2013 afigura-se
como um dos mais difíceis para a economia cabo-verdiana, com aumento dos
impostos, queda das receitas, redução do investimento externo e subida do
desemprego. Oposição e economistas falam em recessão.
No seu mais recente
Relatório de Política Monetária, o Banco Central prevê uma desaceleração da
economia cabo-verdiana com projeções entre -1,5% a 0,5%.
A essas projecções
somam-se os dados do desemprego divulgados recentemente pelo Instituto Nacional
de Estatística. Esses dados revelam que a taxa de desemprego aumentou para
16,8%.
O antigo
primeiro-ministro Gualberto do Rosário, atual presidente da Câmara de Turismo
(UNOTUR), disse à rádio pública cabo-verdiana que se não forem tomadas medidas
adequadas, o país cairá num "colapso".
A taxa anual de
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento per capita, o
desemprego, a redução do crédito à economia e o ambiente de negócios “nada
favorável”, assim como os indicadores da conjuntura que apontam para o
agravamento da situação nos próximos tempos, a visão do Fundo Monetário
Internacional (FMI), a situação dos transportes em geral e a situação da energia
são fatores que, segundo Gualberto do Rosário, “apontam para uma situação muito
indesejável, muito difícil.”
Governo desdramatiza
Uma semana depois
da divulgação do Relatório de Política Monetária do Banco Central, o
primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, ainda não recebeu
oficialmente o documento. “O Banco não teve a gentileza de me enviar o
relatório. Vi-o nos órgãos de comunicação social”, esclarece.
José Maria Neves
desdramatiza as projecções pessimistas do Banco Central. “Respeitamos as
previsões do Banco Central e vamos trabalhar para que essas previsões não se
venham a transformar em realidade este ano. Não podemos transformar as
previsões do Banco Central em dados macroeconómicos.”
Dias mais difíceis
Gualberto do
Rosário, apontado pelos seus próximos e por alguns dos seus críticos como um
visionário, avisa que dias piores estão para vir. “Os cabo-verdianos devem
estar preparados para dias mais difíceis”, alerta, acrescentando que, de certo
modo, já se está a cumprir um programa de austeridade.
"A economia
tem vindo a decrescer e a tendência não é animadora”, afirma também Jorge
Maurício, da Câmara de Comércio de Barlavento, que chama a atenção para a
existência de situações dramáticas. “Há jovens em casa com depressão. A questão
social é grave e deve ser encarada de forma direta”, sublinha.Dos 16,8 % de
desempregados, 32,1% são jovens dos 15 aos 25 anos.
Enquanto a oposição
e alguns economistas falam em recessão, a ministra das Finanças, Cristina
Duarte, tem uma leitura totalmente diferente. “Quando o país entra em recessão
económica, e começa a perder riqueza, perde automaticamente a sua capacidade de
redistribuição do rendimento e de combate à pobreza. Não é o que está a
acontecer em Cabo Verde”, garante.
O líder parlamentar
do Movimento para a Democracia (MpD), Fernando Elísio Freire, contrapõe dizendo
que o Governo está a tentar tapar o sol com a peneira. “Em Cabo Verde, temos um
Governo em completo estado de negação. E este estado de negação pode levar o
país para uma crise ainda maior”, critica.
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