Silvia Caneco – Jornal i
O vice-presidente
da Transparência e Integridade diz que um de quatro políticos foi corrupto no
caso dos submarinos
A entrevista era
para ter sido feito às 11h do dia seguinte, mas Paulo Morais teve de mudar os
planos por mais uma vez ter sido chamado como testemunha num processo. É assim
desde que se tornou uma das principais vozes contra a corrupção em Portugal.
Vice-presidente da Associação Transparência e Integridade - pela qual não
recebe nada, nem sequer ajudas às deslocações - lançou há uma semana o livro
"Da Corrupção à Crise". Já perdeu a conta às chamadas que recebeu de
políticos indignados com o que diz. Às vezes, desliga-lhes o telefone.
Como é que alguém
que foi político está a combater a corrupção? Isso não é um paradoxo?
As pessoas devem
combater a corrupção em qualquer circunstância. E se exercem cargos públicos
mais obrigação têm de o fazer. Fiz apenas um mandato como vice-presidente da
câmara do Porto e passei a campanha eleitoral e todos os anos do meu mandato no
mesmo combate. Sempre percebi que, se Portugal não tivesse corrupção, podia ser
um país com uns níveis de vida da Suécia ou da Noruega.
Esse mandato no
Porto foi para esquecer?
Só aceitei
concorrer porque íamos perder. Era o Fernando Gomes que ia ganhar as eleições.
Não estava nas minhas ambições ser autarca. Sendo certo que ganhámos. E sendo
certo, porém, que só me convidaram para aquele cargo porque pensavam que íamos
perder. Se fosse para ganhar tinham convidado outro. Aí estamos quites. Mas a
partir do momento que ganhámos tinha de cumprir. E fi-lo com muito gosto.
Enquanto viver em Portugal sempre contrariarei aqueles que são os defeitos da
política que obrigam todo um povo a viver mal.
Quantas queixas já
apresentou?
Chegam-me muitas
denúncias. O que tenho vindo a fazer é denunciar junto do Ministério Público
(MP), sobretudo na área do urbanismo, a que sou particularmente sensível. Serei
hoje o maior denunciante de crimes de urbanismo em Portugal.
E quantos já teve
contra si?
Não sei precisar.
Neste momento seis ou sete, porque as pessoas se sentem difamadas. O único que
chegou até ao fim, de um promotor imobiliário da Figueira da foz, eu ganhei.
Sou ainda muitas vezes chamado como testemunha para outras litigâncias. Muitas
pessoas bem intencionadas indicam o meu nome como testemunha de processos em
que acham que posso ser uma mais-valia. E eu vou, enquanto puder ajudar a que
se faça justiça.
E os casos que
denunciou, já conseguiu que algum chegasse ao fim?
Tenho uma panóplia.
O Ministério Público tem apreciado e é com alguma perplexidade que vejo alguns
arquivados, como o do Metro do Porto. Em determinado momento o Metro do Porto
resolveu adquirir uns terrenos no Campo dos Salgueiros. Estavam avaliados na
ordem dos 5 milhões de euros. Mas o Metro decidiu pagar quase 9 milhões por um
terreno que sabia valer menos de 5 milhões. Fiz uma denúncia, apresentei
documentos oficiais, avaliações, actas do conselho de administração do Metro, e
o MP entendeu arquivar o processo porque não sabia onde estavam os 4 milhões de
euros sobrantes. O povo português foi roubado em 4 milhões só naquele negócio.
Não há corrupção no
Porto? Pelo menos não temos notícia dela.
Não há corrupção em
lado nenhum. No crime de corrupção é preciso saber qual o objecto da corrupção,
qual o ganho patrimonial, qual é o corrupto, o corruptor, o nexo de
causalidade, as conexões. Só há acusações de corrupção se o corrupto e o
corruptor forem de braço dado ao tribunal e mesmo assim duvido. Mas nos outros,
como peculato ou a prevaricação, pode haver desenvolvimentos, são de acusação
relativamente fácil. Mas raramente se abrem inquéritos, quando se abrem
raramente há acusações, quando há acusações poucas vezes há julgamentos, quando
há julgamentos raramente há condenações e mesmo quando há condenações os
indivíduos não são presos.
Por que é que isso
acontece?
