DM – ZO - Lusa - foto Moussa Baldé
O ex-chefe da
Marinha da Guiné-Bissau, José Américo Bubo Na Tchuto, acusado de conspirar para
traficar droga, detido em Nova Iorque, cobraria um milhão de dólares
norte-americanos por cada tonelada de cocaína da América do Sul recebida na
Guiné-Bissau.
De acordo com um
comunicado, divulgado na noite de quinta-feira, pela agência de combate ao
tráfico de droga dos EUA (DEA, na sigla em inglês), Bubo Na Tchuto
"ofereceu-se para usar a empresa que detinha para facilitar o carregamento
de cocaína para fora da Guiné-Bissau" e exigiu uma ‘taxa' de um milhão de
dólares americanos por cada tonelada recebida.
A oferta e a
exigência foram feitas, segundo a DEA, em encontros, gravados desde o verão
passado, na Guiné-Bissau, entre Bubo Na Tchuto, Papis Djeme e Tchamy Yala -
mais dois arguidos, cuja nacionalidade não foi divulgada - e agentes ao serviço
da DEA que se fizeram passar por intermediários de traficantes de droga
baseados na América do Sul.
Numa discussão em
que foi abordado o envio de toneladas de cocaína provenientes da América do Sul
para a Guiné-Bissau por mar, "Na Tchuto observou que o governo da
Guiné-Bissau estava debilitado devido ao recente golpe de Estado [de abril de
2012], pelo que era uma boa altura para a transação da cocaína proposta",
refere o texto da DEA.
Em encontros
posteriores com os supostos intermediários, Na Tchuto, Djeme e Yala alegadamente
concordaram ajudá-los, recebendo um carregamento de duas toneladas de cocaína
que seria escondida num armazém para ser distribuída na Europa e nos Estados
Unidos.
A 17 de novembro,
lê-se no comunicado, os três arguidos estiveram com dois infiltrados ao serviço
da agência e "discutiram a importação de 1.000 quilogramas de cocaína para
os Estados Unidos".
Na Tchuto,
capturado na quinta-feira em águas internacionais perto de Cabo Verde, e Djeme
e Yala vão voltar a ser presentes ao juiz Richard Berman no próximo dia 15.
O processo envolve
um total de cinco arguidos incluindo, além de Na Tchuto, Djeme e Yala, Manuel
Mamadi Mane e Saliu Sisse - cuja nacionalidade não é identificada -, a somar à
detenção, na Colômbia, de Rafael Antonio Garavito-Garcia e Gustavo Perez-Garcia,
ambos colombianos e alvos de ‘alertas vermelhos' emitidos pela Interpol.
Segundo o mesmo
documento, Mane e Sisse também mantiveram contactos pessoais, por telefone e
por correio eletrónico, com elementos ao serviço da DEA, que se fizeram passar
por representantes e/ou intermediários das FARC (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia), gravados em áudio ou vídeo durante vários meses.
"Durante os
encontros na Guiné-Bissau, encetados em junho de 2012 e que continuaram até
novembro, Mane, Sisse, Garavito-Garcia e Perez-Garcia, concordaram receber e
armazenar carregamentos de várias toneladas de cocaína recebida ao largo da
costa da Guiné-Bissau", dependentes de um eventual envio para os Estados
Unidos, onde seriam vendidos com as receitas a reverterem a favor das FARC,
explica o comunicado sobre a operação.
Mais tarde, os
arguidos alegadamente acordaram que parte fosse utilizada para pagar a
funcionários do Governo da Guiné-Bissau de forma a garantir uma passagem segura
da droga através do país.
"Também
durante os encontros, Mane, Sisse e Garavito-Garcia aceitaram providenciar a
compra de armas para as FARC, incluindo de mísseis terra-ar, importando-as para
a Guiné-Bissau" como se fossem para uso nominal do exército do país
africano.
Num outro encontro,
também gravado, os três arguidos, agentes encobertos da DEA e um representante do
exército da Guiné-Bissau reuniram-se para discutir os benefícios que a
Guiné-Bissau obteria por servir de ponto de trânsito para a cocaína proveniente
da América Latina com destino aos EUA, bem como a natureza das armas a facultar
às FARC, refere o comunicado.
Mane e Sisse vão
ser presentes ao juiz Jed Rakoff na próxima terça-feira, dia 09.
Garavito-Garcia e
Perez-Garcia encontram-se atualmente sob custódia das autoridades judiciais
daquele país sul-americano, aguardando pelo processo de extradição para os EUA.
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