MYB – APN - Lusa
São Tomé, 22 mai
(Lusa) - O tráfico de cocaína e o consumo de cannabis e liamba "aumentaram
vertiginosamente" nos últimos dois anos em São Tomé e Príncipe, revelou
hoje a diretora do programa de luta contra a droga do ministério são-tomense da
Justiça, Ivete Lima.
"O consumo de
cannabis e liamba, o tráfico de cocaína é uma realidade", disse Ivete Lima
durante o programa "Cartas na Mesa", da televisão estatal TVS.
"Neste momento
temos cerca de 200 jovens, com idades compreendidas entre 16 e 36 anos, que são
consumidores. Em 2010, tínhamos entre 20 e 57 consumidores. Portanto, o número
aumentou de uma forma vertiginosa", acrescentou.
A directora do
programa de luta contra a droga disse ainda que entre os consumidores
identificados se encontram estudantes, agricultores e motoqueiros (jovens que
praticam moto táxis).
"A droga
entrou nas nossas escolas, entrou na nossa sociedade de forma assustadora, essa
é uma realidade", sublinhou Ivete Lima, que associa o aumento da
criminalidade violenta no arquipélago ao consumo de droga.
Neste mesmo
programa, o criminologista e antigo director da Polícia de Investigação
Criminal (PIC), atualmente diretor dos Serviços Penitenciários e de Reinserção
Social, Lázaro Afonso, confirmou a "entrada de cocaína no território
são-tomense".
"Sabemos que
tem entrado a cocaína no país, parte fica e parte sai. É verdade que sai em
pequenas quantidades para não levantar suspeitas", disse Lazaro Afonso.
Não revelou a
origem dos produtos nem os traficantes, referindo-se apenas que essas
informações são do conhecimento das autoridades.
Em abril de 2011, o
comandante da polícia nacional de São Tomé e Príncipe, Roldão Boa Morte, disse
à Lusa que a sua instituição se considerava "de mãos atadas" para
combater o tráfico, comércio e consumo de estupefacientes no arquipélago.
Na altura,
recorde-se, a policia havia desmantelado uma rede de consumidores e
comerciantes de droga. Cerca de 40 pessoas foram entregues o ministério público
e no mesmo dia postas em liberdade pelo tribunal de primeira instância.
"Mas há a
situação agora é outra", disse o delegado do Ministério Publico, Nobre de
Carvalho, explicando que o novo Código Penal promulgado este ano "penaliza
tanto o consumo como o tráfico de droga".
"Temos uma
punição para os consumidores que vai até três meses de prisão e uma punição um
bocado pesada para os traficantes e os angariadores da droga que vai de dois a
12 anos de prisão maior", apontou.
Segundo o
representante do Ministério Publico, esta pena é mais gravosa "quando os
agentes que têm a função de combater a própria criminalidade estão também
envolvidos nesta pratica".
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