Porque as leis são
complexas, porque a justiça está desorganizada e funciona de forma medieval. Se
entrarmos num tribunal, 70% das pessoas que lá estão estão à espera. Aquilo
devia chamar-se palácio da espera e não Palácio da Justiça.
Foi difícil marcar
esta entrevista. Ainda tem tempo para respirar?
Tenho muito que
fazer. Sou matemático e isso também influencia a minha organização. Por regra
de manhã trato da componente mais académica de investigação. De tarde dou
aulas. Depois ao fim da tarde e ao fim-de-semana é que trato da minha vida
cívica. A minha função enquanto autor da luta contra a corrupção corre nos meus
tempos livres. Tenho uma vida muito preenchida, ainda com um handicap, que é
viver no Porto. A minha vida privada começa sábado ao fim da tarde e acaba
domingo à noite.
Metade de Portugal
deve pensar que vem de Direito.
Porque estão
habituados a que na classe política estejam pessoas de Direito, Economia,
engenheiros. Portugal está a precisar de matemáticos, nomeadamente na política,
para fazerem bem as contas. É a falta de literacia matemática que permite que
as pessoas sejam tão enganadas. Os portugueses ouvem falar de números e acham
sempre que é muito dinheiro, mas não têm uma noção exacta. Não sabem que a
maior parte da despesa do Estado em 2013 vai ser com juros da dívida pública.
Vai-se gastar mais nisso do que em todo o SNS, Educação, todos os salários da
função pública. Também não sabem que as autarquias gastam per capita por ano
mil euros por cada cidadão. As pessoas deviam questionar-se: qual é a receita?
Qual é o benefício na minha qualidade de vida? Raramente é mais que zero. E
para onde vão então estes recursos? Cerca de metade vai para pagar às
quantidades enormes de boys que lá entram, a outra metade vai para
megalomanias, caprichos, obras sem sentido nenhum, corrupção. O aumento da
transparência é a primeira das armas de combate à corrupção. Nos Estados
Unidos, Reino Unido, Timor, Brasil, todo o país minimamente desenvolvido tem um
site onde as pessoas conseguem ver qual é a receita e a despesa da sua
administração. A isto chama-se transparência orçamental, que em Portugal não
existe. Além disto, é preciso que um edifício construído sem cumprir o
planeamento seja demolido ou recuperado para a sociedade a valor zero. É
violento? Claro que é. Mas faz-se uma ou duas vezes e tem um efeito dissuasor.
Outro exemplo é o BPN: se ele custou aos portugueses 6 mil milhões de euros, é
preciso recuperar parte significativa desse prejuízo. Como? Indo a uma
sociedade chamada Parvalorem, que herdou a parte má do BPN. É possível fazer
uma avaliação do prejuízo induzido pela gestão danosa e obrigar os responsáveis
a pagar através do seu património ou através do património que ainda hoje
detém, que é a Galilei, uma das sociedades mais poderosas de Portugal.
Como é que se gere
a Transparência e Integridade?
É uma organização
muito leve. O objectivo é estudar o fenómeno da corrupção para melhor a
conhecer e combatê-la. Temos um pequeno secretariado em Lisboa, um orçamento de
poucos milhares de euros, e tudo o resto é trabalhado voluntário. Vivemos de
donativos, que têm um tecto, para não ficarmos reféns de ninguém.
Não recebe nada?
Nem deslocações?
Nada. Cada um paga
as suas.
Onde é que guarda
toda a informação que lhe chega?
Muita dela é
pública, não precisa de um cuidado especial. Aquela mais importante e confidencial
normalmente é duplicada, guardada num banco e noutro local.
Se tivesse acesso a
ela teria manchetes para os próximos três meses?
Se as pessoas
tivessem ideia da forma como estão em permanência a ser roubadas não só ia ter
manchetes todos os dias como íamos ter revoluções todos os dias. O chumbo de
quatro normas do Orçamento pelo Tribunal Constitucional terá representado um
buraco de mil milhões de euros. Isso foi só o que o Estado português pagou a
mais pelas PPP rodoviárias num ano. Nem foi o que pagou, foi o que pagou a
mais. Nas mesmas PPP está previsto que haja uma compensação à diminuição da
sinistralidade e multas pelo aumento de sinistralidade. Acontece que são
compensados de maneira distinta. Numa SCUT como a A28, se a sinistralidade tiver
um aumento de 10% o concessionário terá de pagar uma multa de cerca de 600 mil
euros, mas se diminuir 10% pode receber 20 e tal milhões de euros.
