terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Portugal: O PODER OCULTO DE MIGUEL RELVAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL…

 


- UM PERIGO REAL PARA A SUA LIBERDADE!
 
João Lemos Esteves – Expresso, opinião, em Blogues
 
Miguel Relvas envergonha o actual executivo. Sei, de fonte segura, que Nuno Crato se sente muito incomodado por se sentar ao lado de um "troca-tintas" , que fez o curso pelo método C (método da cunha), que é, ao fim e ao cabo, a negação do discurso oficial do Governo em matéria de educação, centrado na exigência e qualidade de ensino. Miguel Relvas é, numa frase, a personificação dos vícios do sistema político português. Se pensarmos num político que, no fundo, represente as nossas deficiências democráticas estruturais, que seja um modelo de maus exemplos e práticas políticas deploráveis, então iremos - certamente! - pensar em alguém com o perfil de Miguel Relvas.
 
O caso recentíssimo da RTP veio, apenas, confirmar que Miguel Relvas, embora pareça ausente, está sempre presente na redacção da estação pública. Após o saneamento político vil e miserável de que Nuno Santos foi alvo, subtilmente orquestrado a partir do gabinete de Miguel Relvas, nenhum jornalista se atreverá, com o mesmo desprendimento e liberdade de espírito, realizar uma peça informativa crítica relativamente ao Ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares. Por que é que este caso só pode ter a conclusão óbvia de que se trata de saneamento político? O mais cego é aquele que não quer ver - diz o povo na sua secular e irrefutável sabedoria. Pois bem, no caso RTP, os factos não deixam margem para dúvida. Pasemos a concretizar.
 
Primeiro - o Presidente da RTP é um amigo pessoal e uma escolha da inteira confiança de Miguel Relvas - designado, precisamente, por este Ministro para gerir a estação pública, depois de uma passagem pela gestão de empresas de cervejas. Cedo se percebeu que Alberto da Ponte assumiu o desafio da gestão da RTP com um objectivo: ser o comissário político de Miguel Relvas. Um dos primeiros pontos do caderno de encargos de Alberto da Ponte passava pelo afastamento de Nuno Santos, então director de informação, o qual se recusava a "beijar a mão" de sua Excelência Ministro Miguel Relvas. Ora, o episódio das imagens foi um pretexto ideal para concretizar o desejo do Relvas - que, com este episódio, não deixou margens para dúvidas de quem manda na RTP. A estação passou a ser o veículo de propaganda oficial (e oficiosa)
 
Em segundo lugar, Miguel Relvas - através do comissário Alberto da Ponte - decidiu escolher para director de informação da RTP nada mais, nada menos que....Paulo Ferreira. Qual é a nota distintiva deste jornalista, que, aliás, foi bem salientada pelos diversos órgãos de comunicação social? Ser o jornalista que tem analisado a execução orçamental do Governo com....mais optimismo! Ou seja, tem sido o defensor-mor de Vítor Gaspar nas suas intervenções televisivas. Claro que é só coincidência, claro...pois...nós sabemos....
 
Não pense, porém, o caríssimo leitor, que a influência de Relvas se resume à estação pública. Nem pouco mais ou menos. Na verdade, eu próprio testemunhei uma conversa entre Miguel Relvas - já Ministro! - e uma jornalista, em que o primeiro perguntava se a jornalista estava feliz com o seu trabalho - é que o sempre solícito Miguel Relvas tinha ouvido que a pobre tinha problemas com o seu Chefe de Redacção. Claro que ele, o Relvas, se mostrou disponível para resolver a sua situação.... Palavras para quê? É Miguel Relvas. E basta. Pena é que a democracia esteja, assim, cada vez mais fragilizada.
 

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