segunda-feira, 25 de março de 2013

RENAMO E MDM CRITICAM DISCURSO “RETRÓGADO” DE PRESIDENTE MOÇAMBICANO




MMT – MLL - Lusa

Maputo, 25 mar (Lusa) - A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), principais partidos da oposição, criticaram hoje o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, pelo discurso "retrógrado" segundo o qual país "não precisa de um patrão estrangeiro".

Falando no encerramento da II Sessão Ordinária do comité central da Frelimo, no domingo, o também presidente do partido no poder em Moçambique disse "a todos os que se sentem carentes de patrão" que o país não precisa de "um patrão estrangeiro".

"A todos os que se sentem carentes de patrão, um patrão que deve ser necessariamente estrangeiro, nós já somos um Moçambique livre e independente, um país cujo patrão é o maravilhoso povo moçambicano. Repetimos, nós não precisamos de um patrão estrangeiro", declarou o líder da Frelimo.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, considerou "incoerente" o discurso de Armando Guebuza, afirmando que "quando quer pedir ajuda vai esticar a mão a estes patrões, mas quando estes querem impor transparência, os humilha".
"Ficamos bastante embasbacados com este tipo de discurso", aliás, "são retrógrados e está fora de uso designar parceiros como estrangeiros", pois "isso demonstra falta de coerência discursiva. Estamos na era da globalização", referiu Fernando Mazanga.

A referência a um patrão estrangeiro aparentemente aludia ao facto de a Renamo ter recebido apoios do regime de minoria branca da Rodésia do Sul, atual Zimbabué, e, mais tarde, do "apartheid", da África do Sul, durante o tempo em que movia uma guerra contra a Frelimo.

O porta-voz da Renamo lembrou que as autoridades moçambicanas "têm a tendência de olhar para a mão externa" sempre que se lançam críticas ao sistema governativo, mas, disse, "estes estrangeiros não têm falta de comida no seu país, estão é preocupados em ajudar Moçambique no que diz respeito aos direitos humanos".

Por seu turno, o chefe da bancada parlamentar do MDM, Lutero Simango, sublinhou que "o grande problema é que o país está a seguir a economia de mercado", mas o que se quer é que "haja honestidade" do capital proveniente dos empresários nacionais ou estrangeiros.

"Quando os moçambicanos questionam não o fazem por ser este ou aquele estrangeiro a trazer o capital. Pretendem que o capital seja justo, livre e honesto", disse Lutero Simango, em declarações à Lusa.

Opinião Página Global

Independentemente do contexto em que o Presidente Guebuza se pronunciou, a simples frase, só por si, tem toda a razão de existir num país que esteve durante séculos sob o jugo do colonialismo português, que era “seu patrão e seu dono”, dizemos nós. É evidente que Moçambique ou outro país que pelejou tanto pela sua independência e liberdade, o seu povo, não precisa de novos patrões nem de novos donos num novo formato de colonialismo – ou se quiserem de neocolonialismo.

O facto de os partidos políticos opositores terem perspetivas diferentes da Frelimo, que é o partido que está atualmente no poder, e de apontarem erros crassos à governança, de se queixarem com razão da corrupção e certas prepotências em que têm toda a razão, mostra que não deveriam, em nossa opinião, de esvaziar e discordar da frase em questão e pronunciada por Guebuza. Certamente que os moçambicanos não querem voltar a ter novos donos e novos patrões (ou patrão). Nenhum moçambicano deve desejar que esse tempo volte. O imperioso é, muito simplesmente, não cobiçar o poder pelo poder e para se governarem (roubarem) mas sim para governar o povo e o país com sabedoria, civilidade, justiça, democracia, honestidade. Isso é o que apontam (com alguma razão) que falta à Frelimo… Mas não queiram o poder para fazer o mesmo ou ainda pior. Não impliquem com frases cujo significado é razoável e até justificado, patriótico, para ser oposição, porque assim o que demonstram é querer o poder pelo poder (confundir o povo) e o país e o povo ficam para segundo ou terceiro plano. Saibam ser oposição digna e credível, merecedora de ser eleita para servir e não para se servirem. 

Na realidade os moçambicanos não precisam de mais nenhum patrão estrangeiro ou nacional introduzido no próprio governo – tratando o povo como “contratados”. Qualquer povo do mundo merece o melhor da liderança que se instale no poder. Isso é o que em imensos casos não acontece. A falência de bons lideres está a ser mais que evidente. (Redação PG)

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