Como é que se
aceitaram estes contratos? Houve falta de matemáticos?
Quem pôs lá aquelas
fórmulas, ou não percebe nada de matemática, e é incompetente, ou não é sério.
Com uma Polícia Judiciária e um MP actuante era prender a pessoa que pôs ali
aquela fórmula.
O problema é que
continuam a ser investigadas e estamos a falar de contratos muito técnicos. Os
investigadores têm preparação?
Devem socorrer-se
de ajuda técnica e têm-no feito. Já forneci às entidades alguma informação, é
preciso é que a utilizem. Noutros ordenamentos jurídicos com outro tipo de
organização e legislação as coisas são bem mais rápidas. Veja-se o caso dos
submarinos.
Na Alemanha já
houve condenados, aqui nem acusados há.
Houve corrupção,
ponto final, que já foi provada pelos tribunais alemães. Fico desgostoso por as
investigações serem tão lentos, mas fico perplexo por as pessoas envolvidas não
quererem esclarecer o assunto. A aquisição dos submarinos dá-se entre o governo
de Guterres, tendo como ministro o Rui Pena, e o de Durão Barroso, com Paulo
Portas a ministro da Defesa. Pelo menos um destes quatro senhores ou é corrupto
ou é cúmplice. Como é sabido quem compra submarinos não é o porteiro do
ministério. Dois deles têm cargos internacionais. Um deles é ministro dos
negócios estrangeiros. Como é que estas pessoas se permitem a representar
Portugal internacionalmente com a suspeição de que estão ligadas a casos de
corrupção?
Nenhum deles alguma
vez foi ouvido no processo. Estas pessoas são protegidas?
É pior que isso. Há
procuradores que iniciam inquéritos que envolve gente importante. O que se diz
é que não têm meios. Acontece que o caso dos submarinos já não é um caso de
justiça, é um caso de regime. O governo, o parlamento, o presidente da
república, tinham toda a obrigação de esclarecer este caso. Haver corrupção
provada na aquisição dos submarinos e em Portugal não acontecer nada? Isso é do
regular funcionamento das instituições? Isto não é um problema do aparelho
judicial, é bem mais profundo.
Há políticos
honestos?
Há, claro que há.
Eles dividem-se em três grupos: os corruptos são uma minoria - serão 10% e 15%
- só que é uma minoria que manda na maioria do dinheiro. Depois, há do outro
lado da vida pública, um pequeno grupo de resistentes. No meio há uma
quantidade imensa de cúmplices que são medrosos, têm medo de perder as poucas
migalhas que têm pelo facto de serem políticos. Dá um estatuto social nalguns
locais, uns bilhetes para o cinema e para o teatro, consegue-se mais depressa
fazer obras na casa da sogra.
E os que cooperam
podem vir a ser corruptos mais tarde?
Acontece muitas
vezes serem absorvidos pelo sistema.
A corrupção tem
partido?
Não. Ninguém
escapa, depois é evidente que as responsabilidades são proporcionais ao peso
que cada partidos tem. Bastará ver que não encontra no parlamento partidos que
combatam veementemente a corrupção. Porque será?
O poder local é o
mais permeável?
As câmaras são as
maiores agências de emprego do país. Nos concelhos com menos de 10 mil
eleitores a questão é ainda mais grave porque nesses o maior empregador é a
câmara. O segundo maior ou é a misericórdia local ou uma instituição de
solidariedade social. O terceiro é uma média empresa mas que está
permanentemente a solicitar autorizações e licenças à câmara. Cria-se aqui uma
rede clientelar em que só tem acesso a emprego quem é afilhado do presidente da
câmara, sobrinho do presidente da câmara, membro do partido do presidente da
câmara.
E como é que isto
se extermina?
Quando os negócios
do urbanismo deixarem de dominar as câmaras municipais. A esta hora, em muitos
gabinetes, estão a redesenhar-se planos directores municipais para valorizar
terrenos.
Esses negócios do
urbanismo deviam deixar rasto. No caso de Joaquim Raposo, na Amadora, o caso
acabou arquivado ao fim de dez anos.
