quarta-feira, 10 de abril de 2013

Portugal: SEGUNDO RESGATE A CAMINHO, "CONVERGÊNCIA NACIONAL" PARA TRAMAR QUEM?




PS diz que governo já prepara discurso para o segundo resgate de Portugal

Jornal i - Lusa

O PS considerou hoje que o Governo já prepara o discurso para um segundo resgate de Portugal e sugeriu que se questione Cavaco Silva se as críticas do primeiro-ministro ao Tribunal Constitucional configuram um normal funcionamento das instituições.

Estas posições foram assumidas em plenário, na Assembleia da República, pelo vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS José Junqueiro.

Na sua intervenção, o "vice" da bancada socialista sustentou a tese de que o atual Governo "já está a preparar o discurso para justificar um segundo resgate" [financeiro] a Portugal.

Neste contexto, José Junqueiro referiu que dois antigos presidentes do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes, assim como o ex-ministro social-democrata das Finanças Eduardo Catroga já "defenderam a inevitabilidade desse segundo resgate".

"Eduardo Catroga quantificou mesmo, dizendo que eram precisos mais 30 mil milhões de euros", observou José Junqueiro.

Outra linha da intervenção do vice-presidente da bancada socialista passou por acusar o atual Governo de radicalização, dando como exemplo as recentes críticas que Pedro Passos Coelho fez ao Tribunal Constitucional na sequência do chumbo de algumas normas do Orçamento do Estado para 2013.

"Pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro ataca o Tribunal Constitucional. Em democracia não se ataca o Tribunal Constitucional, cumpre-se a Constituição", contrapôs o dirigente socialista, antes de sugerir que se coloque uma questão a este mesmo propósito ao chefe de Estado, Cavaco Silva.

"Um dia alguém pode perguntar ao Presidente da República se considera tudo isto um normal funcionamento das instituições", disse.

Tal como afirmara na segunda-feira o secretário-geral do PS, António José Seguro, também José Junqueiro reiterou a ideia de que os socialistas recusam mais medidas de austeridade.

"Os senhores [da maioria governamental] sempre nos hostilizaram, foram radicais - são aliás o Governo mais radical que a democracia conheceu -, passaram o tempo a atacar o PS e agora querem o apoio do PS", afirmou José Junqueiro.

Com a bancada do CDS-PP em silêncio, coube à vice-presidente da bancada do PSD Teresa Leal Coelho responder às críticas de José Junqueiro ao Governo.

Teresa Leal Coelho rejeitou que o primeiro-ministro tenha colocado em causa a separação de poderes ao criticar a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento e, em contrapartida, disse esperar que os socialistas "revelem uma mais profunda cultura democrática".

"O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais algumas normas do Orçamento do Estado para 2013 e nós, PSD, fizemos uma interpretação da Constituição da República em contexto", começou por apontar Teresa Leal Coelho, antes de dar como exemplo a filosofia de jurisprudência seguida pelo Tribunal Constitucional germânico.

"O Tribunal Constitucional alemão poderia ter impedido a aprovação dos mecanismos de resgate destinados a países periféricos, mas decidiu em solidariedade no quadro do Tratado da União Europeia", frisou a vice-presidente da bancada social-democrata.

PSD convida PS para "convergência nacional", socialistas respondem "não"

Jornal i - Lusa

O deputado social-democrata José Mendes Bota convidou hoje o PS para uma "convergência nacional", mas o deputado socialista António Braga respondeu que o seu partido recusa juntar-se ao caminho seguido pela maioria PSD/CDS-PP.

Numa declaração política, na Assembleia da República, Mendes Bota disse esperar que o PS aceite fazer parte de "uma séria convergência nacional", contribuindo para uma "resposta construtiva para resolver os problemas estruturais, supra geracionais e urgentes" que Portugal enfrenta.

"Vem apelar ao PS para que acompanhe este caminho. Não, senhor deputado", respondeu António Braga, acusando o Governo PSD/CDS-PP de ter falhado todas as metas, de ter imposto sacrifícios em vão aos portugueses. "O PS tem dito que há outro caminho", acrescentou.

No início da sua intervenção, Mendes Bota prestou homenagem à antiga primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher, que morreu na segunda-feira, considerou-a uma "estadista ímpar", citou a sua frase "temos de travar várias batalhas para ganhar uma guerra", e em seguida elogiou a governação PSD/CDS-PP.

"Para vencer esta guerra estamos a travar várias batalhas, e temos uma estratégia que, acreditamos, levar-nos-á à vitória", declarou o social-democrata, criticando que se tente "ignorar as conquistas destes últimos 22 meses".

Segundo Mendes Bota, a atual maioria tem cumprido o Programa de Assistência Económica e Financeira, o que permitiu atrair investidores para as privatizações, diminuiu a despesa primária de forma sem precedentes, equilibrou a balança externa, cortou nas "rendas excessivas do setor energético" como nunca tinha sido feito, conseguiu "a melhor execução de sempre do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN)" e reestruturou o setor empresarial do Estado "com resultados positivos".

O deputado do PSD eleito pelo Algarve afirmou ainda que o PSD está "firme, coerente, patriótico e responsável, disponível para arcar com os custos da impopularidade que a tomada de medidas difíceis implica" e constitui "um referencial de estabilidade e de responsabilidade, no meio da tormenta que fustiga o país".

Mendes Bota terminou o seu discurso prometendo que o PSD não desistirá e não alienará o mandato de quatro anos que recebeu do povo português nas legislativas de 5 de junho de 2011.

"Juntamente com o CDS-PP, apoiamos um Governo corajoso, que dispõe de apoio maioritário nesta Assembleia, e apoiamos um primeiro-ministro que tem sabido estar à altura dos desafios, com força, seriedade e transparência", concluiu.

*Título PG

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