domingo, 6 de janeiro de 2013

Estado espanhol investiu em dívida 90% das reservas da Segurança Social para pensões




Esquerda net - foto Javier Lizon, Lusa

Silenciosa e lentamente, o Estado espanhol esvaziou o Fundo de Reserva da Segurança Social para compra de obrigações e dívida própria. Segundo o The Wall Street Journal, Madrid terá gasto nesses fins pelo menos 90% dos 65.000 milhões de euros que compunham esta reserva, destinada a garantir o pagamento de pensões. Artigo publicado no Diário Liberdade.

A reserva da Segurança Social está a esgotar-se a uma velocidade preocupante, 'graças' à sua utilização para pagamento de dívida. Assim, a utilização massiva do fundo para fins não relacionados com os objetivos para os que fora criado coloca as futuras e futuros pensionistas em maus lençóis, e parece confirmar que o governo de Rajoy prevê um futuro sem proteção social.

O governo espanhol, comandado pela ultradireita (Partido Popular), justifica a sustentabilidade da manobra já que, segundo avança, a economia começará a recuperar-se em 2013. Porém, hoje existem enormes dúvidas sobre essa previsão e analistas avaliam que o Estado espanhol possa ter mesmo problemas para satisfazer as suas necessidades de financiamento neste ano. Isso poderá levar ao esgotamento total do Fundo de Reserva e, assim que essa fonte acabar, a que o Estado espanhol peça um resgate.

O investimento de pelo menos 90% do Fundo de Reserva da Segurança Social para pagar a dívida do regime espanhol viola inclusive as próprias leis desse governo, pois um decreto promulgado por Madrid estabelecia que o dinheiro pertencente a esse fundo só poderia ser investido em elementos "de alta qualidade creditícia e alto nível de liquidez". Condições que, obviamente, não cumpre hoje a dívida do decadente Estado espanhol.

Ainda que Tomás Burgos, Secretário de Estado da Segurança Social -e, aliás, envolvido em casos de corrupção nas Ilhas Canárias-, defenda que o fundo é o bastante sólido para assegurar o pagamento das pensões futuras, o certo é que nas condições atuais de desemprego e recessão económica há poucos motivos para confiar nas suas palavras, sobretudo tendo em conta que o Sistema da Segurança Social tem um défice de 3.000 milhões.

Uma última reflexão pode indicar para onde vai o dinheiro dessa dívida: Segundo dados de outubro da 'Comissão Nacional da Competência' (CNC) só em 2010 a banca recebeu 87.145,47 milhões de euros do governo espanhol (dá a 1.846,67 euros por pessoa). Quase 150% dos fundos que ao longo dos anos se tinham conseguido aforrar no Fundo de Reserva da Segurança Social.

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