sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Angola: TRUQUES “SOBERANOS”, MAIS PROFESSORES PORTUGUESES PARA ANGOLA




Parecer de Jorge Miranda sobre Fundo Soberano de Angola visa pressionar TC -- CASA-CE

01 de Fevereiro de 2013, 16:31

Luanda, 01 fev (Lusa) - O parecer de Jorge Miranda sobre o Fundo Soberano de Angola visa pressionar o Tribunal Constitucional, que vai decidir se José Eduardo dos Santos usurpou as suas competências constitucionais, considerou em comunicado o partido da oposição que suscitou a questão.

Segundo a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), o parecer elaborado pelo constitucionalista português, "não passa de uma opinião inconsistente e confusa exprimida por uma personalidade portuguesa".

"Um parecer que não chega sequer a esbater os fundamentos jurídicos das alegações da CASA-CE apresentadas ao Tribunal Constitucional", acrescenta aquele partido da oposição angolana.

No parecer elaborado por Jorge Miranda, este académico considerou legítimo que o presidente angolano decida sozinho sobre a criação do Fundo Soberano.

No comunicado enviado à Lusa, a CASA-CE defende que a "oportunidade da publicação" do parecer "apenas visa exercer pressão psicológica sobre o Tribunal Constitucional", por ter sido publicado justamente quando o TC está a apreciar o requerimento de impugnação apresentado por aquele partido.

A CASA-CE destaca ainda que o parecer foi solicitado a um académico de nacionalidade portuguesa e pago com "dinheiros públicos retirados do mesmo" Fundo Petrolífero.

Aquela formação política, que ficou em terceiro lugar nas eleições gerais de 31 de agosto e que é liderada por Abel Chivukuvuku, dissidente da UNITA, lamenta, por outro lado, "que ainda existam angolanos com a mentalidade de subserviência voluntária de colonizado, que atribui caráter de verdade absoluta e peso de lei, aos pronunciamentos dos antigos colonizadores".

Em declarações à Lusa, em Lisboa, Jorge Miranda disse que "a criação do Fundo entra claramente dentro do âmbito da competência do poder executivo [do presidente]", previsto na Constituição angolana.

No seu comunicado de hoje, a CASA-CE alerta a opinião pública angolano sobre o que classifica como "exercício maquiavélico em curso" que visa "o branqueamento dos atos inconstitucionais praticados pelo Presidente da República como Titular do Poder Executivo".

A concluir o documento, a CASA-CE expressa "com reserva" a sua esperança de que o TC "assuma as suas responsabilidades com base na verdade material dos factos, a si requerido, nas normas constitucionais, e com patriotismo, para o bem da nação".

O Fundo Soberano de Angola, uma evolução do Fundo Petrolífero, com um investimento de cinco mil milhões de dólares, foi lançado a 17 de outubro de 2012 e tem como presidente Armando Manuel, assessor económico de José Eduardo dos Santos, e dois administradores, entre os quais José Filomeno dos Santos, filho do chefe de Estado angolano.

EL (CFF/NME) // PJA

Portugal vai enviar este mês mais 30 professores para Angola

01 de Fevereiro de 2013, 18:27

Caxito, Angola, 01 fev (Lusa) - Portugal vai enviar este mês mais 30 professores para Angola, para o projeto de cooperação na área da educação, de formação de docentes angolanos, anunciou em Luanda um responsável do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

O anúncio foi feito por Francisco Almeida Leite, vogal do Conselho Diretivo do Camões, no final de uma visita ao Caxito, província do Bengo, onde se encontra localizado o Centro de Investigação em Saúde em Angola (CISA), uma parceria entre os dois países na área da saúde.

Aqueles 30 professores vão juntar-se aos cerca de 200 docentes portugueses que já trabalham em Angola, no âmbito do projeto Saber Mais, uma parceria bilateral técnico-financeira, que visa fortalecer o Ensino Secundário em Angola através do reforço formativo nas Escolas de Formação de Professores.

O Saber Mais está em curso nas províncias de Benguela, Namibe e Cabinda e abrangeu já cerca de 2.000 futuros professores, assumindo a formação contínua de cerca de 500 agentes educativos.

Francisco de Almeida Leite salientou que existem pedidos para o envio de professores portugueses para outras províncias angolanas.

"As autoridades angolanas têm que ajudar as autoridades portuguesas a garantir alojamento, segurança nos projetos e o cofinanciamento", referiu aquele responsável, acrescentando: "em tempos de grandes constrangimentos orçamentais, Portugal vai manter a verba de 1,1 milhões de euros para ajudar a reforma do sistema educativo angolano".

Na visita ao Caxito, a delegação do CICL foi acompanhada por Isabel Mota, administradora da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), instituição que cofinancia o CISA, outra parceria luso-angolana em que intervêm ainda o Ministério da Saúde de Angola e o Governo Provincial do Bengo.

No CISA, um projeto virado para a área formativa, investigação clínica e assistência médica, Portugal vai manter o apoio que já lhe atribui, no valor de 500 mil euros.

Francisco de Almeida Leite congratulou-se com o facto de ambas as partes estarem disponíveis a financiar o projeto, que agora passou a ser um instituto público angolano.

"Angola prometeu continuar a ajudar o projeto CISA que era a parte mais importante que tínhamos para resolver aqui", frisou.

Isabel Mota disse à imprensa que a FCG vai em breve lançar um programa de doutoramento na área da Saúde, que será cofinanciado por Angola.

A delegação do CICL, que regressa sábado a Lisboa, manteve encontros com vários responsáveis governamentais angolanos, para ultimar as negociações do Programa Indicativo de Cooperação, válido para o quadriénio 2011/2014, substituindo o que caducou em 2010.

Entre os governantes angolanos com quem reuniu, Francisco Almeida Leite citou o encontro de trabalho com o responsável da pasta do Interior, Ângelo Veiga, em que manifestou a disponibilidade de Portugal em continuar a apoiar Angola na reforma das forças de segurança.

"A ajuda que Portugal vai dar é voltada para a área da cooperação técnico-policial", disse, salientando que o ministro angolano manifestou a intenção de transformar o Instituto de Polícia de Angola num instituto superior, intenção que Portugal está disponível para ajudar.

Relativamente ao PIC que está a ser negociado, e que ainda não tem data para assinatura, Francisco Almeida Leite disse que o valor total deverá situar-se nos 33 milhões de euros.

NME/EL // PJA

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