, continuamos unidos, e não nos vamos preocupar com ameaças", disse,
acrescentando que os deputados não estão a tratar de assuntos partidários mas
de assuntos para a Guiné-Bissau.
Sory Djaló disse
também não entender porque é que há pessoas irritadas com a criação de uma
Comissão Parlamentar sobre o processo de transição, visto que a mesma não foi
criada para excluir ninguém, e disse ainda que há pessoas que não entendem
"o valor da ANP".
Uma hora depois das
palavras de Sory Djaló um porta-voz dos pequenos partidos garantia que os
mesmos não iam aceitar "a parlamentarização da transição política".
FP //JMR.
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