Denise Fernandes -
Económico
A Frente Comum de
Sindicatos da Administração Pública acusa os deputados de terem manifestado
comportamentos "pidescos".
A Frente Comum de
Sindicatos da Administração Pública enviou hoje uma carta à comissão
parlamentar de Orçamento e Finanças, onde acusa os deputados Jorge Paulo
Oliveira (PSD) e Artur Rêgo (CDS) de terem manifestado comportamentos
"pidescos" durante a audiência de ontem àquela federação sindical.
Segundo a Frente
Comum, os deputados questionaram a presença da estrutura sindical na comissão
parlamentar, por esta ter participado no protesto que ocorreu quinta-feira
passada nas galerias da Assembleia da República, durante a votação na
generalidade das propostas de lei que aumentam, o horário de trabalho da função
pública para as 40 horas e instituem o novo sistema de requalificação.
Ontem, no início da
comissão parlamentar que discutiu os mesmos diplomas, o deputado Jorge Paulo
Oliveira afirmou: "Quero repudiar a participação activa da Frente Comum
nessa ofensa ao Parlamento", referindo-se ao protesto ocorrido nas
galerias da Assembleia na quinta-feira. "Aproveito para denunciar e
revelar a nossa perplexidade por a Frente Comum se fazer representar nesta sala
por uma pessoa que ofendeu a democracia, o Parlamento e os portugueses",
acrescentou o deputado social-democrata.
Segundo a Frente
Comum, estas declarações foram apoiadas pelo deputado do CDS-PP, Artur Rêgo.
Na carta enviada à
comissão, a Frente Comum considera as declarações "deploráveis" e,
"mais grave", a federação conta que durante a reunião da comissão o
deputado do PSD fez circular uma fotografia ampliada dos participantes no
protesto de quinta-feira passada nas galerias, num comportamento que a Frente
Comum considera "pidesco".
Contactado pelo
Económico, o deputado Jorge Paulo Oliveira sublinha que mantém tudo o que
disse. "Não retiro uma palavra", diz.
Jorge Paulo
Oliveira diz que em causa "não está o direito à manifestação ou à
indignação", mas que, "no mínimo", a Frente Comum não devia ter
levado à comissão parlamentar "uma das pessoas que insultou os deputados,
os portugueses e o Parlamento" na passada quinta-feira.
A Assembleia da
República "tem regras de funcionamento e a Frente Comum violou essas
regras na quinta-feira, que podem constituir matéria criminal", diz.
Quanto à fotografia
que terá circulado pelos deputados da comissão, o deputado do PSD conta que
retirou as imagens do site da TVI e que os deputados da comissão depois
"quiseram ver".
"Quem ofendeu
a democracia foi a Frente Comum, nomeadamente através dos seus representantes",
conclui Jorge Paulo Oliveira.
Já o deputado Artur
Rêgo sublinha que não confunde "entidades com pessoas", explicando
que "é mentira" que tenha repudiado a participação da Frente Comum na
reunião da comissão parlamentar. O deputado contesta sim a presença "de
uma pessoa" da delegação da Frente Comum na comissão que, no dia do
protesto nas galerias, violou a lei do Parlamento.
"A Frente
Comum, por respeito ao Parlamento, não deveria ter trazido essa pessoa à
comissão", defende o deputado do CDS-PP. "Essa pessoa que integrava
ontem a delegação da Frente Comum violou a lei porque nas galerias não são
permitidos distúrbios e porque, mesmo depois da presidente da Assembleia ter
mandado evacuar as galerias, essa pessoa recusou-se a sair, resistindo às autoridades",
acrescenta Artur Rêgo.
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