Rui Pedro Silva – Jornal i
Ida ao Mundial
continua em aberto após triunfo (1-0) em que selecção nacional fez pouco mais
do que os serviços mínimos
"É um jogo em
que temos a obrigação de jogar bem e de competir. Podemos chegar ao Brasil pelo
playoff e essa é a mensagem que temos passado nesta altura aos jogadores."
A lição de Paulo Bento está bem assimilada entre os jogadores e os primeiros
minutos contra a Rússia demonstram uma equipa cheia de vontade em recuperar o
espírito que tanto mostra em Junho, em anos de Mundiais e Europeus. Joga bem,
joga rápido, desequilibra e procura o golo.
Nani não joga mas
há Vieirinha. O extremo que anda pelo campeonato alemão já tinha dado boas
indicações contra o Azerbaijão e voltou a mostrar a Paulo Bento que está
preparado para agarrar um lugar. Fez a cabeça em água a Kombarov no lado
direito mas foi no flanco contrário, o de Ronaldo, que nasceu o golo de
Portugal. Miguel Veloso cumpriu o ritual antes de marcar um livre, partiu para
a bola, cruzou ao segundo poste e viu Hélder Postiga desviar contra Kombarov. A
bola embate no poste mas acaba no fundo da baliza.
Marcar aos nove
minutos tinha tudo para ser um motivo de inspiração. A Rússia tremia e só tinha
esboçado uma tentativa de remate pouco antes do golo, por intermédio de
Fayzulin. De resto, o dono do encontro era mesmo Portugal. Neto brilhava na
defesa, Miguel Veloso no meio-campo e Vieirinha nas alas. Esperava-se o segundo
golo mas o melhor que a selecção nacional conseguiu construir acabou com um
remate de Ronaldo por cima da barra (29').
Fabio Capello tinha
tudo para resmungar, dizer que a estratégia tinha saído furada. Não só estava a
perder como estava a ver a equipa a ficar arrasada por lesões: Fayzulin foi
substituído aos 21', Anyukov dez minutos depois. De uma forma ou de outra, o
líder do grupo de Portugal reagiu e começou a subir com mais perigo. Não havia
remates na direcção da baliza, mas o frio siberiano parecia arrepiar, e de que
maneira, a defesa portuguesa. Aos 36', a Luz quase gelou - Rui Patrício saiu
mal a um cruzamento e deixou a bola à mercê do ataque russo. Felizmente para
Portugal, o desvio de Glushakov após o cruzamento de Kombarov saiu ao lado do
poste.
Três minutos
depois, um momento polémico. Kerzhakov ganhou espaço na direita, cruzou
atrasado e viu a bola embater no braço direito de Fábio Coentrão. O lateral
estava dentro da área, a meio de um carrinho, mas é um tipo de lance que já deu
motivo para marcar penáltis no campeonato nacional e nos estrangeiros. Desta
vez, porém, o esloveno Damir Skomina deixou passar. A sorte parecia bafejar,
mas Portugal tremia por todos os lados e até Neto, que tinha começado o jogo de
forma exemplar, falhava um passe numa zona proibida. Valeu a dobra de Bruno
Alves.
A história da
segunda parte foi igual mas sem golo. Portugal entrou melhor, pareceu ter o
jogo controlado mas com o passar dos minutos começou a recuar e deixou a Rússia
acreditar. Mesmo sem mostrarem grande vontade, os russos foram aproveitando os
espaços para crescer e espreitar o golo. O primeiro remate na direcção da
baliza só chegou aos 60' (Kerzhakov para as mãos de Rui Patrício), mas o maior
susto apareceu já perto do fim, aos 84'. Shirokov surgiu com espaço dentro da
área mas o remate saiu fraco e à figura do guarda-redes português. O fado seria
o habitual mas desta vez a vitória não fugiu.
Portugal não forçou
mas somou os três pontos que eram obrigatórios antes do encontro. Apesar de
estar em segundo no grupo, a Rússia tem menos dois jogos e continua com o
caminho aberto para chegar ao Brasil-2014. Se continuar a jogar como ontem, a
selecção de Paulo Bento até poderá lá chegar mas em classe económica e com uma
escala algures na Europa. Por causa do playoff.
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