quarta-feira, 5 de junho de 2013

PRS DÁ AVAL A NOVO GOVERNO NA GUINÉ-BISSAU, PAIGC NÃO ACEITA NEM RECUSA

 

FP – APN - Lusa
 
Bissau, 05 jun (Lusa) - Os dois maiores partidos da Guiné-Bissau pronunciaram-se hoje sobre a formação de um novo governo, com o PRS a aceitar a proposta do primeiro-ministro e o PAIGC sem explicar o que fará.
 
Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mais inclusivo do que o atual (também de transição), uma das exigências da comunidade internacional.
 
Os dois maiores partidos (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, e Partido da Renovação Social, PRS) assinaram um memorando de entendimento no mês passado e no final do mês recusaram a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro de transição, Rui de Barros.
 
A posição dos dois partidos foi criticada no passado domingo pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, que os acusou de estarem a bloquear a constituição de um novo governo por quererem as "melhores pastas" do novo executivo.
 
A proposta inicial de Rui de Barros dava ao PAIGC quatro ministérios e três ao PRS. Entre terça-feira e hoje os dois partidos voltaram a pronunciar-se com o PRS a dizer que em nome dos interesses do país dá o aval à proposta de governo (que se desconhece se é a mesma).
 
O PRS "espera ter dado provas de maturidade política ao pôr os interesses do país acima dos interesses partidários", diz o comunicado, que fala ainda da disponibilidade para a busca de soluções que conduzam à saída da crise em que a Guiné-Bissau se encontra.
 
O PAIGC foi menos claro no comunicado, afirmando que o partido, "tendo sempre como objetivo defender os interesses do país e os seus próprios interesses legítimos, reserva-se o direito de adotar as posições mais consentâneas com a realidade atual".
 
No entanto foi também crítico quanto às observações de Serifo Nhamadjo, afirmando que o PAIGC apesar de ser o partido mais votado fez "cedências importantes" e que depois do golpe de Estado de abril do ano passado os militares entregaram o poder à Assembleia, onde os dois partidos têm 95 por cento dos deputados.
 
Serifo Nhamadjo, diz o PAIGC, considerou um exagero que os dois maiores partidos queiram ter 20 pastas de um total de 32 (Ministérios e Secretarias de Estado), ou seja 60 por cento. "Cabe perguntar qual é a representatividade dos partidos que pretendem um número maior de pastas ou se há outras forças políticas envolvidas na formação do governo", acrescenta.
 
Na semana passada, o Fórum dos Partidos, que representa essencialmente pequenos partidos, já tinha acusado o PAIGC e o PRS de não privilegiarem os interesses nacionais, afirmando também em comunicado que é o primeiro-ministro quem tem "plenos poderes" para a formação de um novo governo.
 
O Fórum diz no comunicado que na proposta de novo governo perde quatro pastas e que ainda assim aceita-a, ao contrário dos dois grandes partidos que "oferecem um espetáculo triste de partilha descarada do bolo em público, de forma esfomeada e gananciosa".
 
De acordo com o Fórum, a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro compreende cinco Ministérios e três secretarias de Estado para o PAIGC, quatro Ministérios e três secretarias de Estado para o PRS, e dois Ministérios e três secretarias de Estado para o Fórum (que representa 28 partidos).
 
O primeiro-ministro nomearia quatro ministros e três secretários de Estado, os militares dois ministros e um secretário de Estado e o Presidente dois ministros e um secretário de Estado.
 
Esta distribuição de pastas referida pelo Fórum é diferente da que o PAIGC e o PRS tinham anunciado na semana passada e que recusaram.
 
Nos últimos dias têm-se sucedido as reuniões políticas sobre esta matéria. O Presidente já disse que possivelmente o novo governo ainda seria conhecido esta semana.
 

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