quinta-feira, 28 de março de 2013

Portugal - Barómetro i/Pitagórica. Maioria quer eleições, caso o TC chumbe o orçamento




Pedro Rainho - Jornal i

Metade dos inquiridos chama Cavaco Silva ao palco principal: Chefe de Estado deve convocar eleições antecipadas perante um chumbo do TC

A maioria dos portugueses não dá margem de manobra ao presidente da República. Caso o Tribunal Constitucional decida pelo chumbo de alguma das três normas do Orçamento de Estado (OE) sob escrutínio, Cavaco Silva deve dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas. É, pelo menos, essa a opinião de metade dos inquiridos (50,8%) do barómetro i/Pitagórica.

Entre os defensores desta opção radical, destacam-se os homens com idades entre os 35 e 54 anos, de classe social A e B, sendo que a maioria votou nos três partidos de esquerda nas últimas eleições legislativas de 2011.

Não muito atrás surge a possibilidade de uma remodelação do governo. É que, mesmo que os eleitores não sejam convocados para uma ida às urnas ainda este ano, 38,5% dos participantes na sondagem de Março subscreve a ideia de que Cavaco Silva deveria assumir um papel interventivo junto do governo, no sentido de forçar o primeiro-ministro a renovar o rosto de alguns dos seus responsáveis ministeriais.

PASSOS SOB PRESSÃO 

Também nesta sondagem o primeiro-ministro é encostado à parede, com uma espada em riste apontada na sua direcção. 47,7% dos inquiridos sustenta que, no caso de um chumbo ao OE pelo segundo ano consecutivo, Pedro Passos Coelho deverá, sem mais demoras, apresentar a sua demissão ao presidente da República. Neste caso, Cavaco teria que ponderar se convidaria o PSD (ou outro partido) a indicar um novo primeiro-ministro ou se convocaria eleições antecipadas.

A opção da demissão do governo é mais popular entre os inquiridos das classes A e B e entre os eleitores que nas legislativas de 2011 votaram na CDU.

No outro lado da balança, 46,9% dos inquiridos admitem outros cenários. Mas entre esses, 32,6% defendem que o orçamento deve ser rectificado e Pedro Passos Coelho deve refrescar a composição do governo.

Ainda entre os que afastam as eleições antecipadas, mas em menor número, apenas 14,3% considera a possibilidade de que à rectificação do Orçamento se siga a apresentação de uma moção de confiança na Assembleia. A ser aprovada, a moção permitiria ao governo reagir à censura de que vai ser alvo por iniciativa do PS e reforçar a unidade dentro da coligação PSD/CDS. Uma estratégia em tempo útil para segurar a maioria, numa altura em que do lado do CDS se levantam vozes a defender uma renovação dos protagonistas em certas cadeiras ministeriais.

TC CENSURADO 

Sem grandes margens para dúvidas surge - entre 89,7% dos 503 inquiridos na sondagem i/Pitagórica - a ideia de que se vai esgotando o tempo para uma posição oficial por parte do Tribunal Constitucional, cumpridos que estão quase três meses sobre a entrega do documento pela presidência da República.

Cavaco Silva enviou as normas que lhe suscitavam dúvidas de constitucionalidade no primeiro dia deste ano. Mas, no último fim de semana, o semanário Sol escrevia que a demora na divulgação da decisão se prendia com a “complexidade” das normas em análise. O Tribunal Constitucional disse àquele jornal que o processo estaria a seguir “com a celeridade correspondente ao grau de prioridade que lhe foi atribuído”.

No extremo oposto, em sentido dissonante, apenas 3,2% dos inquiridos considera que os timings do tribunal estão dentro do aceitável. Uma minoria, esta que se afasta do coro de censura ao tribunal pela demora na tomada de uma decisão.

As últimas críticas partiram do próprio primeiro-ministro. Ainda na tarde de ontem, Pedro Passos Coelho começou por garantir que não tinha a mínima intenção de “antecipar” a decisão do Tribunal Constitucional. Mas, logo no segundo seguinte, o chefe do governo sublinhava a ideia de que todos têm “responsabilidade” neste “tempo histórico” que testemunham os portugueses.

Ficha técnica

Objectivo:
Estudo de opinião realizada pela pitagórica – investigação e estudos de mercado sa, para o jornal i, entre 19 e 24 de Março de 2013. Foram realizadas entrevistas telefónicas - ca ti por entrevistadores seleccionados e supervisionados, com o objectivo de conhecer a opinião sobre questões políticas e socais da actualidade nacional.

Universo:
o universo é constituído por indivíduos de ambos os sexos, com 18 ou mais anos de idade, recenseados em Portugal e com telefone fixo ou móvel.

Recolha de informação:
Foram validadas 503 entrevistas correspondendo a 76,44% das tentativas realizadas. Foi utilizada uma amostragem por quotas de sexo, idade e distrito: (homens- 234; mulheres – 269; 18-34 anos: 147; 35-54 anos: 186 e 55 ou mais anos:170; norte: 172; centro 120; lisboa: 130; Alentejo: 35; Algarve  20 e ilhas: 26). a geração dos números móveis a contactar foi aleatória e a dos números fixos seleccionada aleatoriamente por distrito nas listas telefónicas. Em ambos os casos o entrevistado foi seleccionado de acordo com as quotas estipuladas no caso da intenção de voto, são considerados 465 inquiridos após tratamento da abstenção. Na projecção de voto os indecisos (32,2%) foram distribuídos de forma proporcional.

Amostra e erro:
O erro máximo da amostra é de 4,5%, para um grau de probabilidade de 95,5%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na entidade reguladora para a comunicação social.


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