Pedro Rainho - Jornal
i
Metade dos
inquiridos chama Cavaco Silva ao palco principal: Chefe de Estado deve convocar
eleições antecipadas perante um chumbo do TC
A maioria dos
portugueses não dá margem de manobra ao presidente da República. Caso o
Tribunal Constitucional decida pelo chumbo de alguma das três normas do
Orçamento de Estado (OE) sob escrutínio, Cavaco Silva deve dissolver a
Assembleia da República e convocar eleições antecipadas. É, pelo menos, essa a
opinião de metade dos inquiridos (50,8%) do barómetro i/Pitagórica.
Entre os defensores
desta opção radical, destacam-se os homens com idades entre os 35 e 54 anos, de
classe social A e B, sendo que a maioria votou nos três partidos de esquerda
nas últimas eleições legislativas de 2011.
Não muito atrás
surge a possibilidade de uma remodelação do governo. É que, mesmo que os
eleitores não sejam convocados para uma ida às urnas ainda este ano, 38,5% dos
participantes na sondagem de Março subscreve a ideia de que Cavaco Silva
deveria assumir um papel interventivo junto do governo, no sentido de forçar o
primeiro-ministro a renovar o rosto de alguns dos seus responsáveis
ministeriais.
PASSOS SOB PRESSÃO
Também
nesta sondagem o primeiro-ministro é encostado à parede, com uma espada em
riste apontada na sua direcção. 47,7% dos inquiridos sustenta que, no caso de
um chumbo ao OE pelo segundo ano consecutivo, Pedro Passos Coelho deverá, sem
mais demoras, apresentar a sua demissão ao presidente da República. Neste caso,
Cavaco teria que ponderar se convidaria o PSD (ou outro partido) a indicar um
novo primeiro-ministro ou se convocaria eleições antecipadas.
A opção da demissão
do governo é mais popular entre os inquiridos das classes A e B e entre os
eleitores que nas legislativas de 2011 votaram na CDU.
No outro lado da
balança, 46,9% dos inquiridos admitem outros cenários. Mas entre esses, 32,6%
defendem que o orçamento deve ser rectificado e Pedro Passos Coelho deve
refrescar a composição do governo.
Ainda entre os que
afastam as eleições antecipadas, mas em menor número, apenas 14,3% considera a
possibilidade de que à rectificação do Orçamento se siga a apresentação de uma
moção de confiança na Assembleia. A ser aprovada, a moção permitiria ao governo
reagir à censura de que vai ser alvo por iniciativa do PS e reforçar a unidade
dentro da coligação PSD/CDS. Uma estratégia em tempo útil para segurar a
maioria, numa altura em que do lado do CDS se levantam vozes a defender uma
renovação dos protagonistas em certas cadeiras ministeriais.
TC CENSURADO
Sem
grandes margens para dúvidas surge - entre 89,7% dos 503 inquiridos na sondagem
i/Pitagórica - a ideia de que se vai esgotando o tempo para uma posição oficial
por parte do Tribunal Constitucional, cumpridos que estão quase três meses
sobre a entrega do documento pela presidência da República.
Cavaco Silva enviou
as normas que lhe suscitavam dúvidas de constitucionalidade no primeiro dia
deste ano. Mas, no último fim de semana, o semanário Sol escrevia que a demora
na divulgação da decisão se prendia com a “complexidade” das normas em análise.
O Tribunal Constitucional disse àquele jornal que o processo estaria a seguir
“com a celeridade correspondente ao grau de prioridade que lhe foi atribuído”.
No extremo oposto,
em sentido dissonante, apenas 3,2% dos inquiridos considera que os timings do
tribunal estão dentro do aceitável. Uma minoria, esta que se afasta do coro de
censura ao tribunal pela demora na tomada de uma decisão.
As últimas críticas
partiram do próprio primeiro-ministro. Ainda na tarde de ontem, Pedro Passos
Coelho começou por garantir que não tinha a mínima intenção de “antecipar” a
decisão do Tribunal Constitucional. Mas, logo no segundo seguinte, o chefe do
governo sublinhava a ideia de que todos têm “responsabilidade” neste “tempo
histórico” que testemunham os portugueses.
Ficha técnica
Objectivo:
Estudo de opinião
realizada pela pitagórica – investigação e estudos de mercado sa, para o jornal
i, entre 19 e 24 de Março de 2013. Foram realizadas entrevistas telefónicas -
ca ti por entrevistadores seleccionados e supervisionados, com o objectivo de
conhecer a opinião sobre questões políticas e socais da actualidade nacional.
Universo:
o universo é
constituído por indivíduos de ambos os sexos, com 18 ou mais anos de idade,
recenseados em Portugal e com telefone fixo ou móvel.
Recolha de
informação:
Foram validadas 503
entrevistas correspondendo a 76,44% das tentativas realizadas. Foi utilizada
uma amostragem por quotas de sexo, idade e distrito: (homens- 234; mulheres –
269; 18-34 anos: 147; 35-54 anos: 186 e 55 ou mais anos:170; norte: 172; centro
120; lisboa: 130; Alentejo: 35; Algarve 20 e ilhas: 26). a geração dos números
móveis a contactar foi aleatória e a dos números fixos seleccionada
aleatoriamente por distrito nas listas telefónicas. Em ambos os casos o
entrevistado foi seleccionado de acordo com as quotas estipuladas no caso da intenção
de voto, são considerados 465 inquiridos após tratamento da abstenção. Na
projecção de voto os indecisos (32,2%) foram distribuídos de forma
proporcional.
Amostra e erro:
O erro máximo da
amostra é de 4,5%, para um grau de probabilidade de 95,5%. Um exemplar deste
estudo de opinião está depositado na entidade reguladora para a comunicação
social.
Sem comentários:
Enviar um comentário