FP – APN - Lusa
Bissau, 05 jun
(Lusa) - Os dois maiores partidos da Guiné-Bissau pronunciaram-se hoje sobre a
formação de um novo governo, com o PRS a aceitar a proposta do
primeiro-ministro e o PAIGC sem explicar o que fará.
Há mais de um mês
que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mais
inclusivo do que o atual (também de transição), uma das exigências da
comunidade internacional.
Os dois maiores
partidos (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, e
Partido da Renovação Social, PRS) assinaram um memorando de entendimento no mês
passado e no final do mês recusaram a proposta de governo feita pelo
primeiro-ministro de transição, Rui de Barros.
A posição dos dois
partidos foi criticada no passado domingo pelo Presidente de transição, Serifo
Nhamadjo, que os acusou de estarem a bloquear a constituição de um novo governo
por quererem as "melhores pastas" do novo executivo.
A proposta inicial
de Rui de Barros dava ao PAIGC quatro ministérios e três ao PRS. Entre
terça-feira e hoje os dois partidos voltaram a pronunciar-se com o PRS a dizer
que em nome dos interesses do país dá o aval à proposta de governo (que se
desconhece se é a mesma).
O PRS "espera
ter dado provas de maturidade política ao pôr os interesses do país acima dos
interesses partidários", diz o comunicado, que fala ainda da
disponibilidade para a busca de soluções que conduzam à saída da crise em que a
Guiné-Bissau se encontra.
O PAIGC foi menos
claro no comunicado, afirmando que o partido, "tendo sempre como objetivo
defender os interesses do país e os seus próprios interesses legítimos,
reserva-se o direito de adotar as posições mais consentâneas com a realidade
atual".
No entanto foi
também crítico quanto às observações de Serifo Nhamadjo, afirmando que o PAIGC
apesar de ser o partido mais votado fez "cedências importantes" e que
depois do golpe de Estado de abril do ano passado os militares entregaram o
poder à Assembleia, onde os dois partidos têm 95 por cento dos deputados.
Serifo Nhamadjo,
diz o PAIGC, considerou um exagero que os dois maiores partidos queiram ter 20
pastas de um total de 32 (Ministérios e Secretarias de Estado), ou seja 60 por
cento. "Cabe perguntar qual é a representatividade dos partidos que
pretendem um número maior de pastas ou se há outras forças políticas envolvidas
na formação do governo", acrescenta.
Na semana passada,
o Fórum dos Partidos, que representa essencialmente pequenos partidos, já tinha
acusado o PAIGC e o PRS de não privilegiarem os interesses nacionais, afirmando
também em comunicado que é o primeiro-ministro quem tem "plenos
poderes" para a formação de um novo governo.
O Fórum diz no
comunicado que na proposta de novo governo perde quatro pastas e que ainda
assim aceita-a, ao contrário dos dois grandes partidos que "oferecem um
espetáculo triste de partilha descarada do bolo em público, de forma esfomeada
e gananciosa".
De acordo com o
Fórum, a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro compreende cinco
Ministérios e três secretarias de Estado para o PAIGC, quatro Ministérios e
três secretarias de Estado para o PRS, e dois Ministérios e três secretarias de
Estado para o Fórum (que representa 28 partidos).
O primeiro-ministro
nomearia quatro ministros e três secretários de Estado, os militares dois
ministros e um secretário de Estado e o Presidente dois ministros e um
secretário de Estado.
Esta distribuição
de pastas referida pelo Fórum é diferente da que o PAIGC e o PRS tinham anunciado
na semana passada e que recusaram.
Nos últimos dias
têm-se sucedido as reuniões políticas sobre esta matéria. O Presidente já disse
que possivelmente o novo governo ainda seria conhecido esta semana.
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