Jornal i - Lusa
O Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP) refutou hoje as declarações do
presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, Sérgio Aires, de que "há
desempregados tratados como bandidos", nos centros de emprego.
Em comunicado, o
Conselho Diretivo do IEFP "entende, por não corresponderem à verdade,
expressar indignação perante tais afirmações", consideradas
"atentatórias das relevantes atividades sociais promovidas pelo IEFP e da dignidade
pessoal e profissional dos trabalhadores", dos centros de emprego do país.
O IEFP lembra que
as reclamações - em Livro Amarelo ou em cartas dirigidas à direção - "são
residuais perante as centenas de milhares de utentes que são atendidos",
sustentando que "o sentimento geral dos portugueses é de terem no IEFP e
nos seus trabalhadores aliados".
Esclarece ainda o
IEFP que "o grande fluxo de utentes e pessoas desempregadas, aos centros
de emprego, constitui uma pressão ao desenvolvimento de um trabalho em
qualidade", pelo que o organismo "tem procurado desenvolver novos
processos de modernização dos serviços".
Na sexta-feira, o
presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza denunciou a existência de centros de
emprego que tratam os desempregados como "bandidos" e esquecem-se de
que, para terem direito a subsídio de desemprego, essas pessoas já descontaram
para a Segurança Social.
Sérgio Aires falava
no decorrer do debate promovido pela rádio Antena 1 sobre "Estado Social.
Que futuro?", em Lisboa, no qual criticou o facto de alguns centros de
emprego tratarem os desempregados como "bandidos".
No final do debate,
o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal admitiu à agência
Lusa que alguns centros de emprego, em algumas zonas do país, estão a passar
por situações "que os próprios funcionários nunca imaginaram",
"desde o número de pessoas que acorre aos centros de emprego até ao volume
de trabalho que também aumentou".
Sérgio Aires frisou
que se trata de um "trabalho meramente burocrático", porque as
"pessoas vão aos centros de emprego marcar presença", em vez de irem
procurar ofertas de emprego ou mostrar que andam à procura de emprego.
"É provável
que o cansaço de alguns funcionários de alguns centros de emprego ajude a que
esta interpretação seja feita, principalmente em cidades onde o desemprego é
mais acutilante, como Setúbal ou o Porto, mas a verdade é que os ecos que nos
chegam é que as pessoas são tratadas como se não tivessem direito a receber
aquele valor e estão a tirar dinheiro a alguém", criticou.
Sublinhou que esta
é uma situação "emocionalmente muito pesada" para alguém que não
contava estar desempregada, que tem outras pessoas a cargo e que muitas vezes,
para terem algum rendimento extra, têm de fazer coisas
"inimagináveis" como ir buscar um familiar a um lar para poder ter
acesso ao valor da pensão e complementar assim o rendimento mensal do agregado
familiar.
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