AIM
Maputo, 05 Abr (AIM) – Apenas 22 por cento das unidades sanitárias existentes
em Moçambique oferecem o tratamento anti-retroviral (TARV), uma terapia
considerada chave no combate ao HIV/SIDA, doença cujo índice de seroprevalência
no país é estimada em 11,5 por cento.
A informação consta do Informe do Gabinete de Prevenção e Combate ao HIV e SIDA
da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, apresentado semana passada
numa das sessões de trabalho daquele órgão.
De acordo com a fonte, que se baseia numa informação prestada pelo Ministro da
Saúde, Alexandre Manguele, o país conta actualmente com 1.414 unidades
sanitárias, das quais 316 oferecem o TARV, já que possuem um técnico formado
para prover este tratamento e colher amostras de sangue para análises
laboratoriais, bem como um farmacêutico.
“O Ministro disse que as metas preconizadas para as províncias ainda continuam
abaixo do ideal devido a factores ligados a infra-estruturas, recursos humanos
capacitados, insuficiente capacidade laboratorial para diagnósticos, fraco
seguimento das mulheres grávidas HIV+ na consulta pré-natal, fraco seguimento
das crianças HIV positivas e falta de material de monitoria e avaliação”,
indica o informe.
Por causa destas limitações, a cobertura nacional do TARV para o ano de 2012
foi de 48 por cento, tendo atingido 308,578 pessoas, das quais, 24.891 crianças
e a outra parte constituída por adultos.
Para responder os desafios ligados ao HIV/SIDA, as autoridades da saúde têm em
curso várias actividades, incluindo a elaboração dum plano de aceleração do
TARV, que integra as áreas de prevenção e a de cuidados e tratamento.
Na componente de expansão do TARV, a meta é abranger 707 unidades sanitárias
até 2015, o que irá resultar numa cobertura de 50 por cento. Com isso, o
governo acredita que poderá oferecer o TARV a pelo menos 80 por cento dos
pacientes elegíveis.
Outra meta tem a ver com a eliminação da transmissão vertical do vírus da SIDA
de mãe para o bebé, objectivo que se acredita atingir com a cobertura de 90 de
TARV na mulher grávida. Actualmente, a prevenção da transmissão vertical cobre
1.223 unidades sanitárias, com uma cobertura da rede nacional de 86 por cento.
Ainda na componente de prevenção, Moçambique privilegia a massificação da
circuncisão masculina, uma actividade que só começou a ser realizada no sistema
de saúde em Novembro de 2009, como fazendo parte do pacote de medidas de
prevenção de HIV/SIDA.
Até Dezembro de 2012, este programa havia atingido 137.722 homens. A meta é
realizar dois milhões de circuncisões até 2017, medida que se acredita vai ser
alcançada dando prioridade as províncias com alta prevalência do HIV e baixa
prevalência de circuncisão.
Até agora apenas 25 unidades sanitárias oferecem os serviços de circuncisão
masculina em regime permanente.
Enquanto isso, está em curso no país o ensaio da fase II da candidata vacina
contra o HIV. Estes ensaios irão também acontecer na Tanzânia, com um total de
196 voluntários.
Paralelamente, o Instituto Nacional da Saúde inicia este ano a preparação para
a eventual realização de ensaios da fase III em Moçambique.
O HIV/SIDA é uma das principais preocupações de Moçambique, sendo em parte
responsável pelo crescente número de crianças órfãs e vulneráveis. Neste
momento, das 1.8 milhões de crianças órfãs e vulneráveis existentes no país 510
mil são consequência directa do HIV/SIDA.
Deste número, pelo menos 20 mil crianças são tidas como chefes de agregados
familiares cujos pais perderam a vida por causa da SIDA.
MM/mz
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