EL – APN - Lusa
Luanda, 05 jun
(Lusa) - O presidente do maior partido da oposição em Angola acusou hoje os
autores dos recentes assassínios de dirigentes da UNITA ocorridos em Luanda de
terem "motivação política".
Isaías Samakuva,
que falava à imprensa no final de um encontro com o embaixador dos Estados
Unidos em Luanda, reafirmou que o seu partido possui provas quando afirma que
agentes da polícia foram os "autores materiais" do assassínio de dois
dirigentes seus na noite de sábado para domingo no município do Cacuaco.
Instado a dizer se
acreditava que a exoneração, pelo Presidente da República, da comandante
provincial da Polícia em Luanda se devia aos factos ocorridos no fim de semana,
Isaías Samakuva escusou-se a entrar em "especulações", mas
manifestou-se "espantado" e "preocupado".
"Não posso
especular se é uma exoneração que já estava decidida, se tem a ver com aquilo
que se passou. Mas a verdade é que tanto a própria polícia como as autoridades
administrativas, como até as autoridades políticas não estão a falar
absolutamente nada sobre o assunto", disse.
Samakuva disse
estar "espantado" com o que designou como "onda de mortes que
está a subir" e "preocupado porque ela é claramente motivada por
questões políticas".
Em causa está a
alegada execução de dois dirigentes locais da UNITA, que alega estar na posse
de provas e testemunhos que comprovam terem sido agentes da polícia a levar a
cabo aqueles assassínios.
A morte dos dois
dirigentes do partido ocorreu cerca de 24 horas depois de desconhecidos terem
disparado sobre três agentes da polícia, no mesmo município do Cacuaco,
ferindo-os mortalmente.
Isaías Samakuva
considerou que "de um lado estamos a falar do processo democrático, mas do
outro as pessoas desaparecem por exprimirem ideias contrárias às daquelas que
estão no poder".
"Tudo o que
nos chega, todos os dados que nós temos, com nomes, com matrículas das
viaturas, com tudo o que se passou, nós não estamos a acusar a polícia como
mentora. Nós estamos a dizer que a polícia é autora. Os dados que temos dizem
que são agentes da polícia que o fizeram", frisou.
Na sequência das
alegações da UNITA, o ministro do Interior, Ângelo Tavares, apelou hoje em
Luanda à prudência de responsáveis de partidos políticos da oposição e cidadãos
comuns nas declarações sobre os "acontecimentos criminosos que têm estado
a ocorrer", para se evitarem reações mais iradas da população, segundo
escreveu a agência Angop.
O apelo do ministro
foi feito depois de ter participado no velório dos três agentes assassinados
por desconhecidos na noite de sexta-feira para sábado.
Segundo o
governante, escreve ainda a Angop, "as acusações feitas pela UNITA são
levianas e irresponsáveis".
Ângelo Tavares
reconheceu que se têm registado alguns crimes violentos, facto que obrigou ao
reforço visível do patrulhamento, com recurso a efetivos da Polícia de
Intervenção Rápida.
Instado a comentar
as declarações do ministro, o líder da UNITA lamentou que tenha tirado
conclusões sem antes investigar o que se passou.
"Mas a única
coisa que posso adiantar desde já é que essas mortes revelam a incompetência
das autoridades em garantir a segurança dos cidadãos", concluiu.
O encontro do
embaixador dos Estados Unidos, Christopher McMullen, com Isaías Samakuva serviu
para o diplomata apresentar cumprimentos de despedida, após cerca de três anos
na representação diplomática em Luanda.
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