Luís Claro – Jornal i, com foto Paulo Cordeiro/Lusa
PSD não quer ficar
colado ao ministro e Marcelo Rebelo de Sousa classificou o apoio de Relvas como
“um beijo da morte”
O pré-anúncio feito
por Miguel Relvas de que o candidato do PSD a Lisboa será Fernando Seara já
teve uma consequência interna: o adiamento da apresentação da candidatura dos
sociais-democratas à câmara de capital.
Relvas antecipou-se
e não só deu praticamente como certo que Seara seria candidato como se mostrou
disponível para fazer campanha de “manhã à noite” ao lado do autarca de Sintra.
O voluntarismo do ministro não agradou nem a Seara – que nunca assumiu
publicamente que é candidato –, nem aos sociais--democratas que estão a
conduzir este processo. A estratégia passa agora por controlar danos e colar o
menos possível o lançamento do candidato em Lisboa às declarações de Relvas.
Certo é que
Fernando Seara será o candidato do PSD, embora ainda não exista uma data
definida para o apresentar. O sentimento de alguns sociais- -democratas ouvidos
pelo i sobre a forma como este processo está a ser conduzido foi expresso de
viva voz pelo ex-líder do partido Marcelo Rebelo de Sousa. “Qualquer apoio que
o ministro Miguel Relvas dê a um candidato é um beijo da morte.”
Marcelo avisou que
é preciso ter mais cuidado na forma como se apresentam os candidatos às
autárquicas e garantiu que, “se há coisa que um candidato deve pedir, é que um
membro do governo muito desgastado não apareça como maior patrono dessa
candidatura”. “Isso retira votos”, avisou.
O sentimento de
alguns sociais--democratas não é muito diferente. Perante a impopularidade do
governo há quem avise que é preciso gerir as autárquicas com todas as cautelas,
numa altura em que os portugueses estão descontentes com as pesadas medidas de
austeridade e ainda mais vão estar em 2013 – ano de eleições no poder local. “O
que parece é que todos querem ficar com o ónus do candidato em Lisboa, mas
ninguém quer ficar com o ónus do resultado”, diz ao i um dirigente
social--democrata, desagradado com a forma como o processo está a ser
conduzido.
Em Lisboa, uma
vitória do PSD – que deverá concorrer coligado com os centristas – é
considerada muito difícil, já que do outro lado está António Costa. O
presidente da Câmara de Lisboa não perdeu a oportunidade para colar o mais que
conseguiu a candidatura de Seara ao ministro dos Assuntos Parlamentares.
“Ficamos a conhecer a nova ambição do ministro Relvas: controlar a Câmara de
Lisboa”, disse o socialista – que ainda não apresentou a sua recandidatura
formalmente –, desafiando o ministro a “candidatar-se em vez de querer empurrar
alguém que já se queria reformar das lides autárquicas”.
A campanha arrancou
em Lisboa e Costa pediu ao adversário que ela “decorra com mais clareza do que
aquela com que começou”.
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