segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Massacre do Connecticut: Últimas palavras entre vítima e pai foram em português

 
Bobbie Parker com a filha Emilie, uma das vítimas mortais. Fotografia © REUTERS/Emilie Parker Memorial Fund/Handout

Ana Meireles com agências – Diário de Notícias - Ontem
 
"Eu andava a ensinar-lhe português e as últimas palavras que trocámos foram em português", recordou ontem Bobbie Parker, pai de Emilie, uma das 20 crianças mortas no massacre da escola de Newtown, no estado norte-americano do Connecticut. Este abriu o seu coração e apresentou as suas condolências a todas as famílias, incluindo à do atirador.
 
"Eu ia a sair para o trabalho, ela levantou-se antes de eu sair, eu tenho andado a ensinar-lhe português, a nossa conversa foi em português, disse-me bom dia, perguntou como é que eu estava, eu disse-lhe que estava bem, ela disse que me amava, eu beijei-a e saí", contou Bobbie Parker, de 30 anos.
 
Na declaração que fez ontem aos jornalistas, Bobbie não esqueceu as outras famílias, incluindo a do atirador. "Venho apresentar as minhas condolências mais sinceras a todas as famílias", declarou. "E isto inclui a família do atirador", sublinhou. "Não posso imaginar como esta experiência está a ser difícil para eles", acrescentou o pai de Emilie, morta no massacre.
 
"Quero que saibam que a vossa família tem também o nosso amor e o nosso apoio", continuou este enfermeiro num serviço de cuidados intensivos neonatais, pai de outras duas meninas, de 3 e 4 anos.
 
Bobbie falou também de Emilie, de 6 anos, "uma menina brilhante, criativa e muito amorosa", loirinha de olhos azuis e que ensinou a sua irmã de 4 anos a ler e a de 3 a desenhar.
 
A morte de Emilie e de 19 outras crianças, todas entre os 6 e os 7 anos, devem "inspirar-nos a sermos melhores, mais compassivos e carinhos para com os outros", disse também este jovem pai.
 
"A minha filha Emilie seria a primeira a dar o seu amor e apoio a todas as vítimas", declarou.
 
"Ela era uma artista excecional, levava as canetas e os lápis para todo o lado, nunca perdia uma oportunidade para desenhar ou escrever uma carta", lembrou Bobbie, continuando a falar muitas vezes na filha ainda no presente.
 
Quando se soube do massacre, Bobbie não pôde abandonar o seu local de trabalho. E recordou a angústia de falar ao telefone com a mulher, Alissa, que correu, desesperada, para a escola para procurar a filha.
 

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