Nos crimes de
urbanismo a investigação é simples. Tenho mostrado essa perplexidade a
procuradores que são meus amigos. A testemunha do crime é inamovível. O prédio
não foge, não tem pernas. Bastará ver se não cumprir o planeamento por ordem de
quem é que se emitiu aquela licença, qual a data do documento que permitiu o
alvará de loteamento, qual era o organigrama da câmara nesse dia, qual o regime
de delegação de competências. Com estes três papelinhos está identificado o
responsável. Sucede que a maioria das investigações acaba no momento em que
devia começar.
As queixas que
apresentou em relação ao Porto acabaram todas arquivadas.
A maioria das
denúncias que fiz têm a ver com pressões que sofri quando era vereador do
Urbanismo. E essas foram arquivadas. Não entendo porquê, pois acontecia-me ter
reuniões com membros do governo cuja primeira preocupação era tratar de
assuntos urbanísticos deles ou dos amigos. Não acho que vereadores das maiores
câmaras do país se devam reunir com membros do governo para tratar de assuntos
particulares. Mesmo se a pretensão fosse levar a cabo operações urbanísticas
legais a sua atitude era ilegítima. Ninguém pode enquanto governante andar a
tratar da vida particular.
Mas havia
documentos?
Eram coisas muito
fáceis de sustentar. Havia uma tentativa permanente de me influenciar a aprovar
operações urbanísticas ilegais, o que obviamente eu não podia fazer. A lei não
permite, a minha consciência muito menos, e tinha obrigação de as denunciar.
Se esses nomes que
o pressionaram viessem para a praça pública ficaríamos chocados?
Sim, nalguns casos.
Há aí muita gente na política com um ar muito sisudo que não é sério. O Dr.
Oliveira Salazar passou uma mensagem à sociedade portuguesa de que para uma
pessoa ser séria e competente tem de ter um fato cinzento, uma gravata escura,
ser magra de preferência, e ter um certo ar de mal disposto. Do outro lado,
está o político bonacheirão e incompetente. Na primeira linha estão Cavaco
Silva, Manuela Ferreira Leite. Na segunda, Mário Soares, António Guterres.
Oliveira Salazar percebendo isso deu um ar de pessoa séria e que só tinha 40
contos no banco quando à volta dele era só gente a roubar.
Tem muitos
inimigos?
Tenho acumulado
muitos. Na classe política portuguesa, quando enfatizo alguns aspectos que até
são públicos, algumas pessoas telefonam-me indignadas. Explico-lhes que o meu
ponto de vista é claro, que se sentem ofendidos podem recorrer para os
tribunais, agora não peçam para eu calar aquilo que julgo que as pessoas querem
saber. Quando são menos bem educadas desligo-lhes o telefone. Tem acontecido
algumas vezes. E depois há um terceiro grupo de pessoas que são aquelas que são
ainda mais simpáticas comigo na esperança de que não venha a falar delas. Não
vale a pena.
Às vezes não se
sente uma espécie de Dom Quixote a lutar contra moinhos de vento?
Não estou sozinho.
Ainda assim, o combate à corrupção é uma maratona, não é uma corrida de 100
metros. É um caminho lento, em que os resultados só se começarão a fazer sentir
quando se sentir nas ruas uma forte censura social à corrupção. Quando
acontecer o que acontecia em Itália em que a máfia dominava a política. Aí eles
entravam em restaurantes e atiravam-lhes moedas de cêntimos. Nos últimos dez
anos, tivemos uma depreciação enorme nos indicadores internacionais de
transparência. Em 2000 ocupávamos o 23º lugar, em 2013 o 33º. No meu plano
pessoal fiz um contrato com a minha mulher: se daqui a quatro ou cinco anos não
houver uma verdadeira inflexão neste fenómeno eu é que me vou embora. Não tenho
resistência psicológica para ver o meu país a afundar-se, as pessoas pobres a
ficarem miseráveis, a classe média a desaparecer, toda a gente a viver mal e eu
a olhar. Não quero que os meus filhos e os netos que hei-de ter vivam num país
que está condenado a ser a Albânia da Europa Ocidental.
A corrupção é uma
causa da crise mas por outro lado não deixa as pessoas mais vulneráveis à
corrupção?
