quarta-feira, 5 de junho de 2013

Angola: Líder da UNITA diz que existem "motivações políticas" em recentes assassínios

 

EL – APN - Lusa
 
Luanda, 05 jun (Lusa) - O presidente do maior partido da oposição em Angola acusou hoje os autores dos recentes assassínios de dirigentes da UNITA ocorridos em Luanda de terem "motivação política".
 
Isaías Samakuva, que falava à imprensa no final de um encontro com o embaixador dos Estados Unidos em Luanda, reafirmou que o seu partido possui provas quando afirma que agentes da polícia foram os "autores materiais" do assassínio de dois dirigentes seus na noite de sábado para domingo no município do Cacuaco.
 
Instado a dizer se acreditava que a exoneração, pelo Presidente da República, da comandante provincial da Polícia em Luanda se devia aos factos ocorridos no fim de semana, Isaías Samakuva escusou-se a entrar em "especulações", mas manifestou-se "espantado" e "preocupado".
 
"Não posso especular se é uma exoneração que já estava decidida, se tem a ver com aquilo que se passou. Mas a verdade é que tanto a própria polícia como as autoridades administrativas, como até as autoridades políticas não estão a falar absolutamente nada sobre o assunto", disse.
 
Samakuva disse estar "espantado" com o que designou como "onda de mortes que está a subir" e "preocupado porque ela é claramente motivada por questões políticas".
 
Em causa está a alegada execução de dois dirigentes locais da UNITA, que alega estar na posse de provas e testemunhos que comprovam terem sido agentes da polícia a levar a cabo aqueles assassínios.
 
A morte dos dois dirigentes do partido ocorreu cerca de 24 horas depois de desconhecidos terem disparado sobre três agentes da polícia, no mesmo município do Cacuaco, ferindo-os mortalmente.
 
Isaías Samakuva considerou que "de um lado estamos a falar do processo democrático, mas do outro as pessoas desaparecem por exprimirem ideias contrárias às daquelas que estão no poder".
 
"Tudo o que nos chega, todos os dados que nós temos, com nomes, com matrículas das viaturas, com tudo o que se passou, nós não estamos a acusar a polícia como mentora. Nós estamos a dizer que a polícia é autora. Os dados que temos dizem que são agentes da polícia que o fizeram", frisou.
 
Na sequência das alegações da UNITA, o ministro do Interior, Ângelo Tavares, apelou hoje em Luanda à prudência de responsáveis de partidos políticos da oposição e cidadãos comuns nas declarações sobre os "acontecimentos criminosos que têm estado a ocorrer", para se evitarem reações mais iradas da população, segundo escreveu a agência Angop.
 
O apelo do ministro foi feito depois de ter participado no velório dos três agentes assassinados por desconhecidos na noite de sexta-feira para sábado.
 
Segundo o governante, escreve ainda a Angop, "as acusações feitas pela UNITA são levianas e irresponsáveis".
 
Ângelo Tavares reconheceu que se têm registado alguns crimes violentos, facto que obrigou ao reforço visível do patrulhamento, com recurso a efetivos da Polícia de Intervenção Rápida.
 
Instado a comentar as declarações do ministro, o líder da UNITA lamentou que tenha tirado conclusões sem antes investigar o que se passou.
 
"Mas a única coisa que posso adiantar desde já é que essas mortes revelam a incompetência das autoridades em garantir a segurança dos cidadãos", concluiu.
 
O encontro do embaixador dos Estados Unidos, Christopher McMullen, com Isaías Samakuva serviu para o diplomata apresentar cumprimentos de despedida, após cerca de três anos na representação diplomática em Luanda.
 

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