Alessandro
Lo-Bianco – Maria Inez Magalhães – Raphael Bittencourt – O Dia
Além do município,
Magé, Niterói, Caxias e Angra sofreram com enchentes e desabamentos. Até o
momento, foram encontrados 16 corpos
Rio -
Deslizamentos, mortos, feridos e desabrigados. O trauma da população de
Petrópolis veio à tona na madrugada de ontem. Dezesseis pessoas morreram, 18
ainda estão desaparecidas e mais de 900 ficaram desalojadas em decorrência das
chuvas que atingiram o estado no fim de semana.
Dois anos depois da tragédia que devastou a Região Serrana, matando 918
pessoas, cinco mil moradores ainda vivem em áreas de risco somente em
Petrópolis, município mais atingido pelo temporalde ontem, com 21 pontos de
deslizamento. O temporal provocou estragos também em Magé, Niterói, Duque de
Caxias e Angra dos Reis.
Em Xerém, Caxias,
onde moradores também ainda tentam se recuperar de abalo sofrido com temporal
de janeiro deste ano, ruas viraram
rios, após enxurrada.
Em Petrópolis choveu em 24 horas o esperado para todo o mês de março. O maior
índice pluviométrico foi registrado no bairro Quitandinha: 428 milímetros.
Os rios Quitandinha e Piabanha transbordaram alagando ruas e casas. Fernando
Fernandes de Lima, 44 anos, e Paulo Roberto Filgueiras, 37 anos, trabalhavam
como voluntários no socorro às vítimas quando foram soterrados e morreram no
local.
Moradores garantem que
só ouviram a sirene, uma hora após o desabamento. “Quando a sirene soou, as
casas já estavam no chão”, disse Claudia Vicente, moradora do Quitandinha.
Quatro casas desabaram.
Em uma delas, sete crianças ficaram soterradas e um corpo foi resgatado. Na
casa ao lado, mais três crianças ficaram sobre os escombros, uma delas de
apenas 1 ano e 3 meses. Na terceira casa, de cinco familiares apenas um conseguiu sair
com vida. Já na última, as quatro pessoas que estavam na hora do deslizamento
se salvaram.
Chuva em Petrópolis
O governador Sérgio
Cabral liberou R$ 3 milhões para Petrópolis, onde 560 pessoas estão
desalojadas. De Roma, a presidenta Dilma Roussef recomendou medidas mais
“drásticas” para retirar famílias que insistem em permanecer em locais
condenados pela Defesa Civil.
Especialistas em resgate morrem ao tentar salvar vidas
Os dois voluntários que morreram soterrados tentando localizar vítimas de
deslizamento em Petrópolis eram especialistas em resgate. Fernando Fernandes de
Lima, 44 anos, chegou a ocupar a função de sub-coordenador de Defesa Civil e
Paulo Roberto Filgueiras, 37 anos, era técnico em enfermagem e presidente do
grupo de voluntários Anjos da Serra.
“Eles representam uma multidão de pessoas que entregam suas vidas ao resgate de
vítimas. Sofremos muito pelas vidas perdidas hoje (segunda-feira)”, lamentou o
secretário-chefe da Defesa Civil, Tenente Coronel Rafael Simão.
Nesta segunda, durante todo o dia, dezenas de amigos e familiares deixavam
mensagens de despedida no Facebook, numa última homenagem aos voluntários.
“Amado amigo, a sua ausência em nossas vidas não cicatrizará nunca, verdadeiro
herói”, postou a amiga de Fernando, Betty Lage.
"Parecia um filme de terror", lembra moradora
Nos bairros Alto da Serra e Morin, em Petrópolis, casas foram interditadas e
enormes pedras rolaram das encostas. Uma pessoa morreu.
“Ficamos sem luz, escutando o barulho dos desabamentos e dos gritos das
crianças. Parecia um filme de terror. Ficamos todos abraçados na cozinha
tapando os ouvidos das crianças, que ficaram traumatizadas”, lembrou a manicure
Marcilene Dias, 33 anos, mãe de quatro filhos.
O secretário
estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, considerou a situação crítica
e pediu à população para ficar atenta aos alarmes sonoros e buscar abrigos.
O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo decretou três dias de luto e
suspensão das aulas. Equipes da Defesa Nacional vão hoje para a região.
Na capital, a Defesa Civil atendeu 94 ocorrências sem vítimas, como queda de
árvore. Por causa do mau tempo que se mantém até esta quarta-feira, o Rio
permanece em estágio de atenção, o segundo nível em uma escala de quatro.
Sem comentários:
Enviar um comentário