É verdade. Mas as
pessoas não devem ter remorsos de ter gasto acima das suas possibilidades -
isso representa apenas 15% da dívida privada. Devem sentir sim uma raiva
genuína pelo facto de o Estado ter andado a viver acima das nossas
possibilidades e uma série de grupos económicos a alimentar-se da manjedoura
que é o orçamento do Estado. E andaram-se a fazer negócios ao nível do
urbanismo e a atribuir lugares aos apaniguados do partido. Quem manda nisto
tudo? Os poderes económicos que mandam no sistema. Aqueles que não tendo o
poder na mão têm a mão no poder.
Há sectores mais
permeáveis à corrupção?
O sector financeiro
e os promotores imobiliários são os que beneficiam mais.
Há falta de
transparência na contratação pública dos grandes escritórios de advogados?
Há benefício a
algumas que depois montam a teia que mantém a corrupção. O código de
contratação pública foi feito pela sociedade Sérvulo Correia, que já facturou
em pareceres 8 milhões de euros para explicar o que eles próprios fizeram. Não
bastasse isso, depois ainda são estes que vão vender aos privados alçapões que
introduziram na própria lei. E ainda vão litigar para os tribunais com as leis
que fizeram.
E houve falta de
transparência nas privatizações deste governo?
A opacidade foi
absoluta. Uma das preocupações que manifestámos junto da troika foi justamente
no âmbito das privatizações: ou se faziam como na bolsa em leilão competitivo,
ou então o que tinha de acontecer era uma avaliação independente,
internacional. Não aconteceu nada disto. O governo decidiu de forma opaca os
processos de privatização. No caso da alienação de capital da EDP, foi nomeada
uma comissão constituída por Daniel Bessa e outros, só que era governamental.
Obviamente que a entidade que no parlamento devia fiscalizar é a comissão de
acompanhamento do programa da troika. Mas nessa, para avaliar o processo de
privatização da EDP, temos Miguel Frasquilho, que pertence ao Grupo Espírito
Santo e à sociedade que assessorou os chineses na compra da EDP; Adolfo
Mesquita Nunes, que pertence à sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão
Teles e Associados, que trabalhava para o governo nas questões da EDP e
trabalha para a EDP. Tem ainda um deputado chamado Pedro Pinto cuja actividade
profissional principal é ser consultor em duas empresas que dependem da EDP. Ou
seja, esta comissão é constituída por pessoas que dependem da EDP ou vão
assessorar os chineses na compra da EDP. Obviamente que também não é esta
comissão que vai fiscalizar o processo. Mesmo o conselho de prevenção da corrupção
apareceu a fiscalizar quando já estava concluído. Ou seja, veio fazer
fiscalização a posteriori, o que em termos semânticos é um pouco estranho. Qual
foi a transparência do processo? Nenhuma. Se foi sério não sei, mas
transparente não foi e foi tao pouco claro que ao fim de três meses já andava o
MP a investigá-lo.
Sempre que há um
mega processo em Portugal de fraude e branqueamento de capitais abre-se um
programa de repatriamento de capitais. Isto não é estar a perdoar crimes?
Isso é prática em
muitos países. O problema é que só fazem isso nas pequenas fugas. Façam nas
grandes. Defendo que se os donos da ex-SLN quiserem devolver 3 mil milhões de
euros ao Estado português devem ser amnistiados.
Como se explica que
um povo continue ao lado de um político condenado, como acontece em Oeiras?
Nos concelhos com
seis mil eleitores e em que 400 pessoas trabalham na câmara, a rede de
interesses e de favores é de tal ordem que se sobrepõe a uma votação livre e
democrática. Nos concelhos grandes o que acontece é que a corrupção instalou-se
de tal forma que os cidadãos já estão tão descrentes que a probabilidade de ter
um político corrupto é muito grande. Entre ter um político que não faz nada e
um corrupto que faz preferem um que faz. Os cartazes do Ademar de Barros quando
concorreu a governador do Estado de São Paulo diziam isso mesmo: Ademar de
Barros rouba mas faz. É um sinal da total deterioração da democracia.
1 comentário:
parece que os tribunais não funcionam, não existem peritos neste país que se possam chamar à barra do tribunal.
quero saber como combater a corrupção policial num caso de acidente em que o culpado é 1 policia
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