Representante da
ONU na Guiné-Bissau desvaloriza onda de rumores sobre instabilidade
05 de Abril de
2013, 17:54
Bissau, 05 abr
(Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, desvalorizou
hoje a onda de rumores sobre instabilidade no país, que levaram a declarações
das forças armadas e do governo, e defendeu mais comunicação entre autoridades
e povo.
Rumores sobre
instabilidade e sobre um golpe de Estado levaram na quinta-feira as chefias
militares a convocar a imprensa para dizer que nada de anormal se passa na
Guiné-Bissau, tendo o governo emitido um comunicado a pedir que a justiça
encontre e leve a julgamento os responsáveis pela desinformação.
Hoje, o
representante do secretário-geral das Nações Unidas, Ramos-Horta, disse que
"boatos como os que ocorreram nos últimos três dias são normais" e
que é preciso não dramatizar. "É preciso que os líderes, sobretudo os
militares, mantenham a cabeça fria, a serenidade, e não que eles próprios
reajam aos rumores com alguma virulência, o que só vai ainda apoquentar mais a
população", disse.
A Guiné-Bissau,
como muitos países pequenos onde os meios de comunicação social não são muitos
ou onde não há mito diálogo do governo com a imprensa, "dá espaço para
boatos e rumores", disse Ramos-Horta, acrescentando que já sugeriu ao
governo para que comunique mais com a população. Exemplificou com o caso da
doença do Presidente interino, que está fora do país desde março: "devia
haver um boletim clínico de dois ou de três em três dias".
Ramos-Horta
reuniu-se na quinta-feira com o primeiro-ministro e outros membros do governo
mas explicou hoje que a reunião foi de rotina e não relacionada com a onda de
rumores.
O representante da
ONU quer que haja, disse, "um clima de transparência e de diálogo",
tanto mais que por vezes há "um bocado de incompreensão em relação ao
governo".
"Quem está no
governo é acusado de ser pró-golpe, quando na realidade, pelo menos a maior
parte, é gente civil, ligada a todos os partidos, e que luta com enormes
dificuldades para que o país não se afunde. E tem feito um esforço notável para
pôr a máquina do Estado a funcionar. A ONU reconhece esse esforço do governo de
transição", disse Ramos-Horta.
O responsável
acrescentou que tem tentado sensibilizar a comunidade internacional para que
entenda as dificuldades que o governo enfrenta, para que este veja também nos
parceiros amigos e não adversários que querem dificultar a sua "tarefa
complexa".
Ramos-Horta disse
que continua a insistir para que as eleições se realizem ainda este ano e
reafirmou que a comunidade internacional vai apoiar "com todos os
meios" possíveis.
Na Guiné-Bissau há
quase dois meses, Ramos-Horta disse sentir simpatia da parte do Presidente e do
governo ainda que desconheça se o líder das Forças Armadas, António Indjai, tem
a mesma opinião.
"Mas seja o
que for que ele pensa eu sou amigo da Guiné-Bissau, compreendo as dificuldades
que as Forças Armadas enfrentam, faz-me doer o coração ver como os soldados,
sargentos e oficiais vivem, e fico muito feliz de saber que a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) já vai começar dentro de
semanas a reabilitação física dos quartéis", disse.
Mas depois,
acrescentou, tem de se reorganizar as Forças Armadas, porque o país "não
pode ter tantos generais, brigadeiros e coronéis, não pode ter tantos milhares
de homens. Tem de adequar as suas forças à capacidade financeira e económica do
país para custear essas forças".
"A segunda
fase terá de ser o repensar das Forças Armadas, o adequar as possibilidades da
Guiné-Bissau e os desafios atuais. Acredito que o Chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas e outros pensam o mesmo", disse, lembrando que a CEDEAO
vai liderar o processo e que a União Europeia, o Brasil e Portugal irão apoiar,
esperando-se que também Angola retome a ajuda.
FP // APN
Parceiros
internacionais da Guiné-Bissau admitem segunda missão conjunta
05 de Abril de
2013, 20:39
Bissau, 05 abr
(Lusa) - Os parceiros internacionais da Guiné-Bissau apoiam uma segunda missão
internacional no país, como a que aconteceu em dezembro, desde que os políticos
guineenses aprovem um pacto de regime e formem um governo inclusivo.
De acordo com um
comunicado divulgado hoje, os parceiros internacionais apelam também para os
políticos "para que o espírito de inclusão seja prosseguido depois das
eleições, para criar um ambiente conducente para a implementação das reformas
vitais do Estado".
O comunicado é o
resultado de uma reunião entre a Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO),
a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), as Nações Unidas (NU), a
União Africana (UA) e a União Europeia (UE).
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