MMT – MLL - Lusa
Maputo, 25 mar
(Lusa) - A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e o Movimento
Democrático de Moçambique (MDM), principais partidos da oposição, criticaram
hoje o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, pelo discurso
"retrógrado" segundo o qual país "não precisa de um patrão
estrangeiro".
Falando no
encerramento da II Sessão Ordinária do comité central da Frelimo, no domingo, o
também presidente do partido no poder em Moçambique disse "a todos os que
se sentem carentes de patrão" que o país não precisa de "um patrão
estrangeiro".
"A todos os
que se sentem carentes de patrão, um patrão que deve ser necessariamente
estrangeiro, nós já somos um Moçambique livre e independente, um país cujo
patrão é o maravilhoso povo moçambicano. Repetimos, nós não precisamos de um
patrão estrangeiro", declarou o líder da Frelimo.
Em declarações à
agência Lusa, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, considerou
"incoerente" o discurso de Armando Guebuza, afirmando que
"quando quer pedir ajuda vai esticar a mão a estes patrões, mas quando
estes querem impor transparência, os humilha".
"Ficamos
bastante embasbacados com este tipo de discurso", aliás, "são
retrógrados e está fora de uso designar parceiros como estrangeiros", pois
"isso demonstra falta de coerência discursiva. Estamos na era da
globalização", referiu Fernando Mazanga.
A referência a um
patrão estrangeiro aparentemente aludia ao facto de a Renamo ter recebido
apoios do regime de minoria branca da Rodésia do Sul, atual Zimbabué, e, mais
tarde, do "apartheid", da África do Sul, durante o tempo em que movia
uma guerra contra a Frelimo.
O porta-voz da
Renamo lembrou que as autoridades moçambicanas "têm a tendência de olhar
para a mão externa" sempre que se lançam críticas ao sistema governativo,
mas, disse, "estes estrangeiros não têm falta de comida no seu país, estão
é preocupados em ajudar Moçambique no que diz respeito aos direitos
humanos".
Por seu turno, o
chefe da bancada parlamentar do MDM, Lutero Simango, sublinhou que "o
grande problema é que o país está a seguir a economia de mercado", mas o
que se quer é que "haja honestidade" do capital proveniente dos
empresários nacionais ou estrangeiros.
"Quando os
moçambicanos questionam não o fazem por ser este ou aquele estrangeiro a trazer
o capital. Pretendem que o capital seja justo, livre e honesto", disse
Lutero Simango, em declarações à Lusa.
Opinião Página
Global
Independentemente
do contexto em que o Presidente Guebuza se pronunciou, a simples frase, só por si, tem toda a razão de existir num país que esteve durante séculos sob o jugo do
colonialismo português, que era “seu patrão e seu dono”, dizemos nós. É evidente
que Moçambique ou outro país que pelejou tanto pela sua independência e
liberdade, o seu povo, não precisa de novos patrões nem de novos donos num novo formato de colonialismo – ou se quiserem de neocolonialismo.
O facto de os
partidos políticos opositores terem perspetivas diferentes da Frelimo, que é o
partido que está atualmente no poder, e de apontarem erros crassos à
governança, de se queixarem com razão da corrupção e certas prepotências em que
têm toda a razão, mostra que não deveriam, em nossa opinião, de esvaziar e discordar da
frase em questão e pronunciada por Guebuza. Certamente que os moçambicanos não
querem voltar a ter novos donos e novos patrões (ou patrão). Nenhum moçambicano
deve desejar que esse tempo volte. O imperioso é, muito simplesmente, não
cobiçar o poder pelo poder e para se governarem (roubarem) mas sim para
governar o povo e o país com sabedoria, civilidade, justiça, democracia,
honestidade. Isso é o que apontam (com alguma razão) que falta à Frelimo… Mas não
queiram o poder para fazer o mesmo ou ainda pior. Não impliquem com frases cujo
significado é razoável e até justificado, patriótico, para ser oposição, porque
assim o que demonstram é querer o poder pelo poder (confundir o povo) e o país e o povo ficam para
segundo ou terceiro plano. Saibam ser oposição digna e credível, merecedora de
ser eleita para servir e não para se servirem.
Na realidade os moçambicanos não
precisam de mais nenhum patrão estrangeiro ou nacional introduzido no próprio governo –
tratando o povo como “contratados”. Qualquer povo do mundo merece o melhor da liderança que se instale no poder. Isso é o que em imensos casos não acontece. A falência de bons lideres está a ser mais que evidente. (Redação PG)
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