Margarida Bon de
Sousa e Catarina Falcão – Jornal i
Nogueira Leite
defende “forte acção” diplomática em Bruxelas. Luís Nazaré diz que a troika
terá que “ter juízo”
Se para uns o
chumbo do Tribunal Constitucional a quatro artigos do Orçamento deste ano é um
sinal inequívoco para a exigência de mudanças no programa da troika, para
outros, os cortes nas prestações sociais, educação e saúde ainda deixam ao
governo alguma margem de manobra para minorar o impacto dos 1,1 mil milhões de
euros que vai custar a restituição dos subsídios de férias aos funcionários
púbicos e aos pensionistas e os cortes de cinco e 6% no subsídio de desemprego
e de doença. Entre os economistas contactados pelo i, Octávio Teixeira
(PCP), Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda) e João Galamba (PS) consideram
esgotada a margem de manobra do executivo para se manter à frente do país e
pedem a sua substituição urgente. Para Octávio Teixeira, não há outra solução
que não passe pela saída do euro.
Mas até à direita
está nitidamente a aumentar o descrédito neste programa de ajustamento e a
crescer a convicção de que o país não vai conseguir evitar um segundo resgate.
Às verbas que terão de ser encontradas para cumprir o que o Tribunal
Constitucional agora decretou, o Estado tem ainda de somar o pagamento em
Setembro de mais seis mil milhões de euros de um empréstimo obrigacionista.
Numa altura em que
os 5,6 mil milhões de euros de redução da despesa - aqueles que finalmente vão
abrir caminho à redução estrutural dos gastos públicos - devem estar planeados
para serem apresentados na próxima avaliação da troika. E todos sabem que um
segundo resgate significa ainda mais austeridade. Estão neste grupo João Duque,
António Nogueira Leite e Fernando Medina, entre outros.
Ganha também peso a
corrente dos que pedem mais robustez ao governo na defesa da manutenção do
actual nível de austeridade ou um aliviar do cinto para milhares de
portugueses. Que pode ser feito através do aumento do prazo de maturidade do
empréstimo aos nossos credores.
O argumento, dizem,
passará por mostrar à troika que Portugal até tem cumprido tudo o que se lhe
pediu mas que se não resultar, falha totalmente a receita imposta aos
estados-membros do Sul da Europa.
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