sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Angola: UM EXERCÍCIO DE AMPLA DEMOCRACIA

 


Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião - 18 de Agosto, 2013
 
Lançado nos finais do mês passado e com o pontapé de saída dado no município de Cacuaco, o diálogo encetado com a juventude pelo Executivo prossegue a toda a dimensão do país.
 
O interesse público manifestado por esta iniciativa inédita do Executivo esteve desde logo patente no primeiro dia, com o salão escolhido para albergar o encontro completamente abarrotado de gente maioritariamente jovem, mas também com cidadãos de outras faixas etárias e de vários segmentos populacionais.

Uma iniciativa que está a revelar-se extremamente útil a vários níveis, a começar pelo próprio diálogo entre governantes e governados – pois não são apenas os jovens que afluem aos encontros - que está a decorrer de forma frontal, sem tabus e sem qualquer tipo de restrições na abordagem dos vários assuntos que preocupam de um modo geral a sociedade.

Não temos dúvidas de que se trata de um exercício profundo de democracia, pois esta não pode ser vista apenas como espaço de intervenção ditado pelas agendas das formações políticas ou resumido ao período de intensa actividade que precede e marca os períodos de eleições.

A discussão em formato aberto dos problemas do país confirma e cimenta a ideia sempre defendida pelo titular do poder Executivo – e por isso impõe-se sublinhar que ela não é nova – de que o diálogo é a melhor via para se resolver os problemas do país. Estamos recordados que no seu discurso sobre o Estado da Nação proferido em Outubro de 2011 no Parlamento, o Presidente de todos os angolanos tratou de incentivar que se aprimore o diálogo social no sentido de serem encontradas e aplicadas soluções consensuais, mostrando assim qual o verdadeiro caminho que deve ser seguido em democracia.

Ao avançar para a auscultação e diálogo com os jovens o Executivo enviou um sinal claro de total abertura para ouvir e constatar de modo directo qual o sentimento geral em relação ao que até agora tem feito em prol do país, sem receio inclusive de ser confrontado com as mais ásperas opiniões sobre o seu desempenho, sobre o conjunto de obras que tem vindo a realizar.

A qualidade das abordagens, das intervenções feitas pelos jovens é, de entre os vários aspectos a apontar, um dos que assumem particular relevo. As críticas feitas, acompanhadas de sugestões sobre como, em concreto, podem ser ultrapassadas as dificuldades apresentadas, são sinónimo da grande maturidade que a juventude angolana já ganhou. Muitos dos pontos de estrangulamento de vários programas elaborados e postos em marcha pelo Executivo ficaram a ser conhecidos. Mas as intervenções feitas não foram apenas no sentido de criticar. O reconhecimento dos benefícios já conseguidos com a realização de obras de vulto, sem as quais não poderíamos ouvir falar de Angola - e até mesmo receber elogios - como um país em acelerada transformação, também foi uma nota de realce. Os jovens têm sido críticos, mas também sensatos e a maturidade tem sido revelada pela objectividade nas intervenções.

São muitas e variadas as questões que o país ainda tem por resolver, com diferentes graus de complexidade algumas, mas outras nem tanto.

Temos a certeza da existência de problemas cuja solução pode ocorrer nos tempos mais imediatos, porque dependem apenas de acertos em termos de funcionamento, de maior clareza, de transparência e também de controlo por parte das instituições envolvidas, como temos conhecimento de que há questões que suscitam uma estratégia de execução a médio e longo prazo para que possamos considerar o assunto como estando a ser resolvido com sucesso.

No diálogo encetado os jovens e o Executivo têm vindo a abordar este aspecto importante do processo de aplicação das soluções resultantes do exaustivo levantamento de situações que os encontros de auscultação têm estado a permitir listar e que vão mesmo, nalguns casos, obrigar a ajustamentos do programa do Governo dirigido para a juventude, de modo a melhor satisfazer as necessidades dessa camada da população. Um primeiro balanço dos encontros de auscultação e diálogo com a juventude já nos autoriza a chegar à seguinte conclusão: está em curso um exercício de ampla democracia.

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