Para os portugueses
(já para não falar dos gregos!), ouvir o FMI dizer que, em 2010, aquando do
primeiro programa de ajustamento da Grécia, houve "falhanços notáveis"
na atuação da Comissão Europeia para, em seguida, ver que a resposta desta
acusa o FMI de "lavar as mãos e despejar a água suja" para cima dela
adquire uma gravidade especial.
Por mais que haja
certo recuo na sede em Washington, ao reconhecer que teria feito o mesmo que
Bruxelas fez na altura, com a informação disponível , o relevante, para todos
aqueles que nos países sob assistência financeira estão a sentir na pele os
efeitos muito duros de políticas de ajustamento gizadas pela troika, é que há
já apreciações contraditórias quanto ao caminho seguido na Europa, mal eclodiu
a crise das dívidas soberanas na Zona Euro.
E isso é
importante, quando, no caso de Portugal, estamos a meio de completar o 3.º ano
consecutivo de recessão, com uma crise social brutal a alastrar imparavelmente
pelo País, na onda de um desemprego como o País nunca viu anteriormente. Não é,
assim, de estranhar que os dois oradores designados pelos partidos da maioria,
Miguel Frasquilho (PSD) e João Almeida (CDS-PP), tenham centrado os ataques às
posições intransigentes da troika, exigindo mais tempo e melhores condições
para Portugal poder cumprir as obrigações quanto à dívida pública.
O que era, na boca
destes mesmos deputados, anátema há um ano passa a ser o discurso alinhado com
posições há muito defendidas por partidos da oposição (nomeadamente, pelo PS).
O seus grupos parlamentares bateram muitas palmas aos oradores em nome da
maioria, mas aprovaram disciplinadamente o OE Retificativo 2013.
No fundo, deixaram
um recado ao Governo: levantem a voz com a troika em setembro/outubro, antes de
nos darem a votar o OE 2014! "O esforço dos portugueses já foi ao
limite!", disse João Almeida e faz todo o sentido.
Liberdade e
segurança
A revelação pela
imprensa de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos leva a
cabo maciças escutas de telefonemas e vigia também os servidores da Internet
traz de novo a debate a fronteira entre os direitos individuais, essenciais à
liberdade que serve de base à democracia, e o interesse em garantir a segurança
da sociedade.
É um debate que se
tornou especialmente aceso depois dos atentados terroristas do 11 de Setembro,
não só nos Estados Unidos, mas também na Europa. E que está longe de resolvido
porque passa por muito mais do que o descalçar os sapatos nos aeroportos ou o
haver listas de passageiros de aviões previamente comunicadas entre países.
As opiniões
extremam-se entre aqueles que acham que o Big Brother chegou e os que acham
legítimo o Estado vigiar tudo e todos em nome da segurança coletiva. É claro
que tem de haver um ponto de equilíbrio e que só uma democracia sã pode
salvaguardar a liberdade dos seus cidadãos e garantir a segurança dos mesmos. E
se pensarmos que foi a imprensa americana que revelou agora as ações da NSA,
podemos confiar que os Estados Unidos saberão encontrar o justo meio. É o que
se exige a Barack Obama, um Presidente que encarna o sonho americano.
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